quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Putz Grill... com Oscar Filho

Apresentado no Teatro Municipal “Celina Lourdes Alves Neves” no dia 16 de janeiro de 2009 em Bauru, São Paulo.

Chega a impressionar que a nova vida inteligente na televisão tenha vindo do humor. Um gênero sempre considerado menor que outros gêneros populares e repleto de preconceito por aqueles que não o conhecem.
Mas a internet, aos poucos, muda a faceta disso. Cada vez mais vemos surgir no mundo virtual, humoristas interessantes com boas piadas, para descobrir depois que eles já possuem uma carreira que agora se torna mais sólida graças ao público que, a longa distância, pode também assistir seus shows e apresentações.
Some a esses humoristas espalhados pelo Brasil, a estréia do espetacular humorístico Custe o Que Custar, o famoso CQC, e compreenda que o momento de rir é hoje, e agora.
Vindo diretamente da trupe do CQC e um dos fundadores do Clube da Comédia Stand´Up, Oscar Filho é um humorista incrível. Seguindo a risca o conceito do stand´up, um palco sem cenário, apenas um banco, um pedestal para o microfone e um eventual copo d´agua, Oscar encara o publico de frente, de cara limpa para destilar seu veneno contra tudo aquilo que o irrita ou o lhe é engraçado para que o público morra de rir em suas cadeiras.
O nome da apresentação, Putzgrill..., deriva-se de uma afirmação do próprio comediante, ao dizer que nunca definimos o gênero da palavra, sempre deixando no ar sua parte final. Com fatos do cotidiano, cenários sobre a política, comentários sobre ex-namoradas, olimpíadas e até mesmo a maquiagem do herói Batman, seu humor rápido possui um time perfeito, apoiado também no humor corporal presente em algumas das cenas do espetáculo.
Se as reportagens de Oscar Filho para o semanal CQC costumam ser engraçadas, no palco ele é exemplar. É uma pena que no interior de São Paulo, poucos espetáculos de comédia stand´up cheguem para o público. Mas dessa vez, por coincidência, talvez pelo cosmos - como diria o próprio Oscar em seu monólogo de abertura - tivemos sorte.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Semana em filmes (15 a 21 de Fevereiro)

Se Eu Fosse Você (dir. Daniel Filho)

Não é a história que surpreende em Se Eu Fosse Você. A troca de corpos em filmes de comédia não é assunto tão raro e já gerou bons filmes do gênero.
O fator inédito é que um filme desse tenha sido produzido no Brasil, com Glória Pires e Tony Ramos nos papéis principais, garantindo a boa performance nas atuações.
Porém, como todo filme de Daniel Filho, tem lá suas imperfeições. Ainda, infelizmente, é notável o desejo em ser americano no roteiro. Quando tudo está ocorrendo bem, as personagens soltam falas sobre viagens a Aspen, estudos na Europa, diálogos que não funcionam aqui e são, obviamente, importados de filmes americanos.
Mas a idéia da troca de casal funcionou de forma tão perfeita que o filme gerou uma continuação que estourou nas bilheterias e ainda está em cartaz e parece que já há indícios de que uma terceira parte esta a caminho.
É bom saber que filmes-pipoca também podem ser produzidos por aqui. Tirando um pouco a atenção dos cineastas por essa fixação em mostrar as desgraças e mazelas do país.




Os Desafinados (dir. Walter Lima Jr.)

Tentando realizar uma homenagem aos anos da Bossa Nova, Os Desafinados conta a história de um grupo fictício que embarca para Nova York, ao lado de um amigo cineasta, em busca do sucesso nas terras gringas.
Estrelado por um grande elenco, é uma pena confirmar que o filme não decola em momento algum. Sua duração é longa demais, seu enredo se subdivide em diversos dramas fazendo com que um bom filme sobre um grupo musical se torne uma desarranjada desarmonia.
Embora seja válida a procura brasileira em se produzir filmes com temáticas diversas, é uma pena quando algumas idéias - a maioria delas - são mal executadas, o que torna a produção um grande desperdício quando temos na tela dois ótimos atores de sua geração, Selton Mello e Rodrigo Santoro.
Faltou mesmo um pouco mais de ritmo e afinação para a trama.





Encarnação do Demônio (dir. José Mojica Marins)

Nem todos teriam a paciência que José Mojica Marins teve ao esperar quarenta anos para terminar sua história sobre sua criação máxima, o coveiro Zé do Caixão.
Era quase inacreditável quando notícias confirmavam que a produção tinha engrenado e que em breve um trailer seria divulgado. A espera, finalmente, valeria a pena. E sem sombra de dúvida Mojica nos trouxe um final espetacular para sua saga.
Quarenta anos depois de encarcerado, Zé do Caixão está solto, de volta as ruas. Anacrônico com os tempos atuais, nitidamente desolado com os rumos da sociedade, mas ainda obcecado em criar seu filho perfeito, para manter a continuidade de seu sangue.
E para encontrar a mulher superior, é necessário que ela não tenha medo. Um óbvio pretexto para Mojica apresentar o que sabe de melhor, engenhosas cenas de terror que considero muito mais macabras do que as de filmes americanos. Chega a impressionar o terror elevado de Mojica em cena.
Mostrando que esse hiato de quarenta anos não destruiu sua criatividade - muito menos sua maneira de produzir filmes - Encarnação do Demônio fecha da melhor maneira possível a saga de uma personagem icônica do Brasil.
O filme também possui grandes estrelas do cinema brasileiro, todas a favor de Mojica para que ele pudesse, finalmente, terminar de contar sua incrível história.





Última Parada 174 (dir. Bruno Barreto)

Bruno Barreto e Bráulio Mantovani, respectivamente diretor e roteirista de Última Parada 174, não entenderam a história do garoto Sandro, que terminou em um final trágico a bordo do ônibus 174 no Rio de Janeiro.
Ao espectador que assistiu ao espetacular documentário de José Padilha, focado na mesma história, Ônibus 174, tem-se a impressão de que a produção do filme não só transformou a história em uma narrativa superficial como, para manter a dramaticidade, mudou diversos fatos da própria vida do garoto.
Talvez o documentário seja tão denso que a comparação com filme seja até desleal. Mas é impossível não notar que no filme as personagens chegam quase a ficar caricatas, apenas dizendo palavrões e gírias populares quase o tempo todo, sem que sua narrativa explique o porque das ações que motivaram as personagens a tomarem rumos definitivos em suas vidas.
Além da idéia equivocada de contar a história de Sandro desde seu nascimento, fazendo com que a cena final, no ônibus, seja, não só curta, como sem impacto e completamente empalidecida.
Ao contrario do documentário de Padilha, onde compreendemos todo o drama vivido pelo garoto, Última Parada 174 não desperta nenhum tipo de emoção.
Talvez, palpite apenas, se o filme focasse sua ação apenas no ônibus, reproduzindo o que aconteceu naquelas horas agonizantes, geraria não só mais impacto como maior aproximação do público. Porém, do jeito que ficou, o filme é apenas mais um daqueles que escancaram a pobreza do Brasil de forma equivocada. Honestamente, prefiram o excelente documentário de José Padilha.




Força Policial (dir. Gavin O´Connor)

Alguns filmes policiais caem tão perfeitamente no senso comum que sua sinopse poderia muito bem ser um daqueles jogos de preencher lacunas, onde apenas adivinharíamos o nome das personagens.
Afinal, aonde já não vimos policias corruptos que cometem um crime até que um policial desligado da força volta à ativa para investigar o ocorrido e descobre que a sujeira é tão grande que chega, até mesmo, em seus familiares. Pois em um filme policial, sempre a família está envolvida e também trabalham para um esquadrão policial.
Do mesmo roteirista de Narc, Força Policial não possui nenhum atrativo especial. Nem mesmo a sempre competente participação de Edward Norton fazendo o papel do policial do bem, com sua voz baixa e arrastada e um passado traumático que quer esquecer, ajuda.
Embora seja notável uma melhora nos trinta minutos finais do filme, não seria esse final que salvaria uma trama sem graça.
É questionável quando um filme com dois atores famosos, como Norton e Collin Farrell, já está, até mesmo, lançando em dvd nos Estados Unidos e aqui ainda seja aguardado sua estréia no cinema. Definitivamente, um sinal de que algo está errado.




Amigos, Amigos, Mulheres a Parte (dir. Howard Deutch)

A profissão de Tank (Dave Cook) se assemelha com a de Will Smith no filme Hitch - Conselheiro amoroso mas de maneira oposta. Enquanto no filme de Smith, sua personagem dava conselhos para melhorar o relacionamento de um casal ou realizar a conquista de alguém, nesse filme, Tank é contratado por ex-namorados magoados, que ainda querem seu amor de volta, para dar o pior encontro da vida de suas ex-namoradas e assim fazê-las, por comparação, a repensar que não deviam ter deixado o bom e gentil homem dispensado de suas vidas.
Esse personagem bruto e interessante é o único frescor que Amigos, Amigos, Mulheres à Parte pode nos apresentar. Na trama, o casal interpretado por Jason Biggs e Kate Hudson se separam - pois a mocinha não se sente pronta para o compromisso, e Biggs, desesperado, contrata os serviços de homem rude do amigo Tank, que acaba se apaixonando pela mulher do melhor amigo.
É uma pena que uma boa atriz como Kate Hudson tenha se entregado, há muito tempo, as comédias românticas descartáveis. Repetindo sempre o mesmo papel após uma maravilhosa atuação no filme Quase Famosos de Cameron Crowe.
O ator Jason Biggs, para variar, além de aparecer pouco na trama, repete, também, o papel do homem bobão e inseguro de si que tenta fazer o melhor que pode, mas não consegue direito nem ser a si mesmo.
Em palavras tão rudes como a personagem de Tank, o filme é descartável e desnecessário.




O Vizinho (dir. Nei Labute)

O ator Samuel L. Jackson é um dos ícones que representam os atores bacanas de Hollywood. Possuidor de um grande carisma – e de uma expressão sempre irritada – suas produções alcançam o primeiro lugar na estréias nos Estados Unidos, permanecem na lista dos filmes mais vistos, pouco importando se o filme é uma boa produção.
Revisando a carreira de Jackson, contam-se nas mãos o filmes excepcionais estrelados pelo ator. Mas sua figura icônica é sempre lembrada pela fala característica, a ótima presença de cena mas que, infelizmente, concede seu tempo a diversos filmes duvidosos.
Em mais uma dessas produções, em O Vizinho, Jackson interpreta um policial preconceituoso com o novo casal que acaba de se mudar para seu condomínio. Começando a criar uma verdadeira guerra particular para que o casal sinta-se incomodado e mude-se do local.
A história mergulhada na bobagem do senso comum, com uma narrativa ruim, faz com que o filme não vá a lugar nenhum. Some a isso a direção de Neil Labute, responsável também pelo horrível Sacrifício de 2006, que temos mais uma ótima produção de Samuel L. Jackson que deve ser esquecida até que o mesmo estrele outro filme.




Segredos do Poder (dir. Mike Nichols)

O senador de cabelos grisalhos, bonachão e mulherengo interpretado por John Travolta não é mera coincidência. Baseado em um livro escrito anonimamente, Segredos do Poder relata os bastidores da campanha desse senador, que nada se assemelha ao ex-presidente Bill Clinton, rumo à Casa Branca.
Dirigido pelo excepcional Mike Nichols, e ainda indicado ao Oscar em duas categorias – pela atuação de Kathy Bates e melhor roteiro adaptado – a produção é um competente filme sobre política e os diversos meios escusos que estão ao redor dela.
Na produção, acompanhamos todo o jogo que envolve eleger um presidente, desde os elementos mais comuns, como visitas em escolas, como os mais perigosos. Esconder a verdade para que o candidato saia-se bem nas pesquisas e não saia no jornal devido a escândalos. Mais uma prova evidente de que esse ótimo filme de ficção passou bem perto da realidade.





Diário Dos Mortos (dir. George Romero)

O universo zumbi, com mortos-vivos urrando, caminhando lentamente a procura de carne humana, geram boas produção. O tema inesgotável, construindo uma alegoria dos tempos atuais, em que boa parte da sociedade é, na verdade, um subproduto descartável e não pensante, não só é visualmente aterrorizador como abre espaço para reflexões.
Visualmente narrado em primeira pessoa, com as personagens filmando e produzindo um documentário em tempo real, Diário dos Mortos conta o outro lado da mesma história. O relado daqueles que tentam desesperadamente sobreviver aos ataques da crescente população de zumbis.
O destaque curioso nesta produção é que assistimos um filme dentro de um filme. Logo no inicio, em uma narração em off, somos avisados de que os acontecimentos foram filmados, editados e efeitos e som especiais foram inseridos para causar medo ao telespectador. Portanto o que se encontra não é um relato cru da verdade, como visto em Cloverfield, mas um documentário diário autêntico editado por uma das personagens do próprio filme.
Algumas críticas apontaram o novo filme de Romero como um filme menor em relação aos outros de sua saga de mortos vivos. Relevante essa informação ou não, Diário dos Mortos continua sendo um excelente filme, melhor que alguns filmes do gênero e um George Romero autêntico. Repleto de cinismo, com uma linha de pensamento por trás da narrativa e o pessimismo já característico do lendário diretor.





Na Mira do Chefe (dir. Martin McDonagh)

Me expliquem a frase do cartaz nacional do filme, dizendo que Na Mira do Chefe é "uma comédia de matar, engraçada e muito original", pois, como algumas piadas, não consegui tirar nenhum riso dessa produção.
O que me leva a acreditar que a busca de motivos para dar atenção a filmes filmados fora dos Estados Unidos é tanta, que os holofotes acabam por iluminar filmes que não precisam de tanto destaque assim.
Muitos críticos gostaram de Na Mira do Chefe. Mas, confesso, não vi nada demais na história de dois assassinos que após um serviço vão para a pequena e tediosa cidade de Bruges, na Bélgica, para aguardarem novas ordens do chefe. Na falta do que fazer, as personagens trocam bons diálogos verborrágicos, nada além.
Mas o elenco merece destaque neste filme, principalmente Collin Farell que há muito amargava péssimas atuações e, finalmente, entrega um bom personagem, que concorreu e venceu ao Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia ou Musical – ainda que o comédia indicado seja duvidoso.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

E.R. - Plantão Médico, Oitava Temporada

Nem sempre todas as vidas podem ser salvas.


Mantendo com grande competência e qualidade a linha temporal da série, a oitava temporada E.R. - Plantão Médico é uma das melhores e mais coesas até agora.
O roteiro formulado com precisão, enfocando com mais destaque os dramas pessoais das personagens que trabalham no pronto socorro, mas também mostrando o efeito do trabalho diário sobre os mesmos, foi feito com grande cuidado e delicadeza, mantendo ainda grande movimentação no universo particular da série.
É notável que nessa temporada os produtores optaram por dar um maior enfoque a alguns personagens das antigas, como John Carter, Peter Benton e Mark Green. São as histórias deles que mais se aprofundam e mais tocam o espectador, sem contar, também, na volta da atriz Sherry Stringfield interpretando a sempre sorridente e competente Dr. Susan Lewis.
Esse enfoque evidente nas personagens antigas e a volta de uma atriz do elenco original motivam-se pelo fato de que não só um, como três personagens da série, saem de cena nesta temporada. Assim, nada mais natural do que aproximar o espectador do drama dessas personagens. Seja por aqueles que irão sair ou por aqueles que irão ficar, gerando mais simpatia por eles e apresentando maior evolução em sua narrativa.
O desfecho dessa temporada, bem como a despedida de dois grandes personagens da série, foram produzidos a altura de seus feitos dentro do Plantão Médico. São saídas que deixam saudade mas que merecem aplausos pela incrível pompa com que saíram. Mais espetacular impossível.
A perda lastimável dessas personagens será sentida pelo público, dando um novo desafio a sempre afiada produção de E.R., que já nos últimos episódios aponta indicios de alguns rumos que irão tomar.
Intensa é a melhor palavra que define essa temporada incrível, considerada por mim a melhor de toda a série até agora. Repleta de drama, casos complicados, brigas internas e tudo aquilo que faz de E.R. - Plantão Médico uma das séries mais assistidas até hoje.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Semana em filmes (08 a 14 de Fevereiro)

Viagem Maldita (dir. Alexandre Aja)

Refilmagem de um clássico com o mesmo título do diretor Wes Craven, Viagem Maldita é meu tipo de terror predileto. Um ambiente escuso e isolado, uma família que não faz idéia de que caminho seguir na estrada e algo, ou alguma coisa não identificada, para impedir a família feliz de chegar ao seu destino.
A diferença dessa produção para as outras é que há uma explicação plausível para as personagens que aparecem no decorrer do filme. As aberrações são mutações de um povo que vive no solo onde os Estados Unidos testam suas bombas atômicas.
Com o intuito de manter a referência a obra original, o título brasileiro comete novamente o mesmo erro e perde um poético título original: The Hill Have Eyes ou Os Olhos da Colina.
A produção também gera um curioso contraponto na carreira do diretor Alexandre Aja, que se dá muito bem ao dirigir essa regravação, mantendo um bom clima de tensão na trama mas escorrega feio no que seria seu filme seguinte, Espelhos do Mal, também uma regravação.
Talvez o material bruto de Craven seja mais forte para gerar bons frutos do que a história dos espelhos assassinos, mas fica ainda a pergunta se o próximo filme de Aja também será, de novo, outro reprise regravado.





O Retorno Dos Malditos (dir. Martin Weisz)

No filme que trouxe da tumba o gênero de terror, Pânico, dirigido também por Wes Craven, há um curioso meta-personagem chamado Randy Meeks. Randy é o contraponto humorístico da produção e aficionado pelos filmes de terror, passando todo o tempo postulando teorias sobre os mesmos.
Utilizando algumas dessas postulações da personagem, podemos afirmar que O Retorno dos Malditos – assistido imediatamente após Viagem Maldita – é, como toda, ou a maioria, continuação do gênero, inferior ao seu original, com mortes mais violentas e uma trama que aparenta ser mais elaborada quando, na verdade, recicla os mesmos elementos do primeiro.
Novamente somos apresentados a mesma situação limite, mas com o avanço de dois anos no tempo da trama. Agora o exército reconhece que há a presença de seres violentos nas colinas e, por isso, começa a supervisiona-las. Mas isso não será o bastante para os seres bizarros que estão de volta, muito mais organizados e mais forte do que nunca.
Mesmo o roteiro feito pelas mãos de Craven não tiram a sensação de deja vu. O diretor que na década de noventa brincava com o gênero de terror sem sua trilogia Pânico, produz um filme repleto de clichês que tiram o brilho de uma boa trama que daria uma continuação interessante. Com esse pensamento a parte, O Retorno dos Malditos ainda se mantém pelo clima tenso presente também no original.
Vale destacar também, como sempre gosto, a incompreensível tradução do título brasileiro. No original, o filme chama-se The Hill Have Eyes 2, um título óbvio para uma continuação. Porém, aqui, criou-se um erro interpretativo em ambos os filmes. No primeiro a viagem é considerada maldita, já no segundo, o maldito do título refere-se aos próprios seres que habitam a colina. O que me faz questionar, o que há de errado em manter o erro original e apenas denominar o filme como Viagem Maldita 2? Um redobro de atenção aos tradutores da Fox, ou dos responsáveis pelos títulos dos filmes da distribuidora no Brasil, seria de bom grado.




Valente (dir. Neil Jordan)

Neil Jordan é um daqueles diretores bissextos, por sempre apresentar filmes com um grande espaçamento de tempo. De fato, muitos diretores optam por uma pausa maior entre um trabalho e outro para se dedicar mais profundamente a execução de seus filmes e também, após a conclusão, a férias prolongadas.
Se o diretor não produz um longa excepcional como alguns diretores que a cada cinco anos lançam uma pérola no meio da indústria, ao menos seus filmes são acima da média.
Em Valente, conhecemos a historia da radialista Erica Bain – a sumida Jodie Foster - que, prestes a se casar, é atacada no Central Park ao lado do noivo e, com a morte dele, vê sua vida completamente mudada.
O drama estuda o peso da violência no ser humano, mostrando a fragilidade e o quão ferido eles ficam quando sofrem as suas marcas, transformando pessoas pacatas em humanos desnorteados e traumatizados. Causando um efeito impossível de ser mudado em sua personalidade, fazendo com que, aos poucos, a única segurança da personagem é quando ela compra uma arma e começa a fazer sua justiça, com as próprias mãos.
A direção peca um pouco em algumas cenas ao retratar a cidade. Jordan optou por, muitas vezes, deixar a câmera oscilante, o que me lembrou muito o filme Irreversível, que confesso não gostar nenhum pouco.
A produção não fez muito alarde, mas mesmo sendo um filme não muito popular merece ser visto e discutido. Porém, tratando-se de estudos sobre a violência, Valente não supera os dois incríveis filmes de David Cronenberg, Marcas da Violência e Senhores do Crime, mais viscerais, e definitivos, que este filme.




Ponto de Vista (dir. Pete Travis)

Partindo de uma premissa curiosa, valendo-se do conceito que temos hoje do mundo globalizado, Ponto de Vista, como já anuncia o título, se apresenta como um filme de ação múltiplo.
Narrando a mesma história de diversos pontos de vista, a produção cria um mosaico que, aos poucos, vai se preenchendo e revelando os pormenores da trama. Cada ponto de vista parcial da história é apresentado, depois rebobinado até o marco zero onde vemos outra visão do mesmo acontecimento, o que mantém muito bem a narrativa.
Logicamente que o recurso da simultaneidade não é tão novo assim e, recentemente, vem sendo incorporado em algumas produções ou, até mesmo, servindo de estrutura para os acontecimentos, vide 24 Horas.
Algumas repetições além disso podem tornar os comentários sobre filmes de ação um tanto quanto iguais. Porém, alguns filmes não pedem mais do que isso: duas horas de ação descerebrada em frente a tevê.




Zodíaco (dir. David Fincher)

David Fincher demorou para finalizar Zodíaco. Brigou pelos minutos exatos da produção para que ela não perdesse sua narrativa e após cinco anos trabalhando no filme se sentiu satisfeito para lança-lo.
Baseado na história real da caçada do serial killer mais famoso dos Estados Unidos, o filme segue a trajetória do livro do autor Robert Graysmith, um cartunista de um jornal de São Francisco que se tornaria especialista no misterioso assassino serial.
O caso do assassino Zodíaco é tão longo, denso, confuso e complexo que a longa duração do filme e sua narrativa lenta é facilmente explicável. É necessário apresentar ao público os fatos lentamente, para que ele acompanhe todas as possíveis conclusões e deduções que ocorrem durante os vários anos de investigação do caso e também possa, no final da trama, tirar as suas conclusões.
Fincher mais uma vez nos entrega um filme excelente que, se não chega a ser uma obra prima, como Se7en ou Clube da Luta, é uma excelente produção e um dos melhores filmes do ano de 2007.





Star Wars - The Clone Wars (dir. Jon Cassar)

O tio preferido dos nerds, George Lucas, é um homem inteligente e quando se aposentar, se isso ocorrer um dia, terá na poupança uma quantia bem gorda oriunda de sua maior e única criação: Star Wars.
Quem pensa que o gênio por trás da saga é apenas um homem que quer dinheiro, e assim procura expandir seu universo intergaláctico em jogos, gibis, lancheiras para crianças, precisa primeiro ver sua nova produção antes de tirar conclusões precipitadas.
Situado entre os episódios II e III, dando continuidade ao desenho Guerras Clônicas, o filme Star Wars: The Clone Wars – sem tradução para o português, evitando, assim, confusão com o desenho – é um bom exemplar do universo em expansão da saga.
Embora a trama contenha evidentes elementos direcionados para o desenho, a história política que envolve o longa é interessante e ilumina outro lado da força dos Jedis (trocadilho inevitável).
A vantagem de se produzir um filme em animação gráfica é poder trabalhar intensamente diversas batalhas que, ao contrario dos filmes, não demoram tanto para serem filmadas ou produzidas.
Levando em consideração a nova trilogia imperfeita dirigida pelo tio Lucas, The Clone Wars é um bom complemento para a história e mais coeso que os dois primeiro episódios da nova saga cujos efeitos sobrepujaram a história.
A alegria, também, desse filme é que os mesmo dubladores do desenho estão no longa, portanto, não há o que se preocupar. Alias, quem sentiria falta da voz de Hayden Christensen dublando Anakin? Eu não.




Super-Heróis e a Liga da Injustiça (dir. Jason Friedberg e Aaron Seltzer)

Principal indicado ao Framboesa de Ouro de 2009 e já considerado um dos piores filmes de todos os tempos, essa piada de mal gosto chamada Super-Heróis e a Liga da Injustiça comprova, apenas, que alguns produtores investem seu dinheiro em qualquer, e friso o qualquer, porcaria.
Sem mesmo um arremedo de história, apenas uma colagem de diversos filmes-pipoca que estouraram no cinema, essa péssima produção não esconde a falta de inspiração. Em menos de 90 minutos de filme não só há a aparição de, no mínimo, quinze personagens de filmes diferentes ou do universo hollywoodiano, como quatro longas cenas musicais. Comprovando ao máximo que pouca porcaria não é bobagem.
Porém, como aqui no Brasil as bilheterias de estréias as vezes são bizarras, não foi de se espantar que um filme com esse calibre chegou a ficar em primeiro lugar dos mais assistidos. E piorando a situação, sua distribuidora, Imagem Filmes, não ajudou ao traduzir um título inexistente para um filme que chama-se originalmente Filme de Desastre, Disaster Movie. Talvez o Movie no título original seja um lembrete ao telespectadores de que a porcaria assistida ainda faz parte da arte cinematográfica infelizmente.
Fujam desse, saiam correndo e se passar na Globo, desliguem a televisão e mandem mensagens reclamando da falta de qualidade para a emissora. Por enquanto, definitivamente, o pior filme (?) do ano, de longe.





Jogo de Amor em Las Vegas (dir. Tom Vaughan)

É duro quando estamos assistindo diversos filmes que permanecem na linha do mediano. Nem agradam muito, nem desagradam. E quando comecei a assistir Jogos de Amor em Las Vegas, com dois atores que não tenho o mínimo de simpatia pensei que, mais uma vez, teria duas horas quase tediosas. Mas não.
Incrível quando uma produção despretensiosa pode te surpreender. Embora se fale muito das limitações de Cameron Diaz e Asthon Kutcher como atores, a química entre os dois funciona muito bem, o filme consegue produzir cenas engraçadas e quando caminha para o seu final, prestes a cair no abismo do senso comum, consegue dar uma leve guinada e se manter sem aquela história de "um magoa o outro, depois pedem desculpas e vivem felizes para sempre". E essa pequenina diferença já é um ponto a mais para o filme.
Porém, cabe ressaltar que o vi logo após a terrível colagem / filme criticado acima, o que pode ter feito com que minhas expectativas em ver um filme ao menos coerente esteja elevando um pouco aquilo que ele realmente é.
Vale avisar também que os créditos devem ser acompanhados até o fim. Como é costume nos dias de hoje, há uma pequenina cena engraçada para finalizar os créditos.





Vestida Para Casar (dir. Anne Fletcher)

Quando um filme utiliza como chamariz outro filme de sucesso, é sinal de que alguma coisa pode dar errado na produção. Afinal, saber que a roteirista de O Diabo Veste Prada é a mesma de Vestida Para Casar não significa nada.
Talvez porque o primeiro filme fora adaptado de um livro já conhecido e o segundo seja um argumento original, o que dificulta a análise sobre o trabalho de composição do roteiro.
O fato é que Vestida Para Casar é um filme bem tradicional de comédia romântica sobre casamentos. Nele conhecemos Jane, uma mulher que já foi 27 vezes madrinha de casamento mas nunca encontrou seu príncipe encantado e, evidentemente, passa noites acordadas sonhando com isso.
A atriz Katherine Heigl se sai bem no papel, assim como estava em Ligeiramente Grávidos. Mas o roteiro é tão comum que não trás nenhum destaque. E aquela reviravolta previsível que todos conhecem vai acontecer, o que acaba por tirar boa graça do filme. Diverte, serve para momentos sensíveis com a namorada, mas utilizar O Diabo Veste Prada como chamariz desse é incompreensível pela incompatibilidade de gêneros.
Mas o filme tem uma cena memorável, quando Jane está bêbada em um bar ao lado de Kevin, papel de James Marsden, e ambos começam a cantar a incrível música Bennie and the Jets de Elton John.




O Orfanato (dir. Juan Antonio Bayona)

Se por um lado a fonte de terror de Hollywood está tão seca obrigando-os a buscar inspiração no oriente, os filmes de horror espanhóis estão conquistando espaço.
Apenas a barreira da língua já é uma grande vitória para essas produções, que conseguem ir além do preconceito americano de ver filmes legendados e fazer sucesso por lá.
Com a produção do sempre assustador Guillermo Del Toro, O Orfanato é uma história típica de horror. Seus elementos se aproximam da fábula criada por Del Toro em Labirinto do Fauno mas não possui uma história fantasiosa como a outra produção.
É uma história que assusta aos poucos, repleta de segredos escondidos que, com ajuda de um ambiente decadente gera, no seu final, aquele incrível choque no público.
Uma produção de primeira qualidade fora das terras do Tio Sam, o que me faz respirar aliviado confirmando que há vida fora Hollywood, e que o horror ainda pulsa em outras ares e também em outras produções espanholas. Que o diga o também incrível [Rec].




Treze Dias Que Abalaram o Mundo (dir. Roger Donaldson)

Não falta pretensão ao narrar a história da crise dos mísseis cubanos. Até mesmo quem é, de alguma maneira, contra os americanos, não podem negar que algumas histórias de seu passado são incríveis, sendo grandes marcos na história mundial dos homens.
É com esse aspecto de importância que o diretor Roger Donaldson tentou retratar os treze dias que quase levaram os Estados Unidos a um colapso e a uma terceira guerra mundial.
Iniciando diversas cenas em branco e preto, com se aquelas imagens fosse um documento vivo da história, o filme é um bom e intenso thriller político na maior parte do tempo. Mas talvez se encurtado um pouco ficaria ainda melhor.
Confirmar a fidelidade do material exibido no filme com a realidade não me cabe nesse momento, mas é impressionante ver na tela um presidente – JFK – tão decidido e tão contrário a tomar medidas drásticas. Indo contra seu gabinete e tentando, primeiramente, usar o diálogo e estratégias para resolver o conflito.
A produção do filme ficou a cargo de Kevin Coster, que aparentemente sempre gosta de se envolver nas história polêmicas de seu pais. Já esteve no longa de Oliver Stone sobre o presidente Kennedy e agora volta como assessor político do mesmo.
A grande puxada de orelha vai para o péssimo dvd da Europa Filmes. Não só a imagem está em fullscreen, como as legendas do filme são uma piada, tanto pelos erros de português, quanto pelo portunhol, que muitas vezes aparece no meio de frases. Uma pena.




O Dia Em Que a Terra Parou (dir. Scott Derrickson)

Deve haver uma lógica por trás de tantas regravações recentes, mesmo que elas sempre arrecadem pouco e o resultado seja inferior ao original. Pois eis que um dos primeiro filmes a figurar o hall de descartáveis do ano é a regravação do clássico O Dia Em Que a Terra Parou.
É impressionante a habilidade técnica da produção ao contar a história. Boa parte da narrativa é tão ágil que temos quase a impressão de que algo realmente está ocorrendo. Mas é a rapidez dos cortes cessarem para surgir o discurso de que humanos são uma raça imutável que destrói seu próprio planeta para percebermos que estamos assistindo a um desses filmes cujo gancho pretende ser moralista. Até depararmos com um grupo de insetos que começa a destruir a terra parecendo muito um dos filmes de Roland Emmerich.
Visualmente o filme é muito bonito, com seu ambiente sombrio pré-apocaliptico. Mas é tão vazio quanto a expressão de Keanu Reeves que se esforçou tanto para parecer um alienígena sem expressão que mais parece um boneco G.I. Joe de plástico.




SuperBad - É Hoje (dir. Pete Travis)

Se anos atrás o nome da comédia vinha de Ben Stiller e sua trupe, hoje o toque de Midas do riso está nas mãos do produtor, roteirista e diretor Judd Apatow.
Apatow é responsável por diversos filmes que vem fazendo sucesso perante o público: O Virgem de Quarenta Anos, Ligeiramente Grávidos e SuperBad - É Hoje.
Porém, essa produção ganha um extra por possui o roteiro de Seth Rogen, um ator que vem ganhando destaque por seus papeis cômicos e agora mostra seus talentos como roteirista.
Mas não há nada de novo nessa trama que já não fora vista antes. Não há a sensibilidade do filme anterior de Rogen, Ligeiramente Grávidos, uma excelente comédia, ambos os atores principais não são geniais como Steve Carrell em O Virgem de 40 Anos.
O resultado desse filme, que estourou nas bilheterias gringas, fazendo com que o estúdio pedisse uma continuação, não é melhor do que comédias anteriores de Apatow. Fazendo-me perguntar, porque foi feito tanto alarde em cima desse filme? De fato, o roteiro de Seth Rogen tem momentos inspirados, talvez em seus outros dois longas, suas piadas já estejam mais maduras. Mas nessa produção não pude encontrar nenhum bom momento que pedisse um registro mais específico. Talvez apenas pela comédia possuir mais um novo roteirista, já é razão pra se comemorar. Já que como ator, Rogen possui um timming incrivel.




Jogos Mortais V (dir. David Hackl)

A história de Jogos Mortais, após cinco filmes, já está tão complexa, que nada mais adequado que esse filme comece no instante em que o quarto parou. Porém, as reviravoltas são tantas que, em algum momento, você se confundirá e as explicações serão resolvidas somente no outro filme.
Não é que essa quarta continuação seja de todo mal. Seu começo, principalmente para mim que não lembrava do contexto dos outros filmes, começa muito bem. Como o personagem principal da trama, JigSaw, está morto, a trama procura amarrar as pontas soltas entre os filmes, explicando melhor os complexos jogos realizados pelo sádico personagem enquanto ele ainda estava vivo.
Tudo que poderia ser um enredo interessante de um filme policial, se rende, novamente, as características padrões da série Jogos Mortais. Os jogos de vida ou morte, que popularizam o gênero do torture porn tão famoso nas produções de terror atualmente e nas insistentes reviravoltas, necessárias para uma série que, de tanta bilheteria arrecadada nos cinemas, está longe de terminar.
Mas, surpreendentemente, pelo que posso me lembrar, Jogos Mortais V é melhor que seu antecessor insosso. Talvez justamente por ser o filme que mais revela aspectos sobre a série, fugindo um pouco do habitual.
Não sei quem ainda tem paciência, de verdade, para assistir mais histórias dessa saga, mas sabemos que enquanto a industria não secar sua última gota de idéia, a saga de Jigsaw continuará sendo produzida ano após ano.




Wall-E (dir. Andrew Stanton)

Somente a Pixar possui a sabedoria e a audácia para produzir um novo longa de animação em que boa parte de sua duração não há falas.
Concentrando na beleza e nos incríveis detalhes da animação gráfica e na trilha sonora inspirada, a triste história do simpático robozinho Wall-E é mais um passo definitivo da produtora.
Sem deixar as doses cômicas de lado, a trama transborda melancolia e sensibilidade ao retratar um planeta devastado pelos humanos cujo único habitante é um robô solitário que deseja encontrar outro alguém. Não se afeiçoar aquele robô ultrapassado e sujo é impossível.
Impressiona como a Pixar é capaz de produzir longas com mensagens profundas, quebrando a barreira de que animação é algo infantil. Sem dúvida, Wall-E é direcionado para qualquer público.
O dvd do filme ainda contem o engraçado curta metragem que acompanhou o filme também nos cinemas e um curta novo, Burn-E mostrando outro lado da narrativa do filme. A pena é que a Disney lançou o filme com apenas um dvd, enquanto a versão americana vem originalmente com dois. Mesmo assim, é imperdível.





Um Segredo Entre Nós (dir. Dennis Lee)

O titulo brasileiro de Um Segredo Entre Nós, que não é o título original, nos faz supor que existe muito mais na história do filme do que realmente há. Ou não fui capaz de compreender o que o tradutor do título compreendeu.
Utilizando dois tempos paralelos de narrativa, o passado e o presente de Michael Waechter - feito na fase adulta por um bom Ryan Reynolds - somos apresentados a sua família, o severo pai no papel de Willem Dafoe e a doce mãe no papel de Julia Roberts - que embora esteja estourando o cartaz brasileiro, mal aparece no longa.
Unidos por uma tragédia que ocorre no meio da trama, o filme analisa o distanciamento das relações familiares no decorrer do tempo. E os traumas de infância que deixam marcas impossíveis de serem apagadas.
Confesso que o drama me pegou de surpresa. Embora não tão inspirado, consegue ser uma história eficiente, e o bom elenco mantém muito bem a produção.




[REC] (dir. Jaume Balagueró e Paco Plaza)

As produções espanholas de terror continuam gerando bons frutos e sendo originais a sua maneira. O gueto americano de produções é tão fechado que quando um filme espanhol de terror consegue garantir seu espaço, é sinal de que a produção possui suas qualidades.
Utilizando-se do novo recurso de filmagem onde a câmera é também um personagem, participando ativamente das cenas, sendo filmada por alguém que está inserido nas cenas, [•REC] é uma típica história de terror e sustos.
No inicio do filme conhecemos Angela Vidal, repórter de um programa noturno espanhol que mostra o cotidiano de algumas profissões e que escolheu os bombeiros para o programa exibido no filme. Porém, as coisas começam a se complicar quando ela e seu câmera man acompanham os bombeiros em uma chamada em um prédio e ele é lacrado em quarentena sem que eles saibam o motivo.
Misturando o estilo de filmagem que consagrou o filme Bruxa de Blair e personagens assustadores criadas por George Romero, a produção consegue exalar criatividade, mesmo tendo bebido na fonte de alguns filmes americanos.
O sucesso da produção foi tanto que, além de diversos prêmios, ganhou uma versão americana chamada Quarentena e já se encontra em produção uma continuação.
Em tempos em que, insisto, o terror anda tão falido com objetos orientais que matam humanos, é bom encontrar outro exemplar fora de Hollywood que ainda procurar ser bom e autêntico.