segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A Semana em Filmes (20 a 26 de Dezembro)

Frost / Nixon (Frost / Nixon)

Dir. Ron Howard



As produções indicadas ao Oscar nesse ano que passou foram recorde em recontar histórias reais. Frost / Nixon faz parte desse pacote, sendo uma interessante produção que se apega no roteiro, nos diálogos e na boa interpretação de seus atores para o sucesso do filme.
A ação passa-se logo após a renuncia de Nixon à presidência dos Estados Unidos, em que todo o povo americano indignara-se com os atos de seu presidente. Tentando reconquistar seu sucesso na América, o apresentador britânico Nick Frost tenta estabelecer uma série de entrevistas com o ex-presidente, dialogando sobre diversos assuntos, incluindo o escândalo de Watergate. Após muito tempo de espera, muita verba e suor, as tais entrevistas são realizadas.
O filme é feito de maneira semi-documental. Os próprios atores, ao decorrer da trama, vão tecendo depoimentos através de suas personagens, enquanto a ação central acontece.
Frank Langella e Martin Sheen que interpretam, respectivamente, Nixon e Frost, estão incríveis em seus papéis e são responsáveis pelas cenas de maior impacto dramático do longa.
O roteiro, infelizmente, não é perfeito. Há uma sensação nítida de que desde seu inicio a imagem de Nixon é projetada como um presidente, não só polêmico, mas repleto de carga negativa. Talvez os acontecimentos tenham sido dessa maneira, mas é impossível notal que tal carga implícita sobre sua personagem parece proposital para que no final, em seu arrebatamento confessional, a força da imagem seja ainda mais poderosa. Independente disso, suas interpretações, o bom roteiro, e o direção, fazem dessa produção uma das melhores eleitas para concorrer ao último Oscar.




Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire)

Dir. Danny Boyle



É incompreensível a estatueta de melhor filme para Quem Quer Ser Um Milionário?. Exceto pelo fato de que a Academia vem tentando arrumar falhas do passado e premiando filmes errados em momentos errados.
Ainda que exista certa força nessa história, é seu apelo exagerado, mostrando a história de um pobre garoto indiano que consegue superar seus problemas e participar do famoso problema, que galgou a estatueta. Como se os americanos percebessem, só agora, os problemas da Índia e quissessem premiar uma boa história de superação, em uma produção formatada para o estilo preferido da academia.
Seu enredo é interessante, funciona bem, alternando momentos entre o jogo para ganhar o premio e o passado do garoto. Mas não possui, nem em seus aspectos técnicos, nada em excepcional que merecesse as indicações que conquistou e o prêmio de melhor filme.
Porém, o filme é baseado em um livro, provavelmente baseado em uma história real. E esses elementos são impossíveis de ser ignorados por uma Academia ainda fechada que nunca preocupa-se de fato em premiar o melhor filme e tem falhado alguns anos quanto a isso.




Milk - A Voz da Igualdade (Milk)

Dir. Gus Van Sant


Sob certo ponto de vista, a bela história de Harvey Milk lutando a favor dos direitos dos homossexuais nos Estados Unidos, mais funciona para mostrar a história de um período, do que se preocupa em contar sua biografia do começo ao fim.
A força de sua história e de suas mudanças como ativista político na cidade de São Francisco, são referencias que devem ser lembradas até hoje. Fazendo-nos refletir como um único homem, defendendo uma causa, pode ter força para lutar contra a máquina e, pouco a pouco, conquistar os seus direitos.
O que Milk e seus companheiros fizeram, em plena década de 1970, é impressionante, e simboliza a força dessa história muito bem conduzida por Gus Van Sant. Senn Penn, que interpreta a figura central, novamente entrega uma interpretação incrível, completamente oposta daquele perturbado pai de família de Sobre Meninos e Lobos de Clint Eastwood.
Sua história defendendo seus direitos e os diretos dos homossexuais é, de fato, uma história poderosa, que dá muitos créditos ao filme. Chega até entristecer que hoje, tais atos não existam mais e que as antigas passeatas a procura de direitos iguais a todos hoje é quase como uma piada de mal gosto.
Milk – A Voz da Igualdade é uma daquelas produções que quebram barreiras de seu preconceito.





O Lutador (The Wrestler)

Dir. Darren Aronofsky



Impossível não sentir uma ponta de revolta ao assistir, finalmente, as produções que concorreram ao Oscar e perceber que esta incrível produção não foi nem selecionada como um dos cinco melhores filmes do ano.
Muito mais do que a tão falada redenção de Mickey Rourke, O Lutador é um filme sensível sobre uma alma destruída que não se preocupa em aproximar o público de sua dor, apenas expõe toda a triste história dessa personagem que é forte o suficiente para arrebatar quem quer que seja.
Randy "Carneiro" Robinson é um famoso lutador de luta livre cujo único sustento, além de fazer bicos, é realizando algumas lutas aproveitando a época onde sua fama era grandiosa. Mas após um desses combates, Randy tem um ataque cardíaco e toda certeza que Randy ganhava nas lutas, são postas em jogo ao observar sua própria fragilidade.
Há um embate doloroso entre aquele lutador aparentemente viril e sua personalidade solitária, agora enfraquecida fisicamente pelo ataque cardíaco. Toda a condução da trama revela as sutilezas dessa personagem, que tenta ao máximo não expor seus pontos de fraqueza mas que, em algum momento, se vê jogado no ringue quase desistindo da própria vida.
A trama se completa com a canção The Wrestler de Bruce Springsteen, estupidamente ignorada pelo Oscar, mas que é belíssima e dá completude a história que a produção apresenta. É um daqueles filmes que, como em uma luta, causam uma sensação de desconforto como se tivéssemos, de fato, levados um soco no rosto
Mais um ponto para Darren Aronofsky e sua carreira excepcional como diretor.




Breve Comentário Sobre As Produções Indicadas Ao Oscar de 2009

Agora que, finalmente, assisti todas as produções significativas do Oscar desse ano que passou. É imprescindível que, mesmo que tardiamente, teça alguns comentários a respeito.

Levando em consideração dos cinco filmes indicados ao prêmio de Melhor Filme: Quem Quer Ser Um Milionário?, O Leitor, O Curioso Caso de Bejamin Button, Frost / Nixon e Milk - A Voz da Igualdade, devo afirmar que as duas melhores produções são, sem dúvida Frost / Nixon e Milk - A Voz da Igualdade.

Frost / Nixon conduz melhor sua narrativa, trabalha melhor os diálogos, e assim teria um nível técnico mais apurado que Milk - A Voz da Igualdade, cujo brilho se dá muito pelo poder da história narrada.

Quem Quer Ser Um Milionário?, O Leitor e O Curioso Caso de Benjamim Button são três produções que não deveriam estar nessa lista, dando espaço para filmes que foram esquecidos pela academia como o próprio O Lutador. Gran Torino, de Clint Eastwood e até mesmo Batman - O Cavaleiro das Trevas, que por sua magnitude, não só de produção, mas também de interpretações e roteiro, poderia muito bem receber uma indicação.

É lamentável que esse ano tenha sido de fato morno e nem os dois melhores filmes da lista tenha conquistado a tão querida estatueta dourada.


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