segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A Semana em Filmes (17 a 23 de Janeiro)

Sol Nascente (Rising Sun)

Dir. Philip Kaufman


Baseado na obra de Michael Crichton, está produção do início dos anos 90, ainda tinha forte influencia da narrativa da década anterior. É um filme policial bastante formal em sua narrativa, que se apóia somente na força da história e na carisma das personagens principais para dar o tom da trama.
Sua história envolve um assassinato em um poderoso conglomerado japonês em Los Angeles, em uma festa onde americanos e japoneses estão prestes a fechar um grande negócio. Para investigar o caso são chamados o agente Web Smith (um Wesley Snipes sincero, quando ainda possuía certo carisma) e John Connor (o sempre charmoso Sean Connery) que viveu durante muito tempo no Japão, sendo conhecido dos empresários responsáveis pelo conglomerado.
Por tratar-se de uma estrutura simples em sua narrativa, cria-se o tradicional embate entre um policial mais jovem e impetuoso e o mais velho e sábio. Fato observado pela personagem de Connery que, como aconteceria em diversos papeis de sua carreira, sempre é escalado como um homem digno e repleto de confiança.
Seguindo a risca uma narrativa sem nenhuma grande revelação, cabe a ação e a investigação do filme o trabalho de entreter. E, sob esse aspecto, a produção funciona. É um daqueles filmes de ação que valem refletir que mais vale algo antigo do que uma produção nova e rocambolesca, com cortes e furos.




A Liga Extraordinária (The League of Extraordinary Gentlemen)

Dir. Stephen Norrington



Algumas histórias possuem uma idéia tão genial e, assim, uma força bruta tão grande que é impossível estragá-la. Mesmo quando uma produção se esforça ao máximo para transformá-la em um projeto de ação descerebrado que seria o último filme de Sean Connery, que logo depois anunciaria sua aposentadoria.
Baseada na comic book de Alan Moore e Kevin O´Neill, o argumento que os produtores tinham nas mãos era espetacular. A história de uma liga formada pelos melhores personagens que a literatura já viu, como se os mesmos fossem reais. A tal liga seria reunida somente em momentos de crise.
É com esse curioso argumento que Moore uniu personagens das Minas do Rei Salomão, Vinte Mil Léguas Submarinas, O Médico e o Monstro, Drácula, entre outros. No filme, foram criados mais dois personagens que não aparecem no original. Tom Sawyer, agora da polícia americana e o eterno Dorian Gray.
Ainda que seja interessante ver tantos bons personagens compartilhando um mesmo plano de realidade, é triste o que os produtores e roteiristas fizeram com a adaptação. Transformaram a densa história de Moore em um filme bobo de ação, onde o grupo de mocinhos caça um bandido. A precariedade chega a ser tamanha que em uma cena é possível visualizar por duas vezes os ganchos dos efeitos especiais que passaram despercebidos pelos olhos atentos dos responsáveis pela pós produção.
Se há algo de positivo na trama é visualizar diversos personagens icônicos bem caracterizados (como fã de Dorian Gray, gostei de sua personificação) e a chance dos interessados em procurar o original da adaptação, lançado no país pela Editora Devir.
Infelizmente, A Liga Extraordinária foi a última produção de Sean Connery que saiu de cena espontaneamente e não deseja mais realizar filmes. Mas, ainda assim, em seu ato final, ainda que em uma produção ruim, seu carisma e charme continuam inabaláveis.




Armadilha (Entrapment)

Dir. Jon Amiel



Nada mais decepcionante do que reassistir um filme que suas lembranças reteram como um bom entretenimento e constatar que não há tantos méritos assim. Abordando o famoso bug do milênio que, sabemos, não deu em absolutamente nada, Armadilha coloca a bela Catherina Zeta Jones como uma agente de seguros que arquiteta um plano para pegar um dos melhores ladrões de objetos valiosos do mundo, Robert MacDougal, como sempre um Sean Connery repleto de charme.
A agente acaba se unindo com o ladrão para realizar um grande roubo e toda a esquemática de um filme de assaltos, que ficou famoso no começo dos anos 2000, é diluído ao extremo. MacDougal é o mestre que ensinará a sua aprendiz as melhores dicas, passando por cenas em que o erro exaustivo da garota deixará o ladrão irritado, até a fase em que o mesmo se surpreende com o rápido aprendizado da mesma.
Quando a ação entra em cena, os clichês tomam conta, em situações que ficam forçadas demais, principalmente quando o argumento central é realizar um assalto no bug do milênio, um alerta que não deu em nada mas que, na produção, tem a pretensão de causar algum espanto.
Se serve de consolo, para quem admira a beleza de Zeta-Jones, há uma leve cena de nudez dorsal e suas curvas em um collant. Mas, honestamente, nenhuma produção ganha pontos por isso.
Fora isso, o dvd é tão mal autorado que, além de erros grotescos de gramática, erra o próprio nome do filme, ao chama-lo de Cilada, ao invés de Armadilha como no cartaz. Tempos tristes onde a Fox começava a lançar seus dvds repleto de erros gritantes que, ao menos, diminuíram com o tempo.





Independence Day (Independence Day)

Dir. Roland Emmerich



Uma das grandes produções do cinema pipoca da década de 90, ainda se mantém um bom filme após diversas assistidas desde seu lançamento em VHS, passando por estréias na tevê a cabo e nos canais abertos.
Provavelmente o melhor encontro do diretor fanático por destruir o mundo, Roland Emmerich, e uma história que, como todas de sua direção, repleta de furos, mas que realmente entretém. Muito disso deve-se ao fato de que uma força exterior é a ameaça do planeta e sem muita explicação planeja acabar com nossa raça. Ao contrário de suas produções recentes que carregam a destruição total mas trazem todo um alerta de que devemos preservar o planeta e, como ficou evidente em 2012, discutir relações enquanto o mundo está se explodindo.
A ação é quase ininterrupta e se inicia logo na primeira cena. Se há espaço para desenvolver os laços afetivos das história, eles estão bem condicionados a ação do enredo, que sempre se desenvolve em duas personagens centrais, papeis de Will Smith, aqui no começo da carreira já mostrando competência e o eterno mosca Goldblum, um tanto quanto afastado dos holofotes nos últimos anos.
Há diversas cenas que se tornaram icônicas para o cinema. Delas, gosto de destacar a destruição da Casa Branca, o primeiro ataque marciano que começa destruindo o prédio em que fanáticos estão a espera dos pequenos homenzinhos verdes e a engraçada cena em que Will Smith, após derrubar uma nave alienígena dá um sopapo no alien e, na seqüência da cena, o chuta dizendo que, se não fosse pela invasão, estaria agora fazendo churrasco em casa.
Evidente que há diversas idéias inverossímeis na produção. Mas sua história bem estruturada na ação e os efeitos especiais compensam a bobagem escrita por Emmerich e Dean Devlin. Criando, sem dúvida, um clássico do cinema pipoca.




Astro Boy (Astro Boy)

Dir. David Bowers



Aqueles que desconhecem os quadrinhos japoneses, ou não tem apreço por essa leitura, precisam compreender rapidamente, antes da análise dessa animação, que o autor de Astro Boy, Osamu Tezuka, é considerado um dos pais do mangá – nome dado aos tais quadrinhos. Muito do que é realizado hoje no gênero, incluindo os famosos olhos grandes repletos de expressão, vieram de suas histórias, que são, por unanimidade, uma das melhores produzidas pelos japoneses.
O andróide Astro Boy é a criação mais famosa do autor, originando a primeira febre de animes no Japão. Assim, é evidente que o apelo
e a força de sua história e tamanha, e uma produção em animação
computadorizada da personagem poderia ser aguardada com bastante expectativa.
Infelizmente, toda a boa e complexa história criada por Tesuka, é diluída em excesso nessa produção dirigida por David Bowers, o mesmo de Por Água Abaixo.
Fazendo com que essa animação torne-se apenas mais uma dentre as diversas produções anuais do gênero. Uma história com um visual belíssimo e um roteiro linear que sempre pontua-se nos clichês de costume. Um leve ensejo dramático, cenas de apelo cômico para as crianças, personagens secundários inusitados que acabam trazendo carisma, um vilão malvado que receberá sua lição no final e toda uma maneira americanizada de ver uma história, bem diferente da maneira concebida por japoneses (Basta acompanhar um mangá ou um anime para notar a diferença gritante das culturas e, assim, das narrativas).
Dessa forma, a história do andróide resulta em uma produção bem pobre que ainda, como costume, conta com vozes famosas para rechear a produção.
Pena que o desenho original, assim como esse mangá de Tesuka, nunca chegaram ao Brasil. Mas aos curiosos sobre sua obra, há três obras de Tesuka no Brasil. Buda e Adolf pela editora Conrad e A Princesa e o Cavaleiro pela JBC. É uma boa dica para quem não conhece os quadrinhos japoneses.



Amor Sem Escalas (Up In The Air)

Dir. Jason Reitman


Nada me incomoda mais, após assistir um filme, do que a sensação do vazio que ele me deixa. Recenteme
nte fiz o mesmo comentário após ver Bonequinha de Luxo, onde, aos poucos, fui compreendendo a dimensão do filme.
Mais do que compreender uma produção de imediato, sentir seus efeitos e ir apreciando sua narrativa repleta de dubiedades aos poucos é uma sensação interessante.
Difícil é ser objetivo para dizer o por quê Amor Sem Escalas merecer ser visto. Dirigido por Jason Reitman, que tem em seu currículo duas produções - boas - de destaque, Obrigado por Fumar e Juno, e com o astro George Clooney, cada vez mais demonstrando competência em seus papéis, seu enredo é bastante simples, ainda que um tanto inusitado.
Clooney é Ryan Bingham, um profissional cuja função é viajar de cidade em cidade, empresa e empresa, para demitir pessoas. Esse é o resumo de sua vida. Um homem sistemático, acostumado a lidar com sentimentos de frustração, que acredita que o contato com outro humano nesse momento é importante para demonstrar apoio. Sua vida repleta de rotinas é quebrada quando uma nova contratada da empresa desenvolve um sistema de despedir pessoas por vídeo conferencia, sem a necessidade das viagens e do elemento humano.
Difícil não encarar tal enredo simples como uma história com significados ocultos. Bingham é o exemplo do homem contemporâneo. Carrega tudo que necessita em sua mala, não possui outro tipo de bagagem ou amarras, é bastante dinâmico e frio, e sua única relação humana está na interação em despedir pessoas. É um homem datado pelo tempo quando a tecnologia se aproxima e há a necessidade de se acostumar com ela.
De certa maneira, Clooney repete o estigma de seu personagem em Conduta de Risco. Em tal filme, Michael Clayton era conhecido como o homem que resolvia crises. Aquele capaz de salvar a todos, com bastante calculo, mas incapaz de controlar sua própria vida. Aqui, Bingham também é o homem responsável por um grande momento pessoal na vida de outros. Ajudando aqueles que foram demitidos a lidar com a notícia e buscar alternativas para conquistarem o que desejam. Porém, incapaz de lidar com a vida real, com a própria família. Sua vida é a imagem do executivo que passa a maior parte do ano entre aviões, vendo tudo de cima, sem de fato estar lá. Ambas personagens lacunares, dão margem para que Clooney, de maneira discreta, esboce tristeza e felicidade em seu papel.
A produção, sob certo aspecto, pode ser vista com frieza. Mas é inegável que tal adjetivo não seja proposital. Um reflexo bem realista da vida contemporânea das grandes cidades.
Aqui, nem vale mais dizer que admiro o trabalho que Reitman vem realizando como diretor e sou fã inegável de George Clooney. Deve ter ficado explícito.

Um comentário:

  1. o que te faz achar independence day tão fantástico.... sinceramente fora os efeitos especiais, ele é bem sofrível!

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