quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Semana em filmes (29 de Março a 04 de Abril)

Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider)

Dir. Mark Steven Johnson


A direção cinematográfica foi responsável por afundar a carreira do ator Kevin Coster. Após dirigir a gigantesca bobagem Waterworld – O Segredo Das Águas, teve audácia de dirigir outro filme apocalíptico, longo, chamado O Mensageiro. Na época, a revista Set disse uma sábia frase que parafraseio: errar é humano, mas insistir no erro é burrice. E foi isso que custou muitos anos de Costner, que demorou para se restabelecer nas telas.
Quatro anos após a direção e produção equivocada do diretor Mark Steven Johnson com seu Demolidor – um péssimo filme sobre uma das melhores personagens do universo Marvel – o diretor está de volta para – além de insistir em seu erro – estragar mais um personagem da Casa das Idéias. Talvez mais incompreensível que isso apenas o fato de que, mesmo não gostando desse filme que assisti nos cinemas, fui masoquista ao ponto de revê-lo.
Não me faltam lamentações sobre o Motoqueiro Fantasma. Roteiro equivocado, direção inexpressiva e um Johnny Blaze de Nicolas Cage que ofende qualquer ator, até mesmo os de terceiro escalão.
O ator sempre fora cogitado para estrelar uma produção de quadrinhos e, finalmente, quando ganhou sua oportunidade, tratou-a pessimamente. O que falta-me compreensão, pois Cage assumiu ser fã da personagem, confessando ter até uma tatuagem do motoqueiro em um dos seus braços. Portanto, porque tratar tão mal um personagem que se gosta?
Nicolas Cage está inexpressivo, perdendo qualquer possível idéia complexa da personagem. O máximo de sua desenvoltura é fazer uma cara de paisagem. Mephisto interpretado pelo lendário Peter Fonda também parece piada, parecendo mais um beberrão do que um poderoso ser das trevas.
Nem mesmo os efeitos especiais ajudam o filme. De fato, a produção degringola completamente quando os efeitos entram em cena, na primeira transformação de Johnny Blaze em Motoqueiro Fantasma. Cage, em entrevista, disse que a transformação seria agonizante e sensacional, mas o produto final visto na tela é o início de uma comédia involuntária.
Falta o clima sombrio, essencial para uma produção como essa, onde um jovem faz um pacto com o diabo para salvar a vida de seu pai. E os efeitos, por mais elaborados que pareçam, estão artificiais.
A soma de todas essas propriedades consagram, pela segunda vez, o dano de Mark Steven Johnson no roteiro e na direção. Se os executivos da Marvel tiverem bom senso, uma nova história do Motoqueiro nos cinemas passará longe do diretor e também do ator Nicolas Cage. O que, nesse caso, é uma pena. Pois Cage, quando se entrega ao papel, é um grande ator.




Podecrer! (Podecrer!)

Dir. Arthur Fontes


De vez é quando, faz bem assistir a uma produção brasileira que não insista na mesma tecla da pobreza do pais ou nos drama sobre a ditadura, contando uma história comum e divertida.
Nesse PodeCrer! conhecemos a juventude de um grupo de amigos nos anos 80, mas engana-se quem pensa que isso é apenas um subterfúgio para conhecermos os acontecimentos que marcaram a época. Bobagem, aqui é a amizade desse grupo que serve como um dos temas principais da trama.
Sem buscar inovações estéticas ou narrativas, a produção possui frescor por sua despretensão. Dando a sensação inconseqüente de uma adolescência sendo vivida com a maior intensidade por sua personagens.
Tudo que um adolescente normal vive está na trama: relacionamentos, decepções, amigos e amizades coloridas. Diversas facetas que se complementam e completam o roteiro de Marcelo O. Dantas.
O cinema brasileiro, embora produzindo com um certa atividade, ainda deve muito por suas poucas produções – em relação a, por exemplo, o cinema americano. Portanto, vale a pena quando descobrimos bom filmes como esse. Uma produção genuína que não se preocupa em frisar problemas ou dramas batidos em nossos filmes, mas sim em apenas contar uma boa história, e, sendo fiel a isso, já se torna muito bacana.




A Casa da Colina (House On Haunted Hill)

Dir. William Malone


Certos filmes quando revistos queimam sua opinião de outrora. As vezes são reveladores, mostrando-nos aspectos que não percebemos antes, outras são decepcionantes.
Lançado em 1999, na época da febre do terror que assolava os cinemas, tendo até um concorrente de outro estúdio (A Casa Amaldiçoada, lembram-se?), deve ser a terceira ou quarta vez que vejo A Casa da Colina. Mas hoje com distanciamente, é nítido o desarranjo da produção que nem mesmo o talentoso Geoffrey Rush, se divertindo no papel principal, pôde manter.
O inicio da trama é até agradável, mas quando as personagens adentram a casa do título, tudo vai por água abaixo. Os clichês cinematográficos de terror inundam a tela acompanhados de efeitos especiais que dão vergonha até mesmo para a época.
Na trama, Rush interpreta Stephen Price – seu sobrenome faz uma referência ao ator Vicent Price que estrelou o filme original desse remake – um empresário excêntrico dono de parques temáticos de terror. Sua esposa ao assistir uma matéria na televisão sobre a casa da colina, local que foi sede de um Instituto de Psiquitria em que pacientes eram mortos e torturados, decide realizar sua festa de aniversário no local. Mas o destino tem outros planos para o casal e para os convidados da festa.
Esgueirando-se no sobrenatural de riso involuntário, os convidados – que contam com um medroso, um machão, um incrédulo e etc – serão desafiados pela casa que, de acordo com eles, está viva por dentro. Se o enredo já parece absurdo, o final chega a produzir risos involuntários.
Nesse momento a cotação do filme divide-se em duas. Como um filme de terror trash, com um enredo mais furado que queijo suíço, funciona perfeitamente. É só deixar o bom senso e o cérebro de lado e dar play no filme. Porém como uma produção séria, o que seria o objetivo inicial dA Casa da Colina, deve demais.




De Volta a Casa da Colina (Return To House on Haunted Hill)

Dir. Victor Garcia


Dá série “tiro no cadaver” ou “colocando a pá de cal”, sempre que não imaginamos que um filme possa gerar uma continuação, as produções feitas direto para o mercado de dvds nos surpreende com mais uma pérola do mal gosto.
A impressão que se tem com De Volta a Casa da Colina é que alguém tinha um argumento sobrando nas mãos e, para conseguir vender mais, arrumou seu roteiro para a tal casa aparecer e garantir mais alguns trocados.
Se podemos extrair algum fator positivo é que, ao menos, a continuação não fica naquela história de repetir os acontecimentos do primeiro filme. Mas o fator negativo é que para dar o tal diferencial entre a primeira e a segunda produção, inseriu-se outro elemento sobrenatural retirado de outra fonte para destruir ainda mais um argumento ruim.
Dessa vez, a trama se concentra em um professor de arqueologia que sonha em encontrar um ídolo antigo, conhecido por ser maligno. Eis, então, que o professor descobre, com a ajuda de alguns alunos, que o tal ídolo poderia estar dentro da casa da colina e ser o responsável pelas mortes e pelos acontecimentos, não só da época do Instituto de psiquiatria como dos acontecimentos do primeiro filme. Em resumo, uma idéia genial para uma seqüência.
As cenas até que não são de todo mal, possuem um certo clima e a fotografia é bem adequada com o filme. Mas até mesmo o vilão forçado dessa trama, interpretado pelo ator Erik Palladino - O Malucci de E.R. – Plantão Médico, dói de tão caricato.
E assim, de mãos dadas com o primeiro, os filmes somam mais de três horas de roteiros ruins e atuações pra lá de duvidosas.




Cine Majestic (The Majestic)

Dir. Frank Darabont


Apenas ocorre comigo alguns filmes que ficam em nossa cabeça como se não tivessem sido propriamente apreciados e, por isso, necessitam de outra exibição para vermos o quanto ele é bom? – alias, acabo de mencionar algo parecido na resenha de A Casa da Colina.
Desde que vi nos cinemas Cine Majestic, filme com o comediante Jim Carrey fazendo drama e do mesmo diretor dos fabulosos Um Sonho de Liberdade e A Espera de um Milagre, que tenho a impressão de nao tê-lo compreendido direto. Listando algumas produções que queria rever, imediatamente lembrei desse filme e o revi.
Mas tudo permanecia igual. A trama é um tanto interessante, os atores estão ótimos mas, ainda assim, falta alguns detalhes cruciais que deram aquele toque magnífico nos filmes anteriores de Frank Darabont. Não possui o mesmo brilho catártico das outras produções. É extremamente correto e, por isso mesmo, um tanto plástico demais, deixando a sensiblidade pungente de lado por ser superficial.
Talvez por se preocupar em criar um filme que homenageasse o cinema, Darabont deixou-o preso. Afinal, como fazer uma produção em homenagem à magia do cinema se o que lhe falta é detalhe dessa magia?
Curioso também que as outras três produções do diretor foram baseadas em contos de Stephen King, com exceção deste. Portanto, na dúvida, que o diretor adapte mais um conto de King.




Identidade (Identity)

Dir. James Mangold


É muito difícil limitar-se a contar uma sinopse de um filme, sem contar detalhes cruciais de sua trama. Ainda mais quando envolve uma trama de suspense, onde um comentário a mais pode estragar o desenlace da produção para quem ainda não a assistiu.
Identidade é uma dessas produções que se deve indicar mas manter-se as escuras, falar mais que o essencial é arruinar tudo. A trama, essencialmente, resume-se a uma frase, retirado do site Adoro Cinema, para evitar qualquer comprometimento de minha parte: “Uma violenta tempestade faz com que 10 pessoas fiquem presas em um motel, onde eles começam a ser assassinados um a um.”
Novamente uma das ambientações favoritas de filmes de terror e suspense volta à tona. Nada como um motel a beira de estrada, aqui acrescida de uma tempestade, para revelar quem realmente somos.
A trama possui um roteiro interessante e bem elaborado, tratando-se de filmes do gênero isso é bem raro. Porém deixa a sensação de que um ou dois detalhes ficaram de lado. Mesmo assim seu saldo final é bem positivo, sem contar o elenco formado por estrelas.




Verdade Nua (Where the Truth Lies)

Dir. Atom Egoyan


Para um fã confesso de livros policiais, que se deleita com o gênero noir por sua diferente e exuberante narrativa, Verdade Nua me surpreendeu por ser um bom filme com a dosagem certa de suspense, drama e mistério.
Desde que Kevin Bacon fez Sobre Meninos e Lobos que suas atuações se tornaram bem requintadas e mais esféricas. Hoje a certeza de ver um filme com o ator e se surpreender com seu papel é bem alta. Some isso ao seu parceiro no filme, Colin Firth, interpretando um papel longe do habitual bom moço dos filmes de romance, que temos um bom elenco capaz de interpretar papéis cuja nuances são muito delicadas.
A trama conta a história de uma jovem jornalista que planeja escrever sobre uma famosa dupla de apresentadores na TV americana nos anos 50. Envolvendo-se com os dois, ela procura compreender e, possivelmente, desvendar um fato obscuro na carreira de ambos. Um crime mal explicado que de tão polêmico, consequentemente, foi o estopim para o fim da dupla.
É sob a ótica da jornalista que conhecemos os lados obscuros dos apresentadores que, pouco a pouco, revelam suas histórias. Afundando o lado positivo do show bussiness e confirmando que tudo que é fama também possui sua carga podre.
Aos poucos, não só as personagens mostram seus lados negativos como conseguem corroer a alma da jornalista, resultando em uma das melhores cenas do filme ao lado de Colin Firth e um punhado de drogas.
O filme foi baseado no livro do autor Rupert Holmes (o roteiro é assinado pelo diretor) que infelizmente não possui nada editado no Brasil. Mas imaginando que as obras originais sempre são melhores do que suas adaptações, o livro deve ser uma ótima ficção.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Two And a Half Man, Primeira Temporada

A última sobrevivente das comédias de situação


Quando em 6 de Maio de 2004, a décima temporada de F.R.I.E.N.D.S. terminava na rede NBC, fechava-se ali um dos grandes marcos da comédia de situação. Repleto de altos e alguns baixos, a série manteve-se por dez anos no ar, totalizando 236 episódios. Após Friends, nenhuma série de humor poderia ser a mesma.
Muitos personagens surgidos depois, até mesmo na série Joey, foram inspirados no universo do sexteto. E criações que surgiram depois não conquistaram tanto o público, gerando uma audiência baixa, diversos cancelamentos e o, quase, desaparecimento desse tipo de produção.
Mas não só pelo desinteresse do público que as sitcoms perderam espaço para novas séries de humor, com uma narrativa mais ágil, gravadas em estúdio, sem público. Na época do término de Friends, as séries americanas em geral estavam em um limbo sem criatividade. Um período que duraria pouco, de fato, e que originaria um vasto leque de boas e grandes produções em diversos canais.
Ainda que a forma de se fazer humor tenha mudado com o passar do anos, há um sobrevivente das comédias de situação que ainda persiste como uma das séries mais assistidas nos Estados Unidos. Criado um ano antes do término de Friends, reunindo o mesmo elenco do engraçadíssimo Top Gang – Ases Muito Loucos, Two and a Half Man ou Dois Homens e Meio, utiliza-se de uma premissa comum para que Charlie Sheen, Jon Cryer e Angus T. Jones se tornem uma família pouco convencional.
Para quem ainda não conhece a trama, Charlie Harper (Charlie Cheen) é um solteirão mulherengo, que mora em uma casa na praia e trabalha, muito pouco, diga-se de passagem, como compositor de jingles comerciais. Sua vida de bom vivant em Malibu fica ameaçada quando seu irmão Alan, (Jon Cryer) está no meio de um divórcio e, por não ter onde ficar, decide ir morar com o irmão e levar também seu filho Jake (Angus T. Jones) para passar os finais de semana e visita-los sempre que possível. O resultado evidente é uma série de conflitos entre os dois irmãos e a figura carismática do ator mirim Angus T. Jake.
Infelizmente, como muitas séries de comédia em sua temporada de estréia, tanto público como atores, estão se adaptando as suas personagens, portanto, durante a temporada é notável algumas transformações até a estabilização da série. Esse resultado torna o início da série apenas levemente engraçado em comparação aos sete episódios finais que são hilariantes do começo ao fim, dando uma grande sensação de disparidade entre os episódios.
Por esse avanço notável, muita expectativa é criada para a segunda temporada do seriado. E pelo que pude observar, elasa são bem atendidas. Não deve ser a toa que até hoje a série encontra-se entre as dez mais vistas no competitivo mundo de ibopes da televisão americana.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Atrasos e Datas Definidas

Desculpe o atraso, eu diria, se fosse questão de alguns dias. Mas estou semanas atrasado.

Me empenhando cada vez mais nas resenhas, estou demorando mais do que gostaria e, quando vejo, mais uma semana passou. Para evitar que isso ocorra, adiantei tudo e fiz uma programação do que vem a seguir, tanto das semanas em filmes, como análises de algumas temporadas.

Aliás, com o término das temporadas americanas, aguardem a cobertura das temporadas de Prison Break, Heroes, House e 24 Horas. Sem contar as de Californication e Dexter que já terminaram há um certo tempo na América do Tio Sam.

Segue a baixo o calendário de atualizações que serão cumpridas com rigor. Todas as atualizações citadas entraram as 8h no ar. Não deixe de nos visitar.

28/04 - Resenha Two And a Half Man, Primeira Temporada

30/04 - A Semana em filmes: 28 de Março a 04 de Abril

02/05 - Resenha E.R - Plantão Médico, Nona Temporada

04/05 - A Semana em filmes: 05 a 11 de Abril

06/05 - Resenha Californication, Segunda Temporada

08/05 - A Semana em filmes: 12 a 18 de Abril

11/05 - Resenha Dexter, Terceira Temporada

13/05 - Preliminar: Anjos e Demônios, com Tom Hanks. Baseado na obra de Dan Brown.

15/05 - A Semana em filmes: 19 a 25 de Abril

17/05 - A Semana em filmes: 26 de Abril a 02 de Maio

19/05 - A Semana em filmes: 03 a 9 de Maio

22/05 - A Semana em filmes: 10 a 16 de Maio

25/05 - A Semana em filmes: 17 a 24 de Maio

E vamos lá!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

A Semana em filmes (22 a 28 de Março)

Sombras de Goya (Goya's Ghosts)

dir. Milos Forman



A direção de Milos Forman pode ser considerada como uma das mais admiráveis. Com uma obra curta e espaçada, seu currículo brilhante possuí obras singulares como O Mundo de Andy, O Povo Contra Larry Flint, Valmont – Uma História de Seduções, Amadeus, Hair e Um Estranho No Ninho.
Após o estupendo O Mundo de Andy, que narrava a história real do comediante Andy Kaufman, Forman retorna a cadeira de diretor para, novamente, transpor para a ficção um período histórico da Espanha e mostrar as influências e o mundo em que viveu o renomado pintor Francisco de Goya.
Através de suas pinturas e de seus fantasmas, conhecemos a Espanha do século IXI, mergulhada na opressão pela Inquisição e pela invasão iminente das tropas de Napoleão Bonaparte.
Além de Goya, o grande destaque da trama concentra-se em Javier Barden, soberbo no intenso personagem de um padre conservador que, como Goya, sente na pele a turbulência da época.
Mesmo tratando-se de um filme sobre a Espanha, a produção é falada em inglês. Forman quando questionado a respeito, afirmou não conhecer a língua espanhola. E faz muito bem em não arriscar em uma língua desconhecida.
Com muitos anos de carreira, produzindo obras excepcionais, é evidente que Forman se apaixona pelo que faz e tem prazer em realizar obras baseadas em personagens reais. Se dessa vez o produto final não é uma obra prima derradeira, a altura de clássicos de sua filmografia, Sombras de Goya é, mesmo assim, incrível. Bem dirigido e consistente, como toda a carreira desse incrível Tcheco.





Planeta Terror (Planet Terror)

Dir. Robert Rodriguez


Os sempre inovadores - e bons - diretores Robert Rodriguez e Quentin Tarantino - deixando claro, desde já, meu maior apreço pelo segundo - na busca de trazer para o cinema hollywoodiano narrativas inovadoras, colocaram em prática, em 2007, um projeto surpreedente.
Intitulado Grindhouse, a produção seria uma homenagem as sessões matinês que passavam filmes trash de baixo orçamento que ambos assistiam em suas juventudes. A idéia consistiria em produzir dois filmes de média metragem, dividos no meio por trailers fictícios e lançá-lo no cinema como uma obra só. Porém, nem mesmo os nomes dos dois diretores fez o projeto funcionar.
Grindhouse não só não emplacou, como as críticas foram unânimes quanto aos defeitos dos trabalhos. Tanto que optaram por lançar, no resto do mundo, os filmes de maneira separada: Planeta Terror, de Rodriguez, e Death Proof, de Tarantino. Sem observar que os principais problemas da produção estavam centrados em sua espinha dorsal.
Desde o início de minhas análises que menciono, ora ou outra, filmes que tecem sua homenagem a certos gêneros ou a filmes marcantes do cinema mundial. Porém, Planeta Terror muito mais do que relembrar as matinês da juventude dos diretores, se torna um filme ruim.
Tão ruim que não consegue ser capaz de gerir o pastiche divertido dos filmes B, produções feitas de forma séria que, de tão patéticas, nós fazem rir. O exagero da homenagem foi tanto, que o filme se tornou pior que um de segunda categoria. Homenagear as produções B, não obriga transformar sua produção em algo ridículo e mal articulado. Podemos fazer homenagens de uma maneira que retome o gênero mas, ainda assim, mantenha uma característica própria, sendo algo novo.
Planeta Terror me incomodou, negou o principio básico do cinema, o entretenimento, para me deixar aborrecido. No final da produção, agradeci que não estava assistindo ao projeto inicial, se não teria ainda mais um filme no estilo pela frente. Alias, uma resenha que li pouco antes da produção desse texto afirmava que a obra de Rodriguez saia-se melhor que a de Tarantino. Ou seja, temo muito por Death Proof.





A Caçada (The Hunting Party)

dir. Richard Shepard



Nos últimos tempos, o ator Richard Gere tem me surpreendido. Seus últimos filmes, embora ignorado por um grande público, sem tanto estrondo na imprensa, são interessantes produções inteligentes cuja atuação do ator está incrível, em um timming perfeito com a proposta dos filmes. Dois desses, Justiça a Qualquer Preço e o Vigarista do Ano já foram mencionados aqui. É a vez de A Caçada ganhar seus elogios.
Na trama, Gere interpreta Simon Hunt, repórter especialista em coberturas de guerra e amigo do cameraman Duck. Após testemunhar um massacre na Bósnia, Hunt destrói sua carreira ao vivo dizendo tudo que pensa e, desde então, sobrevive vendendo sua cobertura para qualquer canal mundial que queira comprar.
Anos depois, quando Duck está de volta ao país, Hunt o procura dizendo ter pistas concretas que levariam até o Raposa, o homem por trás dos atentados que ambos presenciaram. Começa, então, uma aventura impossível para caçar o terrorista.
O filme foi baseado em fatos reais, embora desde os créditos iniciais somo alertados, com cinismo, que “apenas as partes mais ridículas dessa história são verdadeiras”.
E de fato, a série de eventos que os fazem prosseguir com a investigação é deveras duvidosa. Em questão de dias eles são capazes de descobrir pistas que o alto governo demorou anos para descobrir, serem confudidos com mercenários, com a própria CIA. É nesse ponto que a produção se aproxima com O Vigarista do Ano, questionando, novamente o poder da palavra e da mentira. Levando longe as personagens para descobrir o que desejavam.
Gere mais uma vez me surpreendeu com uma atuação irônica e interessante. Talvez um pouco fora do círculo luminoso de Hollywood, realizando filmes menores, o ator tenha se encontrado de vez.
Do outro lado da produção, o diretor e roteirista dessa produção Richard Shepard foi também diretor do fraco 24 Horas Para Morrer – com um pré-famoso Adrian Brody e Maura Tierney, a Abby de E.R. – e O Matador, com Pierce Brosnan, filme elogiado pela crítica mas que achei tedioso do começo ao fim.





A Estranha Perfeita (Perfect Strange)

Dir. James Foley


Há um fato nessa produção que seu título afirma corretamente. Nunca em toda sua cinematografia, a atriz Halle Berry esteve tão perfeita, natural e bela. Mesmo que esse comentário, como dito anteriormente em outras ocasições, não acrescente nada a análise do filme, é necessário constatar esse fato.
Infelizmente, elementos demais tornam o enredo de A Perfeita Estranha algo indefinido. Parece suspense, pois envolve um assassinato de uma amiga da jornalista Rowena, papel de Berry. Tem elementos dramáticos ao revelar que esse assassinato tem chances de estar ligado a um homem que ela conversava pela internet, exercendo, por esse lado, uma crítica ao poder do mundo virtual. Mas a soma de todos esses termos gera somente um argumento mal fadado.
A trama resolve facilmente diversos aspectos de sua narrativa. Quando necessário a personagem de Giovanni Ribisi entra em cena, como um hacker faz tudo, para passar informações sigilosas, investigar suspeitos, tudo por, aparentemente, ter uma queda pela jornalista. Estando sempre na hora certa para soltar novas revelações.
Bastasse isso, Bruce Willis aparece a toa no filme, fraco, concentrando-se apenas em manter seu biquinho já característico.
A trama começa a engrenar quando as peças se encaixam e o assassinato é resolvido. Porém, um flashback do passado de Rowena, com diversas cenas rápidas jogadas ao público, geram uma série de reviravoltas – sempre elas - desnecessárias que enterram o final desse filme morno.





O Segredo (Si j'étais toi)

dir. Vicent Perez


É inegável a qualquer fã da série Arquivo X que o ator David Duchovny seja um ícone com grande destaque. Por conta dele fui ao cinema assistir comédias românticas sem graça e comédias inssossas. Apenas para ver o querido e eterno Fox Mulder despido de sua personagem característica.
As voltas de uma história sobrenatural, Duchovny interpreta nessa produção francesa o Dr. Benjamin Marris, um oculista, marido e pai, cuja família sofre um acidente onde sua esposa, interpretada por Lili Taylor, acaba por falecer. Porém, eis o elemento sobrenatural, minutos antes da morte, a esposa consegue se incorporar no corpo da filha.
Além do susto e da incredibilidade inicial, com o tempo a mãe deseja compreender melhor filha, que nunca conheceu de verdade, e resolve continuar a viver a vida por ela. Acreditando que assim o espírito da filha pode volta a tona.
O conceito é tão estranho que até mesmo uma cena desconfortável aparece na trama: quando a esposa, no corpo da filha, sugere uma relação íntima com o marido. As vantagens da barganha, nas palavras da esposa, seria que o marido manteria relações com alguém cujo corpo ainda teria dezesseis anos. Caso onde os roteiristas passaram longe do bom senso.
Sem a presença de Duchovny, que se tornou o chamariz para fãs como eu, o filme pode ser esquecido. Alias, tão esquecido que a produção de 2007 só chegou na locadora esse ano.
O filme é uma regravação do japonês Himitsu, que não conheço e, assim, não tecerei nenhum comentário. Mas se sua história é uma perda de tempo, ao menos a nova série de David Duchovny, Californication, é uma verdadeira tentação e deleite aqueles que são fãs de Fox Mulder e gostam de uma incrível série de humor ácido. Já O Segredo, continuem deixando escondido.





No Vale Das Sombras (In the Valley of Elah)

Dir. Paul Haggis


Eu, como muitos outros cinéfilos que seguem a tradição de assistirem anualmente o Oscar, fiquei sem palavras quando anunciavam que o melhor filme do ano era Crash – No Limite. Lembrei-me de minha expectativa quanto ao filme até vê-lo no cinema e sair frustrado, como se faltasse alguns pontos essenciais para que a narrativa funcionasse e fluísse. Para tirar minhas dúvidas, cheguei a rever o filme em seu lançamento em dvd, e a mesma sensação de vazio se encontrava. Definitivamente, foi um filme superestimado.
Por isso meu espanto ao assistir a seguinte produção de Paul Haggis. Um bom filme, muito bem dirigido, com um roteiro com amarras estreitas e uma polêmica espinhenta para os americanos, que Haggis se baseou em uma história publicada na revista Playboy.
Na produção, o constantemente incrível Tommy Lee Jones, investiga o desaparecimento de seu filho, Mike Deerfield, que deveria voltar ao Iraque, e passa a ser considerado foragido. Hank, papel de Lee Jones, se debruça na investigação do paradeiro do filho entrando sempre em confronto com o alto escalão militar. Que mantém suas aparências, negando tudo que possa comprometer a instituição.
Se o filme anterior de Haggis era repleto de exageros, No Vale da Sombras está completo com minúcias. Do semblante carregado do pai, tentando descobrir o paradeiro do filho, sem esconder a certeza de que o mesmo já se foi as incongruências do exército quanto ao desaparecimento de Mike. Não a toa escalaram Tommy Lee Jones para a trama, e não a toa que o ator recebeu uma indicação ao Oscar pelo papel.
No Vale das Sombras é denso e envolvente. Menos delicado e mais cruel com a natureza humana. Haggis, ao mostrar que metade dos Estados Unidos estavam mergulhados nesse vale triste e sombrio de desespero, entregou sua melhor produção até agora.




Watchmen - O Filme (Watchmen)

Dir. Zack Snyder



Quase sem público, mesmo em uma noite de quarta-feira, dia oficial de muitos cinemas oferecerem a meia entrada aos seus espectadores, trajando meu uniforme especialmente comprado para a ocasião – uma camiseta com o símbolo do Comediante na frente e o escrito “Who Watches The Watchmen” nas costas – fui mais uma vez assistir Watchmen – O Filme.
Evidente que, por mais que a produtora Warner tenha feito um grande chamariz a respeito do filme, sua arrecadação nem chegou perto da arrecadação bilionária de Batman - O Cavaleiro Das Trevas. A começar pela censura máxima que o filme recebeu, impedindo que adolescentes pudessem entrar nos cinemas. De qualquer forma, sua trama pesada não ajudaria aqueles que conseguissem burlar a censura.
O sucesso foi tão relativo que, três semanas após sua estréia, nas duas cidades em que vi o filme, Bauru e Araraquara, a produção não estava mais em cartaz. Impossibilitando-me de, como pensei, ler a obra de Moore e rever o filme com mais atenção. Agora, só com o lançamento do dvd.
Nessa segunda vez de Watchmen, a maior experiência não se concentrou em mim. E sim em assistir em companhia de alguém que não é uma leitora de quadrinhos e não conhecia a história de Watchmen. Assim, aos seus olhos, a produção pôde se revelar da maneira como foi produzida. Sem os estigmas e amarras que tive ao assisti-lo.
Em seus créditos finais, quando, enfim, comecei discutindo as diferenças entre a obra prima de Moore e o bom filme de Snyder, concluímos que Watchmen – O filme é uma boa produção. Evidentemente que certas dúvidas ficaram em sua cabeça. Dúvidas que esclareci por conhecer a imensidão do gibi. Mas assim como nos quadrinhos, as personagens são consagradoras. Rorschach, Dr. Manhattan, Ozymandias e até mesmo a atriz Malin Akerman, a mais fraca do grupo, encanta como Espectral. Deixando no público uma sensação inigualável.
Watchmen, assim como a obra que o inspirou, não é um filme para assistir com olhos rasos. É necessário um mergulho profundo, perdendo o fôlego. Assim, tanto eu, leitor da obra, como ela, apreciadora somente da produção de Snyder, pudemos concluir que a imbatível história de Alan Moore, mesmo amenizada e manipulada por Snyder, continua ainda atual e forte como nunca. Seja como um filme baseado em uma história em quadrinhos ou apenas como um filme.





Meu Monstro de Estimação (The Water Horse)

Dir. Jay Russell


Difícil resistir à esse delicado filme de temas universais. Baseado na obra do escritor Dick King-Smith, o mesmo autor de Babe – O Porquinho Atrapalhado, a trama narra a história de Angus MacMorrow, um garoto sem amigos e infeliz, a espera de seu pai que, em breve, voltará da guerra. E que encontra em um pequeno ovo misterioso na orla da praia um motivo para ter esperança.
Filmes como esse não possuem narrativas inovadoras. Temos que deixar que sua história fabulosa e melancólica seja o guia para nosso discernimento.
Como toda história do gênero, nada é mais precioso a Angus que seu novo amigo, apelidado de Crusoé. Porém, a medida que o monstrinho cresce, fica impossível manter em segredo sua existência.
A narrativa fala implicitamente sobre uma época em que a ausência de contato entre adultos e crianças era real. Passando-se em um período de guerra, o filme mostra todo o medo, esperança e desilusão de uma criança que cresce a espera de seu pai, herói da infância.
Seu ponto de fuga é a amizade com o novo amigo, tão estranho no mundo quanto ele. E caberá a esse garoto e seu amigo inacreditável tentar trazer a tona um pouco de humanidade a essas personagens danificadas por tempos ruins.
Meu Monstro de Estimação é uma das produções melhor assistida com os sentimentos, por sua narrativa delicada. Não podemos esperar mais nada de uma obra cujo autor é um excelente escritor juvenil.





Temos Vagas (Vacancy)

Dir. Nimród Antal


Amaldiçoado por forças ocultas, vez ou outra, o gênero de terror é presenteado com um bom filme. Capaz de, mesmo mergulhado em clichês, fazendo repeteco de situações limites já exploradas em demasia em outras produções, tornar-se uma boa diversão. Afinal, não podemos esperar mais nada de um filme de terror do que litros de sangue e bom divertimento.
Temos Vagas é outra grata surpresa em meio ao mar tenebroso de produções feitas, aparentemente, em piloto automático, que enchem, mês a mês, as prateleiras das locadoras e também dos cinemas.
A trama pode ser prevista facilmente pelo título. Um jovem casal, prestes a se separar após tantas brigas, são obrigados a passar a noite em um motel a beira de estrada. Após estarem confortáveis e alojados no quarto, encontram uma série de filmes caseiros filmados no hotel, no mesmo quarto onde estão. Nas fitas, vítimas são torturadas e assassinadas e, antes que o casal perceba, eles já foram marcados como as próximas vítimas.
Tem-se, então, a deliciosa caça entre gato e rato, vítima e assassino, durante a produção. É evidente, apenas expondo a sinopse, que as referencias citadas não são inéditas. Ambientes isolados, hotéis a beira de estradas são usados desde Psicose. Sem contar casais que, prestes a cortar os laços, sobrevivem à chacinas cinematográficas e resolvem dar mais uma chance para seu amor.
Clichês, quando bem utilizados, produzem um bom espetáculo. Um tanto quanto óbvio, sem dúvida, mas admirável e divertido. Temos Vagas, por mais inofensivo que seja, é um bom exemplo a ser seguido por produtores de terror. Aqueles que utilizam qualquer elemento, qualquer seleção de atores, produzindo qualquer material descartável que, no final, é embaraçosamente vergonhoso.