terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Bones, Primeira Temporada


Ossos do ofício

Nunca tantas vítimas foram mortas em séries de tevê e também nunca tantos crimes foram bem resolvidos.

Se as equipes forenses americanas - e de outros países avançados - forem tão competentes como as séries nos demonstram, é possível que em um futuro próximo nenhum criminoso possa sair ileso.

Em Bones, o principal diferencial são os ossos do ofício, com o perdão do trocadilho usado pela segunda vez. Na série, a Dra. Temperance Brennan é a chefe de uma equipe forense responsável por analisar ossos e, assim, ajudando o detetive do FBI Seeley Booth a solucionar crimes.

É impressionante o que a equipe de Bones - o nome da série vem do apelido da Dra - é capaz. Basta um pequeno pedaço de osso para determinar a causa da morte, doenças que a pessoa teve em vida e também o tempo ou o lugar em que ela esteve enterrada, apenas pela análise de insetos que deixam seus ratros no interior dos ossos. Tudo graças a equipamentos de última geração.

Não só a trama empolga, como a química entre Bones e Booth funciona muito bem. Bones é a deslocada rata de laboratório, alheia ao mundo e focada apenas em seu trabalho de analisar ossos, nada mais. Booth é o agente do FBI, com o passado no exércio, com piadas infames e irônicas com pinta de galã pop.

Embora o episódio piloto seja um pouco travado, envolvendo um político e um crime - imagino que a produção quis começar a série com uma história polêmica - a qualidade começa a fluir mais com o passar dos episódios até chegar a nível superior.

Também, como as boas séries da atualidade, as reviravoltas funcionam muito bem. Os dois episódios que fecham a primeira temporada além de aumentarem o contexto mitológico da série nos deixam com um belo gancho para a próxima temporada.



sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A Semana em filmes (15 a 21 de Janeiro)

O Assalto (dir. David Mamet)

Com um título mais que objetivo, O Assalto foi lançado anos atrás em uma época onde as produções de roubos e furtos estavam em alta. Muito glamour, muita montagem cênica, tremendas doses de exagero que cansaram um tempo depois.
Não é o caso desse filme de David Mamet. A começar pela abertura clássica da Warner, em preto e branco, sugerindo que o filme é mais voltado as películas clássicas de assalto. De fato, a intenção inicial do diretor era filmar toda a produção em preto e branco, mas por imposição da produtora, somente os créditos foram mantidos assim.
E justamente a idéia de um assalto mais clássico, sem exageros, apenas utilizando-se da competência de seus realizadores é que diferencia o filme.
Gene Hackman é um dos poucos atores das antigas que ainda mantém-se em bons papéis. Já que hoje, infelizmente, mesmo atores de alto calibre como De Niro e Pacino, estão oscilando demais em atuações ruins e filmes mal escolhidos.
Seguindo um bom ritmo até o fim, O Assalto é um dos pontos altos dessa época de roubos e furtos que predominou nos estúdios de Hollywood. Porém, sem glamour, sem onze homens. Apenas um assalto bem execuado e atuações apuradíssimas.
Mas, como também é de se esperar, o filme tem suas reviravoltas. Mas que são plausíveis levando em consideração a astúcia de algumas personagens.




Segundo em Comando (dir. Simon Fellows)

Não sei se ainda assisto aos filme de Van Damme por masoquismo ou por saber que, de certa forma, conseguirei deles algum riso involuntário. Que ele não é mais o mesmo, todo sabemos. Que ele nunca lutou de verdade, também sabemos. Mas em seus últimos filmes, nem o seu famoso balé belga marca presença.
Mesmo assim, em seus filmes ele continua sendo o melhor dos melhores. Nesse filme, sua cena de entrada demora quase um minuto em vários takes de costas, até aparecer seu rosto enquanto algumas falas intercaladas falavam, pouco antes, que ele era um dos melhores dos melhores.
Quem aluga seus últimos filmes para ver o que esperamos de um filme desses, pancadaria, esqueçam. Os poucos chutes dados pelo astro são tão mal filmados, e em camera lenta, que confirmam que o ator envelheceu e não é mais o mesmo.
Surpreendentemente, esse filme não é tão ruim quanto costumam ser suas últimas produções. A história é bem simples: Van Damme, o melhor dos melhores, é o único capaz de proteger o novo presidente de um país em guerra que pediu asilo na embaixada local dos Estados Unidos. E com um número limitado de militares ele fará o impossível para proteger o presidente. Pode parecer exagero, mas a trama chega a funcionar e não compromete o divertimento. Foi um dos poucos novos filmes de Van Damme que não esperava com alívio o fim, o que já é um pequeno ponto positivo para ser levado em consideração.




Mandando Bala (dir. Michael Davis)

Não há muito que dizer de Mandando Bala, que desde o título demonstra ser um filme de ação onde balas, balas e mais balas zuniram por todo o erendo non sense, pretexto para os tiroteios inusitados.
Mas evidentemente a trama e os tiroteios absurdos não tiram a qualidade da produção, é exatamente isso que a destaca. E acaba também por alfinetar as várias produções anuais que abusam da violência, transformando-a em papinha de neném. Ou alguém ainda tem apreço pelos filmes pasteurizados de ação com cenas grandiosamente impossíveis, cortes rápidos e câmeras lentas?
O elenco também é um caso a parte, perfeitos em seus papéis. Sou grande fã de Clive Owen, um grande ator mesmo parecendo sempre inexpressivo fisicamente é capaz de dar o timing perfeito as suas personagens, assim como com Paul Giamatti, que diferente de Owen, é todo expressivo. Além dos dois grandes atores, Monica Belucci enriquece a produção com sua beleza.




Ligeiramente Grávidos (dir. Judd Apatow)

Normalmente, fala-se mal dos filmes de comédia por sempre possuirem um final com um gancho feliz.
Mas na verdade me surpreende que a falta de compreensão do público de que, como toda história, é necessário um final. E, exceto os filmes de comédia pastelão, uma trama não se mantém com piadas e gags visuais.
Conseguindo mesclar tanto a comédia quanto a história sensível de uma gravidez, Ligeiramente Grávidos é uma boa comédia do diretor de O Virgem de 40 Anos, que também escreve o roteiro do filme.
O casal principal da trama estão perfeitos, mostrando na medida certa a ausência de entrosamento de um casal construído de uma noitada após bebidas, fazendo a narrativa fluir de forma natural. E isso é tão espantoso que nem percebemos a extensa metragem de um pouco mais de duas hora do filme, algo raro para o gênero.
O ponto negativo vai para a legenda brasileira do dvd, que não traduziu diversas referências cinematográficas mencionadas nas falas das personagens. Ou seja, se você não conhece tanto cinema ao ponto de saber o nome dos filmes em inglês, perderá algumas piadas.





O Cheiro do Ralo (dir. Heitor Dhalia)

Há filmes dificeis de se assistir, outros complicados de se explicar por sua emblemática narrativa. Gerando, assim, um texto complicado de se escrever.
O Cheiro do Ralo é um filme excelente. Baseado em um romance que já encomendei para conhecer a obra do autor. Tem um Selton Mello incrível, em um dos melhores papéis da carreira como um homem insensível e deslocado obssecado por uma bunda e o cheiro de merda que vem do ralo de seu banheiro no local de trabalho.
Esse pequeno universo de loucuras poderia ser mal executado se caísse em mãos erradas, mas nas mãos de Heitor Dhalia todo o absurdo do enredo torno-se brilhante.
Enumerar o mais bizarro da produção seria dificil. Mas me chamou a atenção a parcialidade em que o papel de Selton Mello compra os objetos usados, dando qualquer quantia por qualquer porcaria e também, como é destacado na capa, o olho de vidro que já viu de tudo, de acordo com a trama.





Os Donos da Noite (dir. James Gray)

Algumas produções tentam se destacar tendo uma boa direção, uma fotografia compatível com sua trama, um elenco convidativo, mas mesmo assim permanecem na média como um bom filme, apenas.
Com uma produção apenas correta, a história de Os Donos da Noite é a conhecida história de lados opostos, aqui dois irmãos: um deles trabalhando ao lado do pai na polícia e outro em uma boate, lugar preferido de alguns traficantes.
Como toda guerra sempre cobra seu preço, o papel de Mark Wahlberg sofre um atentado investigando um dos traficantes que frequentam a boate do irmão que fica bem abalado com o acontece. E assim, ao lado do pai, partem para uma vendeta contra o acontecido e tentam derrubar não só o traficante, quanto como toda a rede de corrupção.
Há uma cena belíssima de uma perseguição de carros na chuva, que termina em um final trágico. O filme pode não ser um filme policial excepcional, mas mesmo apenas correto ainda algumas cenas se destacam.




Monty Python´s Em Busca do Calice Sagrado (dir. Terry Gilliam e Terry Jones)

O grupo Monty Python são a prova viva de que estupidez e genialidade não tem limite. O humor do grupo britânico surge das coisas mais improváveis, beirando muitas vezes o non sense e o ridículo e não tem vergonha disso.
O timming cômico dos atores, bem como as situações inovadoras fazem com que eles recebam - com razão - a alcunha de gênios do humor.
Nessa produção eles viram do avesso a história do Cálice Sagrado, em situações e cenas de rolar de rir, às vezes pelas tacadas geniais e as vezes pela impossível estupidez da cena. Disparando todo o tipo de humor sem dar fôlego para o espectador respirar.
Um marco na maneira de fazer humor, hoje tudo que se faça rir, tenham certeza, traz um pouco de inspiração desse grupo infinitamente criativo.



Cidade Sombria (dir. Desi Scarpone)

Filmado para a televisão - embora eu não imagine qual canal teria coragem de passar tal pérola - produzido em 2003, esse filme vampiresco, se é que podemos alcunhá-lo de filme, já está catalogado como um dos piores filmes já vistos por mim. Sem contar que denigre ainda mais a imagem de vampiros nas telas, onde mal ganham bons filmes.
A trama é inexistente. Tudo começa com um policial investigando um armazém as escuras até ser mordido por um vampiro, em uma daquelas cenas rápidas cheias de barulhinhos. Então, ele sai mordendo o povo da cidade até infectar todos. Fim.
A produção consegue ser são tosca, que os dentes dos vampiros parecem aqueles que usamos quando criança. Dando a impressão de que os atores estão com a boca inchada, por conta da dentadura mal feita.
A trama consegue ainda misturar uma história de rixa entre gangues, que consegue fazer o filme chafurdar na lama. Tão ruim, que nem cotação merece. Fujam desse.





Extermínio 2 (dir. Juan Carlos Fresnadillo)

Extermínio 2 deve ser considerado como uma aberração. É raro ver no cinema uma continuação improvável, com um diretor diferente do projeto original mas que, mesmo assim, mantém a qualidade do primeiro filme e ainda é capaz de mostrar um conceito diferente daquele mostrado na primeira história.
Indo contra as marés de continuações iguais, que reciclam a história do primeiro variando alguns elementos, o início dessa produção é bem diferente, começando com um inicio feliz. O contágio do vírus foi controlado, há dias de silêncio e paz e a Grã Bretanha tenta uma recolonização. Mas por alguns pequenos detalhes algo da errado e um efeito dominó se inicia começando o contágio novamente.
Filmes que se utilizam de situações limite, quando bem trabalhados, geram ótimas produçõess. Como essa, Eu Sou a Lenda e até mesmo O Dia Depois de Amanhã.
Sempre quando possível, como gosto de destacar boas cenas do filme, a sequência realizada no escuro, tendo apenas como lente a mira de um rifle sensível a escuridão é muito bem feita e claustrofóbica na medida certa.




O Curioso Caso de Benjamin Button (dir. David Fincher)

É incrível encontrar um diretor como David Fincher. Com uma carreira ainda tão curta porém excepcional. Diretor apenas de sete filmes, Fincher começou dirigindo o terceiro filme da saga Alien, que considero um bom filme de ação. Prosseguiu com a obra prima Se7en - Os Sete Pecados Capitais, obrigatório para qualquer fã de cinema. Com Michael Douglas e Sean Penn dirigiu Vidas em Jogo, um thriller sem grandes pretensões. Retoma a parceria com Brad Pitt com outro filme memorável e visceral chamado Clube da Luta. Dirige a sumida Jodie Foster no filme mais inexpressível de sua carreira, O Quarto do Pânico e em seguida passa tempo longe das telas, retornando com Zodíaco, a história do serial killer, um dos melhores filmes de 2006. E novamente com Pitt, no filme que desde já tem cara de Oscar, O Curioso Caso de Benjamin Button.
Baseado em uma história curta de F. Scott Fitzgerald - que será relançada no Brasil mês que vem - o longa narra a curiosa história de um menino que nasceu velho e rejuvenesce a medida que cresce. Esse incrível argumento é muito bem realizado pelo diretor, que não deixa a história desandar apesar da longa metragem do filme. Pontuando muito bem os dois espaços temporais em que se passam a narrativa.
Não se preocupando apenas na trama principal, o universo do filme é repleto de personagens fascinantes, como o velho que foi eletrocutado sete vezes por raios, e uma série de outros personagens que passam bela vida de Button.
A maquiagem do filme também é um caso a parte. Fiel a realidade envelhecendo Brad Pitt e Cate Blanchett, é bem provável que ganhe o Oscar de melhor maquiagem, um dos 13 em que o filme concorre.
Mais uma vez, Fincher nos entrega uma boa produção. Sensível e fabulosa na medida certa.



Monty Python ao vivo no Hollywood Bowl (dir. Terry Hughes)

Após rever o ótimo Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, fiquei curioso para assistir a esse espetáculo da trupe britânica lançado recentemente em dvd no Brasil.
Embora em sua contracapa conste uma remasterização digital de primeira na imagem, ela continua sendo precária e além da apresentação, o dvd não possui mais nada.
Mas baixa qualidade técnica de lado, a apresentação dos Pythons é um primor. Misturando números musicais, esquetes inéditas e esquetes consagradas pelo seu programa de televisão, o show consegue ser engraçado a maior parte do tempo.
Claro que, mesmo sendo gênios do humor, é impossível manter o riso em quase uma hora e meia de espetáculo. Alguns números são mais críticos e irônicos, outros se mantêm pela piada explosiva no final e alguns são de rir do começo ao fim.
É impressionante como eles são capazes de pegar idéias estranhas e desconcertantes e construir boas pérolas de humor, com um timing sempre impecável.
Embora seja um tanto quanto ridículo, vale relembrar a frase dita quase todo domingo pelo apresentador Fausto Silva: quem sabe, faz ao vivo. E o grupo Monty Python prova mais uma vez que são poderosos e engraçadíssimos em qualquer lugar.





Crime Delicado (dir. Beto Brant)

Adaptações de livros sempre me intrigaram. Questiono sempre se o resultado de um filme estranho é resultado de um livro também assim ou se o livro possui uma narrativa melhor.
Fiquei intrigado para ler Crime Delicado de Sérgio Sant´Anna justamente para desvendar esse motivo. Se seu livro é um misto sem sentido de trama policial com existencialismo ou o filme conseguiu estragar um bom livro.
Confesso que nunca procuro críticas antes de escrever a minha, mas li comentários bons e ruins sobre o filme. Os bons falavam de relações entre o filme e a decadência da arte e os significados das entrelinhas do roteiro. Já os ruins diziam que o filme era uma verdadeira merda.
Não consegui compreender Crime Delicado e nem quero. A trama não parece fluir. Temos um Marco Ricca crítico de teatro que fica obcecado por uma moça sem uma perna que é preferência de um artista plástico, e nisso se resume a trama.
Não me sinto confortável com a espécie de filme experimental - como disse o crítico elogiando o filme - que deixa mensagens em entre linhas. Uma narrativa tem de ser capaz de mostra a que veio em sua narrativa, em seu jogo de imagens, não deixar para o espectador uma filosofia abstrata e pseudo intelectual que só agradará aqueles críticos patéticos - que extraíram maravilhas em suas críticas -ou os cinéfilos que apreciam o famoso cinema-arte.
Porém, para tirar qualquer dúvida, anotei na lista de livros para ler Crime Delicado.