segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A Semana em Filmes (11 a 17 de Outubro)


Notas Sobre Um Escândalo (Notes on a Scandal)

Dir. Richard Eyre


Nem todos que estão ao nosso redor e, muitas vezes, participam ativamente em nossas vidas desejam, de fato, o nosso bem. Tal fato é tão antigo quanto a humanidade. O lobo em pele de cordeiro já visitou fabular antigas e até hoje permanece como um bom argumento.
Roteirizado por Patrick Marber, o mesmo de Closer – Perto Demais, Notas de Um Escândalo é uma eficiente produção que aborda os laços e domínios da amizade. Conta a história de duas personagens, uma velha solitária que não possui amigos e é linha dura como professora, Barbara Covett, e uma recém contratada da escola, Sheba Hart, que, em um ambiente novo, a procura de pessoas em quem reconhecer, se torna amiga de Bárbara.
Ainda que a amizade de ambas flua com bastante atenção, Bárbara, em uma interpretação incrível de Judd Dench, começa a se incomodar com a falta de atenção da amiga. Nasce, então, toda uma oposição de intrigas, que a velha escreve em seu diário.
Mantendo uma aparente simpatia com Sheba, por trás começa a tecer um ódio por ela e cria diversas intrigas para derrubá-la.
A vantagem do roteiro é que, em nenhum momento, parece julgar os acontecimentos. São exibidos na tela para que o público escolha que lado defender. Ainda que tenha recebido algumas críticas negativas, é um interessante longa sobre como as relações podem, não só se tornar viciadas, como mais criar desníveis e serem prejudiciais.




9 - A Salvação (9)

Dir. Shane Acker


As animações são hoje um dos braços importantes da indústria cinematográfica. Normalmente, geram boas bilheterias e sempre ganham espaço na mídia por conta de, as vezes, meros detalhes.
Logo de início, o que mais se ouviu falar sobre 9 – A Salvação é que foi um projeto apadrinhado por Tim Burton. O diretor assistiu o curta metragem com a mesma história do diretor e sugeriu para que o mesmo produzisse um longa. E o resultado é esse que vemos na tela.
Porém, não há nada de muito novo nessa animação. Há evidentes elogios quanto a beleza da imagem, mas tratando-se do roteiro, nada poderia ser mais comum. A trama gira em torno de uma pequena raça de bonecos que serão os responsáveis por salvar a humanidade. E, durante a trama, vão se apresentando diversas revelações que apenas crianças não devem imaginar.
O tom da produção é sombrio como as produções do seu padrinho, Tim Burton, mas ao contrário do diretor, que possui grandes momentos na carreira, 9 – A Salvação, infelizmente, nada acrescenta e poderia, muito bem, ter continuado como um curta metragem.




A Verdade Nua e Crua (The Ugly Truth)

Dir. Robert Luketic


Tentando buscar um diferente ponto de vista daqueles que conhecemos do padrão do gênero, A Verdade Nua e Crua insere um elemento diferente para que seu resultado fosse diferente das comédias atuais. Embora fracasse quanto a isso, há boas situações em sua trama que não foge do senso comum.
Nela, Abby Richter (Katherine Heigl) é uma produtora de um programa de televisão competente e conservadora que vê os índices de seu programa de audiência caindo cada vez mais. Por decisão de seu chefe, um ancora concorrente Mike Chadway é contratado para incrementar o programa e ela é obrigada a aceitar a participação de um comentarista machista.
É no personagem machista interpretado por Gerald Buttler que está concentrada toda a graça e originalidade do filme. Dizendo verdades amargas sobre os relacionamentos, temperados com doses de machismo, é sua personagem a responsável pelos risos da trama.
Já a personagem de Katherine Heigl quase continua a mesma de outras produções, como Vestida Para Casar. Uma garota comum que busca ser diferente, mas sempre cai no comum e ainda não consegue conquistar os homens que ama.
A produção tenta ser um pouco original, mas até uma das cenas que seriam o ápice do riso na trama foi devidamente copiada e adaptada do famoso Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro ou roubada descaradamente. Mas tem bons momentos.




Sylvia - Paixão Além de Palavras (Sylvia)

Dir. Christine Jef
fs


De uns tempos para cá, e isso é perceptível, as biografias cinematográficas estão ganhando bastante espaço. É raro encontrar uma que consiga equilibrar um bom roteiro, que mostre as diversas facetas do biografado e uma interpretação à altura.
Quando nem um, nem outro ocorre, o que temos é uma história superficial sobre uma grande personalidade que poderia receber um tratamento melhor vide seu talento e expressividade no mundo das artes.
É o caso dessa biografia da excelente poeta Slyvia Plath que, no papel de Gwyneth Paltrow, não ganhou a profundidade que sua história necessita. A poeta sempre teve crises de depressão e muitos problemas com o seu marido, o que culminou em seu suicídio. Mas tudo exibido no filme não parece tão verossímil.
Daniel Craig, que interpreta o marido de Plath, Ted Hughes, bem que tenta segurar a trama, mas seu papel é pequeno perante a um roteiro voltado só para o desempenho de Paltrow.
Porém, serve para aqueles que não conhecem nada sobre ela, ao menos compreender alguns pontos fundamentais e, a partir disso, buscarem suas obras, isso sim um verdadeiro material incrível.



A Orfã (Orphan)

Dir. Jaume Collet-Serra



Nem é preciso explicitar o quanto o cinema de terror tem abusado de crianças que, supostamente, causam medo por trazerem consigo maldições milenares ou serem, aparentemente, demoníacas.
Dessa maneira, a premissa de A Órfã não é nada, e traz em ondas diversas repetições que conhecemos. Na trama um casal, após mais um aborto, decide adotar uma garota aparentemente gentil e agradável que, aos poucos, começa a mostrar suas garras. Metade da família acredita na criança, a outra acha que ela é um monstro, e assim a trama se constrói perante as narrativas clichês no gênero.
Talvez por um pouco de apuro na direção e no roteiro, mesmo caminhando em bases muito vistas e revistas pelo cinema, a trama flui bem e, se não ganha um bom status, ao menos tem a capacidade de conquistar a atenção.
Curiosamente, também como está sendo costume no gênero, a trama possui um desenlace com reviravolta, porém, nesse caso, chega a ser um fato positivo e, até certo ponto, bem imaginado e que foge um pouco do comum, dando um breve suspiro de originalidade ao final da trama.

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