sábado, 20 de fevereiro de 2010

Alta Fidelidade: Um Homem e Seus Livros


ao prazer da leitura



A relação entre escritores e a vasta literatura dos livros é um elo bastante intrínseco. Há diversas frases famosas e célebres que contemplam essa afirmação. Muitas vezes, deslocadas de seus contextos, tais citações chegam a se tornar censo comum, impresso em revistas e em qualquer local que queira dar a evidente importância a esse artefato tão múltiplo quanto o livro.

Exemplos de palavras belas não faltam. Monteiro Lobato, nosso literato mais conhecido pela faceta juvenil e pela sobrancelha grossa, afirmou que um país se faz com homens e livros. Já o argentino Jorge Luis Borges, que terminou sua vida cego, definiu-os como uma extensão da memória e da imaginação.

É bastante evidente que os livros fazem parte da vida de qualquer pessoa. Aqueles que ainda não aprenderam o alfabeto, os admiram pelas capas ou a procura de figuras. E, conforme somos apresentados as letras, as frases se aumentam, as páginas perdem os desenhos e as palavras ganham complexidade. Ou amamos os livros ou deixamo-os.

Aos que se apaixonam por tal ofício, sempre aberto ao que uma leitura pode proporcionar, é comum, com o tempo, adquirir sua lista pessoal de favoritos. Livros que, muitas vezes, são comprados até em duplicada por causa de uma edição especial ou de uma nova tradução. Histórias que forão lidas e que tocaram de tal forma que geram uma releitura quase que obrigatória. Dando novas visões da mesma idéia e aquela sensação única de levar um soco no estômago.

Não me recordo de quando escolhi uma estante para ser aquela destinada a livros e nem quando de um, se tornaram dez, que viraram cem. Tenho a vaga sensação que a idéia de ler surgiu na mesma época de escrever ficções e rabiscar poemas. Uma ação levou a outra facilmente.

A leitura me manteve mais inspirado e compor narrativas me dava gosto por ler mais. Ainda que eu, durante esse tempo, sempre tenha sido uma ovelha um tanto desgarrada da leitura. Tenho momentos intensos em que devoro livros e outros em que passo meses com poucas linhas.

Porém, nunca estive tão admirado com a força dos livros como estou quanto hoje. Meu campo de leitura é bastante variado. Alterno ficções, biografias, livros técnicos, lidos de maneira diferente mas, normalmente, com o mesmo prazer. Tirando aquela lista de leitura que sempre aumenta por conta de suas andanças pelas livrarias e por indicações de amigos.

O fato é que até hoje embora tenha lido muito livros, nunca fui capaz de reler nenhum. Nunca senti aquela sensação de rever um velho amigo e saber que, mesmo aparentemente igual, ele guardava idéias que eu, ainda, não tinha observado.

Por um lado tal idéia me dá orgulho, mas por outro é bastante besta de minha parte. E causa certa comoção nos amigos que leram milhares de vezes seus livros preferidos – aqueles que figuram na lista de melhores livros que li – e ficam surpresos que nunca reli os meus melhores.

Eis que fiz uma breve reflexão sobre isso e conclui que estou pronto. Pronto para, novamente, encarar aquelas leituras que me deixaram de outra maneira, diferente de quando entrei. Livros que tenho frases guardadas na cabeça, usando-os como citação, filosofia de vida e que chegam a arrepiar quando imaginamos a imensidão da história perante nossa pequeneza.

O impulso da releitura não surgiu a tona. A partir da próxima semana, abro um espaço definitivo para a publicação de análises literárias no blog, espaço que surgia de vez em quando mas que é necessário ser definitivo.

Além de ser argumento válido para sempre estar com um livro na mão, tenho mais uma razão para reler os favoritos, minha lista de melhores. Títulos que agora compartilho com vocês, não por ordem de melhor ou preferência. Mas pela cronologia de leitura, do que posso me lembrar. Aqueles que foram definitivos, guardados com muito carinho. Sendo um marco, tornando-se fragmento de idéias que me moldaram ou dando vazão a sentimentos, impressões e estilos literários.


A Confraria (John Grisham); Rios Vermelhos (Jean-Christophe Grange); Alta Fidelidade (Nick Hornby); O Retrato de Dorian Gray (Oscar Wilde); Lolita (Vladimir Nabokov); O Grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald); Dom Casmurro (Machado de Assis); Sonhos do Bunker Hill e Pergunte Ao Pó (John Fante); A Insustentável Leveza Do Ser (Milan Kundera); O Silêncio da Chuva (Luiz Alfredo Garcia-Roza); O Caso Morel (Rubem Fonseca); Dalia Negra (James Ellroy); Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Marquez); Hamlet (William Shakespeare); Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (Hilda Hilst).



Alta Fidelidade, a coluna semanal do criador desse blog cuja pilha de livros a ler aumenta a cada dia. Aqui é possível falar abertamente sobre alguns temas sem que exija uma resenha para tal. Pretende-se abordar todo o tipo de assunto cultural, seja ele sobre livros, filmes, dvds, cds e, nessa semana, sobre aqueles livros que se tornam especial para nós.

2 comentários:

  1. Ficou ótima a coluna hoje... e finalmente você vai curar essa mácula em seu curiculum... hahahahahaa

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  2. Bela lista, Thi!

    De todos, li apenas 3: A insustentável leveza do ser; O retrato de Dorian Gray e Dom Casmurro.

    Reli Dom Casmurro 2 vezes, totalizando 3 leituras em épocas distintas de minha vida.

    Esse dias vi 'O Grande Gatsby' numa livraria e sei lá porquê lembrei de você. Confesso que não o li, li apenas um resumo e o estudei [à qual fase literária pertencia e tal].

    Cem anos de solidão e Hamlet estão na minha listinha de próximas leituras :)

    Você com certeza vai aprender muito com as releituras. Boa sorte!

    Beijo :*

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