domingo, 31 de maio de 2009

A Semana em filmes (24 a 30 de Maio)

Trovão Tropical (Tropical Thunder)

Dir. Ben Stiller

Bem Stiller é um cara muito bacana. Normalmente ator de um papel só, o do fracassado que nada conseguiu na vida, sempre realiza filmes de comédia que, mesmo não tão bons, conseguem gerir boas risadas.
Paralelamente a isso, Stiller tem uma carreira de diretor que, dizem, começou promissoramente e vem se deteriorando com filmes estranhos, em que uma certa incompreensão surgiu – Lembram-se de Zoolander? Uma boa idéia um tanto quanto equivocada. Trovão Tropical é a resposta de Stiller a esses que falam mal de sua carreira de diretor e também um alívio a seus últimos e fracos filmes.
O melhor de Stiller está presente. O filme abre com trailer falsos, hilários. As personagens bizarras e um Robert Downey Jr interpretando um australiano tão perfeccionista que para entrar em seu personagem, um soldado negro, sofreu uma cirurgia de pigmentação na pele. Todos esses elementos a serviço da diversão.
Mas, apesar da boa intenção, o filme comete alguns excessos. Assim como outros comediantes, como Adam Sandler e Jim Carey, Stiller, se não controlado, exagera em alguns pontos. E são nesses exatos pontos que a produção fracassa.um ótimo filme porque oscila em cenas inexpressivas que poderiam, muito bem, não existir.
Apesar de tudo, a proposta é, de fato, inovadora. A sátira sobre a guerra funciona a maioria do tempo e quem assistiu ao menos aos mais conhecidos filmes de ação, reconheceram algumas cenas satirizadas. Sem contar Tom Cruise, em cena por poucos minutos, mas ridiculamente caracterizado como um mega empresário gorducho e peludo.





Akira (Akira)

Dir. Katsuhiro Ôtomo

Vinte e um anos após a produção desta animação não a envelheceram de maneira alguma. Com a restauração feita com cuidado por especialistas, o desenho está mais belo e perfeito do que nunca. E a produtora Focus Filmes merece também seus parabéns por ter tido o mesmo cuidado em lançar a edição brasileira.
A edição foi lançada originalmente em uma caixa de metal com camiseta, dois cards e um pôster, mas já está esgotada. Atualmente existem duas versões no mercado: a simples, contendo o filme em widescreen, restaurado digitalmente e a dupla com o filme restaurado e uma versão full sem nenhuma limpeza (comparando-se os dois percebe-se a qualidade da restauração).
Considerado – com razão – um marco na animação, não é só sua produção gráfica que merece destaque. A trama intrincada sobre um futuro apocalíptico, após a terceira guerra mundial, nos apresenta uma Tóquio reconstruída pós guerra mas decadente de violência e subversão. Situados nessa escória estão um grupo de motoqueiro liderado por Kaneda, que terá um amigo, Tetsuo, envolvido em um projeto governamental chamado Akira.
Dizer mais do que poucas linhas sobre a trama é revelar fatos desnecessários e que perderiam o impacto na hora de assistir a produção.
A animação não só tem um visual muito rico, como diversas vezes é repleta de detalhes e cenas surreais terríveis. Chegando a ser melhor do que algumas animações produzidas hoje, vinte anos depois.
Alguns boatos infelizes estão no ar dizendo que uma adaptação em live action está a caminho, inclusive que Leonardo Di Caprio faria um dos papéis. Porém, essa nota foi desmentida dizendo que o interesse do ator era apenas em produzir o longa. Particularmente, uma trama tão rica como Akira se for adaptada deve ser feita com o máximo de cuidado e, honestamente, produzida no Japão e falada em sua língua de origem. Não seria uma boa hora para os produtores americanos investirem para produzir o filme em parceria com o Japão?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Semana em filmes (17 a 23 de Maio)

Muito Gelo e Dois Dedos D´Agua (Muito Gelo e Dois Dedos D'Água)

Dir. Daniel Filho


As vezes, imagino que as incursões de Daniel Filho ao cinema nacional são apenas para causar desgosto no telespectador. Antigamente, minha impressão era de que sempre o diretor fora realizador de filmes médios, mas sua carreira na tela grande é um tanto quanto nova e ainda ineficiente.
Ainda que não se deva culpar o pobre diretor por mais um filme estragado em sua filmografia, o roteiro desta obra é de Alexandre Machado e Fernanda Young que só acertaram uma vez, de fato, ao realizarem a série Os Normais, na Globo. Porém, é inevitável que as tochas e tomates se concentrem no diretor da obra.
O principal problema estrutural de Muito Gelo e Dois Dedos D´Agua é que sua trama situa-se no limite do plausível e, aos poucos, toca o absurdo. Apontando que na falta de um roteiro inteligente, optou-se pelo efeito conhecido como “bola de neve”, onde as situações vão se acumulando e acumulando, até saírem do controle, até mesmo dos produtores do filme.
A trama exagerada conta a história de duas irmãs que decidem se vingar da avó castradora e, para tal, seqüestram a velhinha e vão até a casa de veraneio da família torturar a pobre coitada, interpretada por Laura Cardoso que, infelizmente, não pode mostrar todo o vasto talento que possui em cena.
No fundo, a produção é mais um filme brasileiro em que nudez desnecessárias, e também mais um comercial escancarado da Goodyear, são um detalhe de um roteiro mal elaborado. A trama tenciona ser comédia e, de fato, existem alguns momentos cômicos que se contam nas mãos. Mas é mais fraco que whisky com muito gelo e dois dedos d´agua.





Casa da Mãe Joana (Casa da Mãe Joana)

Dir. Hugo Carvana


É um fato incontestável. A ausência de bons roteiros no mercado brasileiro resulta em filmes ruins. É uma formula básica. Não importa bons atores e uma boa direção se não existe um caminho para que eles sigam. E muitos filmes nos passam a sensação de estarem tão ao vento, que chegamos a acreditar que qualquer roteiro foi escolhido para a trama, sem receber nenhuma correção, nenhum tratamento, nada.
Prova disso é A Casa da Mãe Joana, visto em seguida ao filme de Daniel Filho. Impressiona que um grupo de atores de alto calibre como Paulo Betti, Jose Wylker, Pedro Cardoso e Antônio Pedro – só para mencionar os principais – tenham cometido a audácia de realizar esse filme que parece que nunca sai do lugar.
Se apenas o roteiro dessa vez fosse o problema mas, novamente, o cinema brasileiro apela para nudez desnecessária, dessa vez nos corpos curvilíneos de Fernanda Freitas e Juliana Paes.
Uma produção que poderia ser uma boa comédia, resulta em um desastre completo. Mesmo que o elenco principal esteja muito bem integrado e se esforçando ao máximo para ser engraçado.
Curiosamente, é o segundo filme em que Laura Cardoso aparece e, novamente, a excelente atriz é subaproveitada. Nitidamente comprovando o desperdício que roteiristas e diretores cometem, apenas porque, talvez, a atriz seja idosa demais (Por isso mesmo sempre interpretando a avó, uma idosa louca, ou algo do gênero).
Infelizmente, temos apenas que nos lamentar.





Sexo com Amor? (Sexo com Amor?)

Dir. Wolf Maya


Filme de estréia do diretor Wolf Maya nos cinemas. É impressionante como, mesmo não sendo um grande espetáculo, Sexo com Amor? tem mérito garantido por apresentar, desde seu trailer, sua intenção, bem como o roteiro articulado por trás.
Tanto essa produção como Sexo, Amor e Traição de Jorge Fernando, fazem parte de uma parceria da Globo Filmes com outra produtoras da América Latina. Uma espécie de empréstimo, em que vários países se inspirariam em filmes já feitos para produzir os seus próprios. Portanto, essa produção é baseada na obra de mesmo título, produzida no Chile.
Porém, para evitar choques culturais, algumas adaptações foram feitas. A história se concentra em diversas personagens que possuem relacionamentos instáveis ou já mornos, e aos poucos, vamos conhecendo-os e descobrindo que os mesmo possuem laços com outras pessoas. A narrativa assemelha-se muito a uma novela, outro defeito de produções brasileiras que, muitas vezes, ainda não conseguem compreender que novelas são produzidas para a tevê e a teatralidade dos palcos é para ser vistas neles.
Alguns núcleos são mais competentes que os outros – afinal, em um filme com Reynaldo Reynaldo Gianechinni e Marília Gabriela fica difícil a competição de quem está pior – mas todos estão em um bom patamar e acabam por se completar, mesclando humor em alguns e drama em outros.
Mas sem dúvida que o ponto alto é o malandro interpretado (?) por Eri Johnson, casado com Maria Clara Gueiros. Ambos defende muito bem a parte cômica dessa produção que, nesse mercado brasileiro ainda confuso, consegue ser uma boa diversão sem comprometer-se a errar.





A Mulher do Meu Amigo (A Mulher do Meu Amigo)

Dir. Claudio Torres



O inicio de A Mulher do Meu Amigo parece promissor. A personagem de Marcos Palmeira narra em off um discurso sobre as atitudes que temos que tomar na vida e afirma que escolheu todas aquelas que o levaram a ruína, fechando a narrativa com um palavrão.
Ainda que seja baseada na peça teatral de Domingos de Oliveira, “Largando o Escritório”, a qual não vi, portanto não posso comentar, essa produção segue um tanto quanto a risca a cartilha de produções recentes e repete o erro do filme anterior do diretor, Redentor.
Mesmo com um mote interessante, de um executivo que resolve desistir de trabalhar no escritório do sogro – interpretado por Antônio Fagundes, um dos poucos brilhos do filmes – cansado de suas imoralidades e, assim, afetando a vida de sua esposa e dos amigos ao redor, o filme não consegue decolar de maneira alguma.
Novamente tem-se a impressão que, após criado o mote, o roteiro fora deixado a deriva e o resultado que saísse seria revelado e viraria o filme que assistimos. Ainda que o filme conte com bons atores, as situações estranhas e absurdas que vão se encavalando na pouca duração da produção não vai lhe conferindo nenhuma verossimilhança, muito pelo contrário.
E pela terceira vez nessa semana, tenho a sensação de que as personagens brasileiras são como as da peça de Pirandello, estão a procura de um autor, um roteirista que lhe escreva boas falas e situações adequadas para o desenlace do filme.




A Guerra Dos Rochas (A Guerra Dos Rochas)

Dir. Jorge Fernando


Após quatro filmes brasileiros visto em Panorama, o último da série é a faca aprofundada na carne, o iceberg que derrubou o navio. Nas palavras de um amigo, com a duração de A Guerra Dos Rochas, a produção nem deveria ser considerada um longa metragem.
Mas engana-se quem pensa que sua curta duração é um fator positivo para o filme. Nessa produção, parece-me mesmo que os atores tiveram uma conversa inicial do que fazer e foram em frente as câmeras, seja o que Deus quiser.
A trama é simples, uma velhinha, interpretada por Ary Fontoura – é notório que tentaram, em vão, deixar a produção com um ar engraçado, mas falharam miseravelmente – que por sua idade avançada começa a se tornar um fardo para seus três filhos. Porém quando – em um desses arroubos dos roteiros brasileiros – ela é confundida com uma velha atropelada, os filhos começam a refletir sobre o que fizeram com a mãe.
Mais intrigante é saber que esse filme também é uma adaptação teatral. Levando-me a crer que, novamente, não souberam transpor a trama para a película. Só dessa maneira para ser possível o lançamento dessa produção vergonhosa.
Se serve como curiosidade, é o terceiro filme dirigido por Jorge Fernando, que além desse dirigiu o bom Sexo, Amor e Traição (adaptado de um filme latino americano, lembrem-se, com um roteiro já pronto) e de Xuxa Gêmeas (precisa dizer mais alguma coisa?).





Anjos e Demônios (Angels & Demons)

Dir. Ron Howard


Novamente, minhas previsões na coluna Preliminar foram corretas. Anjos e Demônios, adaptação da obra de Dan Brown, o autor do best seller O Código da Vinci, é superior a primeira produção. Mas superior não valida o filme como um bom espetáculo.
Os erros da primeira produção foram consertados, provando que Ron Howard aprendeu com as falhas.
A narrativa criada no cinema é diferente daquela vista no livro. A primeira produção apresentava uma narrativa mais próxima ao seu livro, com avanços e retrocessos temporais inclusos. Aqui, optou-se por cortar certos ganchos que só funcionam em palavras, não em arte visual.
Tratando-se de estilo, os cenários são belíssimos. Como o Vaticano proibiu o acesso da produção à cidade, o trabalho para recriar praças em tamanho real deve ter sido longo e extenso. Não só nos cenários, mas a cabeleira de Robert Langdon também recebeu um ajuste. O péssimo mullet do primeiro filme desapareceu, dando um ar mais respeitoso ao simbologista que Tom Hanks continua interpretando no piloto automático e, aparentemnte, ainda se divertindo.
Anjos e Demônios é um pouco mais linear que O Código da Vinci. No fundo é uma caça ao tesouro, sem tantas revelações. Mas, por ser o primeiro romance de Brown, é também mais experimental, então exageros demais foram cometidos. O que compromete a diversão do filme e o seu desfecho vira uma piada de torcer os lábios.
Minha esperança é que na terceira adaptação finalmente consigam acertar, mas para isso até mesmo Brown precisa dosar melhor seu livro.
Por fim, como dito na coluna prévia sobre o filme, o amigo Vinício do blog O Jardim dos Gatos Teimosos também estava lá para conferir esse filme morno e recomendo que vocês também leiam sua resenha, é sempre interessante saber se uma mesma produção gera críticas diferentes.





The Spirit - O Filme (The Spirit)

Dir. Frank Miller


Após uma série espetaculosa de filmes ruins, somando-se a seis meses de resenhas cinematográficas, acredito que um certo cinismo nos invade ao falar de produções que, definitivamente, estão longe de serem boas. Desde já estou imaginando uma maneira boba de adicionar a frase “Haja espírito para ver esse filme”, para comprovar minha teoria.
O fato é que o escritor e desenhista Frank Miller entrou no mercado cinematográfico com muito entusiasmo, dirigindo em conjunto com Robert Rodriguez o filme baseado em sua obra sobre uma cidade pecaminosa. Empolgado com o sucesso do filme, Miller aplica novamente a técnica decalcada de Sin City e vai no âmago das histórias em quadrinhos para contar a história de Spirit.
Spirit é considerado um dos heróis mais importantes das histórias em quadrinhos, criado pelo revolucionário Will Eisner. A saga de Spirit foi uma das primeiras a envolver um herói e a narrativa policial. Miller, fã do herói, escreveu um roteiro baseado na personagem e foi estreiar atrás da câmeras.
Porém, quem acompanha a evolução dos quadrinhos sabe muito bem que Frank Miller há muito tempo não é o homem que era. Há tempos não realiza uma obra a altura de seus clássicos e The Spirit – O Filme é mais um passo escada abaixo de sua decadência.
Os primeiro minutos da produção são interessantes, além de bonitos, pelas cenas em preto e branco, repleta de efeitos especiais. A narração em off da personagem principal da o requinte necessário que a trama exige. Mas ao decorrer do tempo, principalmente com a aparição do vilão Octopus, personagem histérico interpretado por Samuel L. Jackson, o projeto desanda por completo.
Miller não só deu sua visão pessoal sobre a personagem, como mudou o conceito conhecido dela. Nas páginas de Will Eisner, Spirit não é nenhum super herói. É apenas um homem comum que forjou sua própria morte para renascer como um anônimo mascarado. Mas aqui ele ganha contortos super poderosos, não só tendo super força, como sobrevivendo a golpes e tiros e ainda alucinando com um espírito da morte que, de acordo com a trama, sempre está por chamar Spirit.
Transformando um bom conceito na mão do mestre Eisner em um pastiche ruim. Sem contar que, embora a pompa da produção mereça destaque, a direção é uma copia exata do estilo de Rodriguez em Sin City.
Frank Miller já foi capaz de demonstrar que é um autor genial, revigorou Demolidor dando-lhe sagas incríveis, colocou Batman em uma de suas melhores histórias, sem contar diversas outras que criou em seu próprio universo. Porém, talvez, uma sugestão, o cinema deva ser deixado para lá.
Em tempo, a editora Panini recentemente lançou duas sagas em que dois escritores dão sua visão sobre Spirit mas ainda hoje nenhuma editora relançou essa obra máxima de Will Eisner. Prezados editores, o que diabos vocês estão esperando?





Força de Proteção (Hard Cops)

Dir. Sheldon Lettich


Não é necessário informar que a personagem de Van Damme nesta produção, o ex-soldado Philip Sauvage é, por assim dizer, o melhor dos melhores. Contratado para proteger um campeão mundial de boxe aposentado de uma figura do rap que está saindo das grades com sede de vingança, pois foi o ex-boxeador que juntou provas suficientes para coloca-lo na prisão. Com medo de não suportar o trabalho, Sauvage monta uma equipe de jovens lutadores e ex-soldados para ajuda-los, os tais Hard Cops do título original, ou a Força de Proteção no título brasileiro.
Em comparação com as recentes produções do astro, esse filme apresenta mais coesão. Isso não o deixa acima da média, mas um capricho a mais sempre é bom ser destacado. Assim como o diferencial de suas produções comuns. Aqui Van Damme está fora de seu nicho, no meio de uma briga entre um gangsta rap e um ex boxeador que virou empresário. Outras maneiras dos roteiristas de chamaram a atenção do público para um ator que sempre faz a mesma produção.
Destaco também que neste filme, J.C.V.D. resolveu sair no muque em algumas cenas e até protagoniza uma cena de luta mano a mano, muito bem realizada. É bom que ainda tentem resgatar o lado lutador de Van Damme, pois muitos que o assistem esperam exatamente esse tipo de cena em seus filmes.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Semana em filmes (10 a 16 de Maio)

Star Trek (Star Trek)

Dir. J. J. Abrams



Mesmo que alguns especialistas digam que não, é explícito que o cinema americano está em declínio. Não só greves estão no histórico recente de seu passado, como a maioria dos filmes ou são adaptações de idéias já criadas em outros meios ou revitalizações de séries antigas.
Porém, muito pior do que isso é constatar que diversos filmes lançado nos últimos anos, não só contem pouca originalidade como, apesar do apuro técnico, são extremamente ruins. Filmes de terror adaptados sem critério, obras do mestre Hitchcock recebendo releituras e muitos filmes que poderiam ser bons, ganham, no máximo, a alcunha de legal, algo que poderia ter sido e não foi. Passando-nos a sensação de que a baderna é tanta que qualquer produção que possa salvar a indústria está sendo feita as pressas, por desespero.
Portanto, foi com extrema cautela que não só os fãs da série Star Trek – Jornada nas Estrelas, como os cinéfilos em geral, aguardavam a revitalização da série. Mais um argumento antigo seria inovado pelos produtores americanos e mais uma vez uma decepção poderia surgir.
Mas o cuidado do diretor J. J. Abrams e dos produtores foi tanto, que tanto os fãs, quanto aqueles que estão conhecendo agora as aventuras da nave Enterprise, podem assistir tranquilamente esta nova produção, que recebeu o cuidado e a atenção devida para não cair no limbo de grandes produções que pecam no produto final.
O aspecto mais interessante do filme encontra-se em seu roteiro que – fiquem tranqüilos, não vou revelar – por conta de um pequeno detalhe, dá todo sentido a trama e sua conseqüência em relação a série, já que a narrativa desse filme se passa antes dos acontecimentos da série clássica.
E embora mantendo-se longe das rédeas de um filme de ficção tradicional - parecendo-se mais com uma aventura repleta de ação - é louvável que a produção seja bem articulada, dando gosto de assisti-la.
Star Trek é, desde já, uma das melhores produções lançadas este ano nos cinemas. Ano um tanto quanto morno.




O Buraco (The Hole)

Dir. Nick Hamm


Sem nenhuma pretensão aparente, é impressionante como O Buraco é um bom e eficiente filme de suspense. Tendo como principal a atriz Thora Birch, logo após seu papel em Beleza Americana- sua trama chega a soar boba de tão simples, mas talvez esse conceito básico que ajude a manter a tensão e o clima.
Birch é Liz Dunn, uma das estudantes de um grupo de amigos que decidem passar alguns dias no buraco, um antigo abrigo anti-bombas. Porém, quando eles descobrem que estão de fato trancados no lugar, o desespero os invadem já que é impossível que alguém de fora consiga escuta-los.
Talvez, o mínimo da história seja o melhor para se apreciar a história que, aos poucos, vai iluminando os fatos e narrando o que verdadeiramente aconteceu nos dias em que aqueles estudantes ficaram trancados no abrigo. Atrevo-me até em dizer que o final é um tanto quanto verossímil, se comparamos este com diversos finais de outros suspenses.
Pena que após essa produção, a boa atriz Thora Birch conseguiu atenção em só mais um papel e nunca mais ganhou o destaque merecido. E o diretor, Nick Hamm, dirigiu após este apenas uma outra produção: O Enviado, suspense altamente duvidoso com Robert DeNiro.




A Rocha (The Rock)

Dir. Michael Bay


Chega a ser inacreditável que esse bom filme de ação seja do explosivo Michael Bay, com um elenco central de primeira e uma trama legítima de filmes de ação.
É um suspiro aliviado para mim encontrar Nicolas Cage em um bom papel. E sempre um prazer em ver Sir Sean Connery como o melhor dos melhores na história, responsável por ajudar os mocinhos a salvar o dia.
Para quem não se familiariza com a trama de A Rocha, e assim perdeu muitas vezes o filme na televisão, a história gira em torno de um general frustrado que na antiga prisão de Alcatraz fazem um grupo de turista de refém e ameaçam explodir diversas bombas contra a cidade. Deixando a responsabilidade de evitar que o desastre aconteça nas mãos de um perito em armas químicas (Cage) e o único homem que já conseguiu fugir da prisão (Connery).
O resultado da trama e da tríade de bons atores é um bom filme de ação, talvez um dos mais significativos da fraca década de noventa. Ainda que não seja um exemplar perfeito, possuíndo alguns defeitos, é irresistível quando algum canal o exibe. Chega a ser incrível pensar que o diretor seja mesmo Michael Bay.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Vinte e Quatro Mil Léguas Submarinas

(Narrativa em homenagem a mim mesmo, em celebração ao meu aniversário, hoje, 20 de Maio)

Antes que eu comece meu depoimento, chequem os registros de precedentes para que redundâncias sejam evitadas. Em meu grosso arquivo da vida, tenho mais de oito de escrita. Metade desse prontuário à sua frente é vertente de mim mesmo que moldei em distorção.
Mas não se assustem com a quantidade da bagagem. Quando eu revisar essas folhas, metade do que contei virará pó, mantido apenas nas paredes das memórias.

Meu desejo mais profundo é afirmar em belas palavras que aqui cheguei com meus próprios pés. Mas deixando qualquer poesia de lado, a sombra do tempo, o peso das horas é igual e chega para todos nós.

Então, vim. Aqui estou. Disseram-me que alterei minha maneira de ser, tornei-me mais cruel, pontiagudo e infeliz. Porém, desse lado do espelho tudo permanece igual. Minha barba cresce porque não quero cortá-la, mas o tempo ainda é lento para me marcar. Por sorte, por sorte.

Não tive velas assopradas no ano que passou, não terei nesse também. Celebrarei meu vazio através do silêncio, numa bebida entre amigos, em um abraço gentil, ouvindo palavras falsas de condecorações. Daqueles que lembram de ti pelo calendário programado do aparelho móvel.

Assim, com idéias nuas me apresento a deserção: vinte e quatro anos de sonho, de sangue e de América do sul. Com a guitarra em punhos, faço o blues que faz a lua brilhar, pois não tenho samba para um tango.

Para trás deixo apenas vinte e três anos, algumas saudades e a certeza de que, nos registros meu histórico é repleto de narrativas. A minha frente eis o invisível vazio.

Façamos de conta que abri a taça de vinho, tomei o primeiro gole e derramei o resto em mim mesmo, feliz por mais esse caminho conquistado.

Araraquara, 20 de Maio de 2009

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Semana em filmes (03 a 09 de Maio)

Dragonball Evolution (Dragonball Evolution)

Dir. James Wong

Há muitos filmes sensíveis, capazes de nos emocionar. Outros nos trazem lágrimas por sua péssima execução.
Orgulhoso de minha coragem, até agora, por assistir Dragonball – Evolution, estou também perplexo pela destruição de um grande mangá, nada semelhante a história criada por Akira Toriyama.
Personagens foram retirados, temas foram transformados e visuais eliminados. Tudo tão diferente que se os personagens não se apresentassem com seus nomes, não seria possível definir quem são eles.
O mangá que inspirou o filme, Dragon Ball, retrata a infância de Goku. Mas aqui ele é um adolescente maneiro, estilo Malhação, que se sente diferente de todos e não consegue se adaptar, mesmo sendo igual a todos os outros na escola e tendo um bela japonesa dando bola para ele. É nesse ponto que seu avô, quase moribundo, joga o fardo das esferas do dragão e conta a lenda de Shenlong.
O vilão da trama, Picollo, que pode ser considerado, sem dúvida, um dos grandes vilões dos mangás, além de não possuir nenhuma semelhança física com seu original, é tão mal desenvolvido que deve aparecer no máximo em dez minutos de cena.
E o tal desfecho é tão rápido que fica sem graça e, assim, anti-climático. Fujam para as montanhas desse aqui. Mais uma produção que, redondinha, entra para a lista dos piores do ano.
Os ocidentais deveriam respeitar melhor um dos melhores mangás já produzidos.

domingo, 17 de maio de 2009

A Semana em filmes (26 de Abril a 02 de Maio)

Garotas Selvagens (Wild Things)

Dir. John McNaughton



Nota-se a época de produção de Garotas Selvagens, pelo tamanho – gigantesco – dos celulares que aparecem em cena. Detalhes a parte, a trama, se não houvesse um pouco de suspense envolvido, se encaixaria perfeitamente como um filme soft porn. Criando uma trama apenas para apelar para a nudez de Denise Richards – que nunca teve expressividade além de suas curvas corporais. Porém, as cenas são tão poucas que o enfoque da produção deve ser mesmo o suspense.
O roteiro é um daqueles onde as reviravoltas não param, chegando a causar náuseas de tantos movimentos giratórios. Quando o telespectador começa ter certeza daquilo que aparece na tela, tudo é exposto de forma inversa e assim por diante. Porém o básico da trama se concentra nessa frase: Uma bela jovem de uma das famílias mais ricas da Flórida acusa um professor de tê-la estuprado e, assim, começam as reviravoltas.
Se a produção paltasse apenas no suspense, poderia render uma boa produção. Ainda que Kevin Bacon, o policial da trama, estivesse em uma fase ruim, anterior à fase de boas atuações que perduram até hoje, e o roteiro fosse viciado pelas reviravoltas.
Mas, Garotas Selvagens, é o típico filme ruim que diverte. Feito para agradar por ser uma espécie mal feita e tosca, um Instinto Selvagem de quinta categoria.
Além dessa produção, o filme rendeu duas continuações mas me recuso a assistí-las.





Replicante (Replicant)

Dir. Ringo Lam



Mais um filme que decepciona após a segunda exibição. Replicante, que teve sua estréia mundial nos cinemas brasileiros, fez muito alarde na época como a volta de Van Damme aos bons filmes, mas, infelizmente, a história não é bem assim.
Novamente Van Damme interpreta dois papeis, um cruel assassino chamado Garrote que aterroriza a cidade de Seattle e ganha uma réplica que, de acordo com os organizadores do projeto secreto, seria capaz de atrair o assassino. Mas eles não contavam que a réplica, chamada de número Um, possui, ainda, uma mente infantil e precisa passar por um aprendizado. Ou seja, de um lado temos um bandido feroz e de outro um personagem bobão.
O filme foi lançado na época de O Sexto Dia, filme do Governator Arnold Schwarzenegger, que também abusa da idéia de clonagem e também não consegue ser bem sucedido.
Mesmo que a divulgação, na época, tenha sido maciça, com o astro vindo ao Brasil, elogiando o filme ao extremo, a produção é um tanto quanto insossa e não consegue emplacar. Quem lembra-se desses anúncios e pensa que a produção é o que se diz, a volta de Van Damme, se engana.
O filme faz parte da caixa O Melhor de Van Damme, citada na análise do filme Hell e, após assistir os quatro filmes, o melhor dos piores é Hell, a terceira parceria de Ringo Lam com J.C.V.D.




Transformers - O Filme (Transformers)

Dir. Michael Bay



Michael Bay nunca foi um diretor muito significativo. Com poucos filmes na carreira, ao menos os três primeiros – Bad Boys, A Rocha e Armageddon – são bons filmes de ação produzidos na década de noventa, ainda que imperfeitos. Mas após sua tentativa séria de realizar uma produção dedicada ao ataque de Pearl Harbor, o pouco talento de Bay tornou-se insuportável.
Porém, após sete filmes na carreira, tem-se a impressão que está completamente a vontade na cadeira de diretor para realizar Transformers, uma produção que une suas principais características cinematográficas: ação e explosões.
Evidente que não podemos esperar nada complexo de uma trama que envolve dois grupos de robôs, vindos de outro planeta, para brigar por um cubo no planeta Terra. Portanto, a partir de um roteiro simples e de uma boa dupla principal no elenco, o ator Shia Lebeouf e a maravilhosa Megan Fox, a produção dá espaço para os efeitos especiais e para os robozões quebrarem o pau a vontade, destruírem um bocado do planeta sempre com muitas, muitas explosões.
O lado positivo de Bay é que, um tanto quanto averso aos efeitos especiais por computador, o diretor realiza o máximo de explosões e efeitos possíveis em cenas reais. Tirando os robôs inseridos digitalmente, todo o quebra quebra foi, de fato, filmado. E ainda hoje produções como essa funcionam melhor do que filmes em que os efeitos reinam em todas as cenas.
Engana-se quem pensa que a produção não passa pelo crivo da segunda exibição. Ao rever o filme, achei-o tão divertido quanto a primeira vez e ainda fiquei, novamente, impressionado com os efeitos especiais que criaram os Autobots e os Decepticons, extremamente perfeitos e integrados as cenas.
A continuação do filme estréia mês que vem, e parece que a qualidade será a mesma – ao que tudo indica pelo trailer, o roteiro, novamente, é bem linear. Bom também para Michael Bay que finalmente pode explodir o que quiser e ter robôs gigantes como desculpa para sua diversão.





Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off)

Dir. John Hughes


Há 23 anos atrás estreiava um dos melhores sopros eternos de juventude. É impossível não se entregar à simples, mas divertida história de Ferris Buller que, cansado de perder mais um belo dia na escola, resolve fingir para os pais que está doente e, ao lado do melhor amigo e da namorada, sair para passear.
Quem ainda não assistiu a esse clássico da comédia, com Matthew Broderick no papel principal, perde um dos grandes filmes icônicos do cinema, ainda divertido e engraçado após tanto tempo.
Com uma história tão linear e simples, chega a surpreender que a produção funcione do começo ao fim, gerando cenas e mais cenas clássicas. A segurança de Broderick no papel principal, o malandro Ferris, que sempre consegue dar um jeitinho em todas as situações, marcou-se eternamente como um personagem juvenil.
E juventude não falta nessa produção. Curtindo a Vida Adoidado é uma história eterna para todas as idades. Seja para aqueles grandões que curtiram sua juventude, como para os jovens de hoje. É uma das poucas produções que, mesmo quando chega ao fim, te deixa com aquela sensação bacana e um tanto inconseqüente de que, as vezes, o melhor é jogar tudo pro alto e fazer o que se quer.
Buller é a pílula para sabermos que nunca é tarde para aproveitarmos um dia ensolarado, é uma dica contra a monotonia e a chatisse. Capaz de reviver a juventude de qualquer um. Nas palavras do próprio: " A vida acontece bem depressa. Se, de vez em quando, não parar para aproveitar, vai acabar não vivendo."
Então, deixem um dia de trabalho para lá, saiam para ver o sol e cantar Twist and Shout.





Justiça Vermelha (Red Corner)

Dir. Jon Avnet


Assistindo a alguns filmes de Richard Gere, pude concluir que, mesmo que a produção não seja eficientemente boa, sua atuação sempre permanece em um patamar acima daquelas vistas normalmente.
Em Justiça Vermelha, thriller de tribunal do diretor Jon Avnet, Gere é um advogado bem sucedido que vai para China fechar um grande negócio. Ao passar uma noite por lá, sem conhecer quase nenhuma palavra da língua local, conhece uma linda chinesa e acaba levando-a para o hotel. No dia seguinte, a policia o acorda, aos solavancos e a moça foi, aparentemente, assassinada por ele. Sua personagem procura mostrar sua inocência em um país que, aparentemente, não poupa os culpados.
Deixando de lado eventuais reclamações sobre a visão americana perante a China, o roteiro da produção funciona, e permanece ao lado de Gere. Nenhuma das falas em chinês são traduzidas para o público, exceto aquelas que são traduzidas para sua personagem, facilmente apontando qual lado o telespectador deve estar.
Esse embate de comunicação ausente funciona, mostrando o quanto é difícil para um estrangeiro compreender um mundo que não é aquele conhecido habitualmente. A presença de sua advogada chinesa, papel de Bai Ling, lutando a favor dos diretos do estrangeiro, não importando sua nacionalidade, também equilibra a trama.
Mesmo que não seja um filme brilhante, como outro filme de tribunal também com Gere chamado As Duas Faces de Um Crime, essa produção talvez seja uma das mais coesas de Jon Avnet.