sábado, 14 de março de 2009

A Semana em filmes (01 a 07 de Março)

Meu Nome é Taylor, Drillbit Taylor (Drillbit Taylor)

Dir.
Steven Brill



Desde o início das críticas cinematográficas, é a terceira vez que assisto a um filme cujo nome de Seth Rogen esteja envolvido na produção.
Não nego que o fôlego do ator, roteirista e comediante seja duradouro. Mas o que me espanta é o grande alarde que se fez na mídia sobre seus filmes, seja no papel de ator ou como roteirista, sendo que, como roteirista, ainda falta um toque final para que seus textos sejam comédias brilhantes.
Talento, evidentemente, o rapaz tem de sobra. E nesse terceiro filme que assisto com seu nome (os anteriores foram Ligeiramente Grávidos, excelente comédia em que atua e Superbad – É Hoje como ator e escritor, superestimado pela crítica), Rogen ao lado de Kristofor Brown, contam uma história leve e família sobre um mercenário picareta, contratado por três adolescentes como guarda costas para protege-los dos valentões da escola.
Não há nada de novo e especial nessa produção (e que me perdoem aqueles que sempre lêem essas palavras, mas devo alertá-los quando um filme mantém uma linha mais tradicional, o que não quer necessariamente dizer que ele é ruim). Owen Wilson é o ator principal, no papel de Drillbit Taylor, o que tira do público algumas risadas e o elenco juvenil surpreende pela química, mantendo-se bem como o trio de infantes fracassados.
E nisso reside um dos fatores mais comuns e divertidos nas comédias, o poder de dar voz as minorias e fazer disso uma piada, mesmo que seja de mal gosto em certos filmes.
Sobre Rogen novamente, tenho comigo outra produção escrita e estrelada por ele, Segurando as Pontas. Portanto, em breve, aguardem uma resenha a respeito.





O Segredo de Beethoven (Copying Beethoven)

Dir.
Agnieszka Holland



Não foi dessa vez, ainda, que o grande compositor alemão Ludwin van Beethoven recebeu uma produção a altura de seu talento. Assim como em um filme anterior, Minha Amada Imortal, O Segredo de Beethoven dividiu crítica e público.
Mas não há segredo nenhum escondido no filme, imaginação criada pelo título brasileiro. Na trama, situada nos últimos anos do excêntrico compositor, somos apresentados a Anna Holtz, uma estudante de música enviada pelo velho e doente copista do compositor para finalizar seu trabalho. Evidente que surgirá um embate inicial entre a jovem e o compositor, mas que aos poucos um conhecerá melhor o outro e assim criarão laços.
A personalidade de Beethoven, interpretada pelo sempre eficiente Ed Harris, transmutado para o papel, é o verdadeiro brilho do filme. A persona carismática do compositor, que sempre filosofa com o dever e a arte do compositor e sobre sua surdez crônica é o que mais se destaca. Porém, a edição peca pela rapidez dos cortes e cenas, como se fosse editado para ser um videoclipe e não um longa metragem.
O maior destaque vai para a cena em que o compositor, ao lado da copista, regem uma de suas sinfonias – Beethoven por ser surdo, pede auxílio a ela para não perder o tempo e nem o compasso da regência. E o que vemos na tela é uma cena com delicadeza magistral. Cena, canção e atores se incorporam na vibrante sinfonia e o espetáculo e inegável.





O Segredo de Berlim (The Good German)

Dir.
Steven Soderbergh



O senso comum das equipes de tradução brasileiras me fazem rir. Nada como assistir dois filmes em que a palavra Segredo estão no título brasileiro, mas não se encontram –no título original (embora nesse filme há um certo segredo).
Imagino a facilidade em alocar um titulo em palavras clichês do que elaborar um bom nome para o filme ou, até mesmo, traduzir literalmente o título do filme (No caso, algo simples como O Bom Alemão).
Criando uma bela homenagem aos filmes dos anos 50, cujo pós guerra era pano de fundo para excelentes tramas intricadas e cheias de segredos, o diretor Steven Soderbergh retoma sua parceria com o galã George Clooney para contar a história de um jornalista que faz a cobertura das ruínas da segunda guerra. E qualquer comentário extra sobre a sinopse do filme, estragaria o prazer de assisti-lo.
É impossível resistir a Segredo de Berlim. A semelhança com Casablanca é inegável, não só no pôster, como na trama e em algumas cenas. Evidente que nestes casos, há quem justifique a palavra homenagem como um plágio descarado mas, até mesmo na abertura do filme, a emulação aos filmes dos anos 50 é evidente.
Não tenho o costume de ler críticas antes de fazer meus próprios comentários do filme. Mas procurando a imagem que destaca esse comentário, me deparei com diversos textos depreciativos sobre o filme, principalmente a respeito de sua narrativa lenta. É uma pena que muitos espectadores estejam acostumados com o formato padrão de se fazer filmes atualmente, não sabendo apreciar uma obra mais antiga ou um filme que remete-se aos clássicos e faz um bela homenagem a eles. Nas palavras de Nelson Rodrigues, em uma grande paráfrase, pior para os espectadores.





Os Estranhos (The Strangers)

Dir.
Brian Bertino


O cineasta David Lynch é a prova viva, e seus filmes são a comprovação, de que nem toda produção precisa ser explicada, como um manual de televisão. Mesmo que seja absurdo, certos filmes ganham muito mais credibilidade quando não explicam nada e concentram-se apenas em narrar a história, deixando com que o espectador conclua o que quiser.
Mesmo com os clichês constantes, que nos fazem constatar que pessoas em filmes de terror estão propícias a cometer sempre os mesmo erros, Os Estranhos consegue, por pouco, atravessar a barreira do terror comum.
Além da beleza de Liv Tyler – que desde já deixo registrado que não acrescenta pontos para a avaliação da produção – o filme se destaca por sempre manter sua narrativa nas vítimas, e nunca revelar o rosto, muito menos os motivos, das três pessoas que perturbam na madrugada a casa de Kristen (Liv Tyler) e James (Scott Speedman), tornando aquela madrugada inesquecível.
A ausência de explicação, bem como revelação e motivos de assassinos não é novidade no cinema. Mas o clima criado durante a duração do filme, bem como a trilha sonora que ajuda a criar a tensão, resultaram em uma produção que, se não é um arroubo de criatividade, ao menos consegue se destacar por estar um pouco além daquela lenga lenga que mais ri do que assusta.
Em tempo, antes do inicio do filme, uma narração diz que a trama é inspirada em fatos reais. Se isso é apenas argumento para criar mais tensão ou se o que foi apresentado no filme é realidade, deixo a vocês descobrirem.




Watchmen - O Filme (Watchmen)

Dir.
Zack Snyder


Faltar-me-iam palavras se fossemos analisar a HQ que gerou a produção de Zack Snyder – até então, diretor que não possuí obra própria, e sim regravações ou adaptações de quadrinhos.
Pois, e temos de levar isso em conta, sou leitor de quadrinhos há mais de uma década e, como muitos fãs do gênero, considero Watchmen um dos gibis indispensáveis para qualquer leitor: a referência máxima dos quadrinhos, sua bíblia por assim dizer.
Com esses argumentos em consideração, podemos analisar Watchmen – O Filme de três maneiras distintas.
Primeiro como obra cinematográfica isolada, vista por um público não leitor de quadrinhos, que desconhece a obra original. Nesse caso, a produção pode cometer muitos pecados.
A história criada por Alan Moore possuí profunda densidade que não se encaixa nas duas horas e meia de projeção. Arestas foram cortadas, segmentos foram excluídos, sumindo não só com grandes momentos como, talvez, o entendimento pleno da história. Embora, mesmo quem não compreenda totalmente o enredo, ficará de boca aberta pelo visual do filme.
Uma outra análise, em comparação com a obra cinematográfica em relação aos quadrinhos, degradaria ou massacraria de vez a produção. Embora fiel ao espírito de seus criadores - o escritor Moore e o desenhista David Gibbons - o diretor tomou algumas liberdades que, se ainda são coerentes com a narrativa, perdem, e muito, para as idéias originais. Nesse caso, manter a fidelidade o mais próximo possível e limitar-se apenas em transpassar a história dos quadrinhos ao cinema seria o mais indicado.
Finalmente, em uma terceira perspectiva, a que me enquadro mais, podemos ver Watchmen como a realização de um sonho. Afinal, é impossível resistir à narrativa exuberante de Moore. Não há quem não leia sua obra sem imaginá-la em ação e movimento. Portanto, nada mais natural do que ficar estasiado, e feliz, ao assistir as personagens que sempre invadiram nosso imaginário em uma gigantesca tela de cinema. Com seus olhos brilhando durante a projeção, mesmo que, por dentro, pensemos que algumas cenas e liberdades do diretor foram equivocadas.
O fato é que, independente de como analisar o filme, surpreendentemente, Watchmen – O Filme não é um desastre total como muitos previam. Há muita fidelidade à obra original, que se contrapõe positivamente as liberdades de Snyder. Falha em alguns aspectos, como diversas obras, mas com um bom produto final.
Algumas personagens estão idênticas ao filme, bem como algumas perspectivas e falas. Destaco a personagem de Rorschach, visceral e magistral nas mãos do ator Jack Earle Haley.
Também como é de costume, a produção me deu apetite para, mais uma vez, reler as dozes edições da obra original. Em breve, portanto, comentários sobre uma das obras máximas dos quadrinhos serão escritas neste espaço. Além, é claro, de que uma segunda sessão de cinema na próxima semana, para rever e ver outros aspectos do filme, está confirmada.

2 comentários:

  1. Mais uma vez não vi nenhum dos filmes aqui resenhados, mas vou comentar sobre um deles:

    Watchmen é o filme do momento, todo mundo comentando, dizendo que é sensacional e tal. Eu nunca li o gibi, mas sei que não é um gibizinho qualquer, pois foi a única história em quadrinhos a aparecer na lista de textos mais bem escritos de um grande jornal de NY. Isso não é pra qualquer um não.

    Sua resenha não foi tendenciosa, vc mostrou as possíveis formas de analisar o filme e ficou bem legal. Gostei.

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  2. Adorei e concordo com a Rachz... Vc em nenhum momento foi tendencioso...
    Meu Nome é Taylor é sem dúvida um filme muito engraçado (e olha que eu não sou super-fã de comédia)agora com relação "os estranhos" sua resenha me convenceu eu que fui tendenciosa por não entender o filme e fiquei, realmente com medo de ser baseado numa história real.
    "O segredo de Beethoven" é um filme muito bom, mas mais uma vez sua resenha me convenceu que não é um filme de 5 remedinhos.

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