segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Semana em Filmes (23 a 29 de Maio)




Dominação (Lost Souls)

Dir. Janusz Kaminski


Divididos entre céu e inferno, personagens satânicas ganham bem mais status do que seus opostos divinos. A pluralidade de suas ações, bem como os limites, baseados no conceito cristão do Diabo, geraram não só uma lista refinada de filmes de terror como possuem bons filmes no gênero cômico.
Porém, a exploração desses recursos sempre se traduz como limitada. Ainda mais quando, filme após filme, o enfoque seja sempre o mesmo: uma trama em que uma personagem será escolhida como receptor do anti-cristo na Terra, um grupo desacreditado que tenta salvá-lo e um aparato de recursos técnicos – alguma cena inicial de exorcismo e abundante fotografia escura – que buscam um clima.
Tais elementos não bastam – e nunca bastaram – para que se produzisse uma boa história a ser contada. E, mesmo após diversos filmes que fracassam nas telas, a fórmula continua sendo empurrada para o público.
É impossível dar credibilidade a Dominação. Produção que tenta com Winona Ryder apontar alguma qualidade distinta, mas que não traz nada novo. Reunindo os elementos básicos de filme satânico, tentando manter uma trama sem graça que não tem sustos. E somando mais um filme a galeria de péssimas produções sobre o gênero.
É bastante infeliz constatar que os estúdios nunca dão a atenção devida a suas produções de terror. A fórmula do comum funciona para ter certo lucro nas bilheterias, afinal, terror sempre é um bom chamariz, mas deixa de enganar facilmente. O resultado disso são produções efêmeras. Divertem por duas horas e são esquecidas até passarem na televisão. Quando passam.




Vanilla Sky (Vannilla Sky)

Dir. Cameron Crowe


Incompreensão cinematográfica nem sempre é sinônimo de má qualidade. Algumas produções constroem-se na base do estranhamento, a procura de desnortear quem vê.
Sem dúvida, Vanilla Sky gerou diversas incógnitas em seu público, dividindo crítica e tendo uma recepção morta.
Lembro-me da estréia, da expectativa e frustração que tive ao fim da sessão. Revê-lo sempre foi uma vontade. Mas, deixando para depois, nove anos se passaram. Tempo suficiente para compreender boa parte dos detalhes da narrativa.
A história do rico empresário David Aames não é apenas um bom exercício narrativo como uma reflexão. Contrapõe-se uma vida perfeita com beleza, parceiras sexuais, dinheiro a uma vida lacunar em seu interior. Reflete a imagem contemporânea de um homem que pode possuir tudo menos a felicidade.
Tal partícula da felicidade é encontrada na personagem de Sofia que Aames conhece na festa de seu aniversário. Em apenas uma noite em sua companhia, David descobre a ausência de sua vida. Porém, ao amanhacer, paga as contas de um passado de bon vivant ao entrar no carro de sua amante e sofrer um grave acidente que, se não lhe custa a vida, lhe custa boa parte da alma.
A grande apuro técnico na direção das imagens e também nos diálogos. Não só desenvolvendo frases de efeito como outras referências que ficam mais claras após o término do filme.
Assistido com distanciamente de nove anos, após a recepção pública não ter gostado de um filme complexo, Vanilla Sky é uma excelente narrativa que coloca em jogo não apenas um personagem raso, como, com delicadeza, abrange o conceito de sonhos, planos, mentiras e desejos que, muitas vezes, optamos por seguir em vez de viver de fato.
A produção americana é baseada no filme espanhol Preso na Escuridão de Alejandro Amenábar. Muitos dizem que a produção espanhola é mais emotiva e solta que a versão americana, em breve verei para comparar. Porém, sem dúvida, esta produção tem grandes méritos.




Kick-Ass - Quebrando Tudo (Kick-Ass)

Dir. Matthew Vaughn


Atualmente histórias em quadrinhos entram, em definitivo, na lista de produções que, normalmente, funcionam e dão lucro. Tal sucesso resultou, nos últimos anos, diversas adaptações quadrinescas. Tanto dos super-herois graúdos das maiores casas, Marvel e DC, como HQs independentes que, solta de amarras, puderam ser vislumbradas também na tela.
Costuma-se definir o filme Blade – Caçadador de Vampiros, de 1998, como o primeiro filme a chamar atenção de Hollywood em relação aos quadrinhos. Mesmo tratando-se de uma produção pequena, seu sucesso foi alto, não tanto quanto ao retorno financeiro, mas sim a qualidade que tal produção apresentava, demonstrando que sim, era possível fazer histórias boas de heróis.
Segui-se, então, em 2002, a entrada definitiva de um herói no cinema, na produção Homem-Aranha. De lá para cá, diversas histórias em quadrinhos ganharam as telas. Entre histórias inovadoras, uma lista considerável de produções ruins aparecem na lista. Sem contar elementos outrora inovadora que agora beiram o comum.
A maioria dos grandes heróis já marcam presença na tela e muito já possuem duas produções. Mas, salvo exceções (como Batman - O Cavaleiro das Trevas, Homem Aranha 2, X-Men 2), suas continuações não trazem muita evolução. Fazendo do apelo cômico ou da firme interpretação da personagem central sustentar argumentos não tão fortes.
Em meio a esse cenário, Kick-Ass – Quebrando Tudo é uma produção louvável. Virando as avessas o conceito de heróis, abordando adolescentes nerds comuns, desses que vivem ao seu lado, a história escrita por Mark Millar e desenhada por John Romita Jr. foi adaptada com qualidade para a tela.
Em meio a um mundo cada vez mais violento, onde muitos observam e nada fazem, Dave Lizewski, um nerd leitor de quadrinhos, resolve ser o primeiro super herói a ajudar o próximo. Não que a tarefa seja fácil.
Por ser uma trama que satiriza o conceito dos quadrinhos dentro do mesmo universo, há coerência na trama para apelar diversas vezes para o riso e, ainda assim, ser rica com um bom argumento.
A direção ficou a cargo de Matthew Vaughn, que já havia transposto para a tela outra história quadrinesca, Stardust, de Neil Gaiman. A direção de Vaugh é bastante precisa e as cenas de ação com cortes rápidos deixam a açãoágil e apurada, fazendo o máximo para que o público integre-se nas cenas.
Não só a trama e direção, como também as personagens são bem delineadas. Até mesmo Nicolas Cage, ator que anda deslizando nas atuações, apresenta um herói – Big Daddy – seguro de si. Sem contar a atriz mirim Chloe Moretz bem a vontade como a incrível heroína Hit Girl.
Quase dez anos depois do boom dos quadrinhos no cinema, mesmo com diversas produções apresentando cansaço, é bom descobrir que ainda há espaço para boas histórias adaptadas do mundo da banda desenhada que, não só brincam com o próprio conceito das histórias, como, no caso de Kick-Ass, é uma das histórias mais politicamente incorreta dos últimos tempos.
A produção estréia no Brasil dia 11 de Junho e O Que Dr. House Diria? recomenda.

domingo, 30 de maio de 2010

Dalia Negra, James Ellroy

"A pocilga fedia a vinho ordinário. Uma cama improvisada com dois assentos de carro desdobrados tomava quase todo o espaço do piso; estava coberta de recheio de estofado e camisinhas usadas. Garrafas vazias de moscatel empilhavam-se nos cantos, e a única janela tinha faixas de teias de aranha e de sujeira. O mau cheiro me deixou enjoado, então fui até a janela e a abri. Olhando para fora, vi um grupo de tiras de uniforme e homens à paisana em pé na calçada da Norton, quase a meia quadra de distância da 39."

Autor: James Ellroy
Editora: Record
432 pag.





Atos violentos sempre deixam marcas, muitas vezes eternas.

Mais um assassinato na cidade pode ser comum para os relatórios da polícia, mas pode significar uma grande perda para uma criança de dez anos. Especialmente quando a assassinada fora sua mãe.

É dessa maneira violenta que James Ellroy, um dos grandes escritores policiais da atualidade, vê sua vida desmoronar na infância e passa a viver em rupturas, com diversos problemas para enfrentar a realidade. Seu novo abrigo é o mundo violento da literatura barata, e nos livros dados por seu pai alcoólatra, nos quais descrevia diversos casos violentos da polícia de Los Angeles, muito deles tão chocantes que não eram permitidos de serem transmitidos na televisão.

Um deles em particular chama a atenção do garoto, com então onze anos: Elisabeth Short, encontrada em um terreno baldio com o corpo cortado ao meio. Torturada por dois dias, com marcas de cigarro nos seios, retalhos por todo o corpo e um corte de orelha a orelha. A vítima ganhou o nome de Dália Negra, dado por um repórter, ao saber que ela só trajava preto.

O caso brutal se tornaria um dos maiores eventos da mídia local e transformar-se-ia na obsessão de Ellroy. O crime era como uma substituição da morte de sua mãe. Assim, passou a investigar o caso, pesquisando em bibliotecas tudo o que fosse possível encontrar sobre Elisabeth Short.

Os anos seguintes de sua leitura sobre o crime foram os piores de sua vida. O autor caiu nas drogas, foi preso diversas vezes e descobriu que sua paixão pela narrativa policial e sua obsessão de infância poderiam lhe render boas ideias. Assim, deu início a um texto sobre um assunto em que tinha um vasto conhecimento: A Dália Negra.

O assassinato de Elisabeth Short é o ponto de partida do livro Dália Negra. Situado em uma Los Angeles dos anos 40, pós guerra, repleta de personagens ambíguos e violentos, mulheres fatais e homens corruptos. Ingredientes perfeitos para a composição de um romance noir.

É nesse ambiente hostil que somos apresentados a dois ex-pugilistas, que possuem conflitos com o passado, mas são obrigados a enfrentá-los para resolver esse crime. A narrativa apresenta a visão de um deles, o “Sr. Água” Bucky Bleichert, narrador-personagem essencial para uma trama em que as percepções se alteram em seu decorrer. Na história conhecemos sua amizade com o “Sr. Fogo” Lee Blanchart e a grande obsessão de ambos em resolver um caso, aparentemente, sem solução.

Partir além desse ponto sobre comentários da trama, é revelar intricadas linhas de relações que se estabelecem durante a leitura. E que devem ser descobertas, justamente, no ato. Na grande habilidade de Ellroy em conduzir uma narrativa policial sem perder o fôlego e mantendo bons ganhos de suspense e ação para o leitor.

A nova edição do livro foi lançada com a capa do filme homônimo, dirigido por Brian de Palma, que transformou em pastiche a excelente história do autor. O que também é negativo pelo fato da nova capa perder o belo padrão estético dos livros da Coleção Negra, como as antigas, com as características capas pretas com uma pequena ilustração em detalhe.

A capa original da obra, traz uma breve citação da revista People, “uma obra prima”. É necessário concordar, Dália Negra é um dos grandes livros policiais da literatura contemporânea, pela narrativa bem amarrada, ágil, violenta e arrebatadora.

Chega a ser irônico que a morte real e brutal de uma jovem tenha trazido à tona uma excelente ficção, inspirada pelo fascínio de um jovem pela dor e perda da mãe e, também, dedicada a sua memória.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Bones, Terceira Temporada

ATENÇÃO: PARA MELHOR ANÁLISE DA TEMPORADA, ALGUMAS PARTES DO ENREDO SERÃO CONTADAS DURANTE O TEXTO (OS CONHECIDOS SPOILERS). PORTANTO PARA SUA SEGURANÇA, SE NÃO QUISER SABER NADA A RESPEITO, PARE DE LER O TEXTO AGORA. MAS RETORNE APÓS TER ASSISTIDO A TEMPORADA, POR FAVOR.

Casos totalmente decompostos

Percorrendo a trilha de duas boas temporadas anteriores, o terceiro ano de Bones teve de enfrentar uma força maior além de seu desenvolvimento cênico: a greve dos roteiristas, que foi responsável com que todas as séries lançadas no ano de 2007 tivessem temporadas menores, causando diversas problemáticas em muitas delas.

Tratando-se de uma série em que cada episódio é, boa parte, isolado, tendo apenas um leve fio de narrativa que os une, Bones não saiu tão prejudicada. A boa saída para sanar o problema de não ter 22 episódios como de costume foi a de apresentar apenas uma trama maior, um assassino específico, que se desenvolveu nos quinze episódios produzidos, enquanto, evidente, outros casos foram desvendados. Intencionando unificar melhor a história.

O assassino central dessa temporada, Gormogon, um canibal que remete-se a antigas seitas, tem o intuito de, não só se alimentar de suas vítimas, como reproduzir um esqueleto humano, trocando as peças de prata da escultura conhecida como O Filho da Viúva por ossos humanos.

Tal desenvolvimento é bastante atrativo, sustenta o início da série, pela brutalidade do crime e pelas dúvidas que ele suscita. Afinal, tal seita não parece ser apenas a vontade de um homem só.

Ainda que a boa química entre Bones e Booth continue presente, há uma leve queda na qualidade dos episódios, em comparações com aquilo que já fora apresentado. São pequenos detalhes mas que, em um todo, sente-se a diferença. Como episódios divididos entre uma boa trama detetivesca e bom humor que não estão presentes, dando vazão a diversos episódios de uma crise deflagrada de ambos.

Com o pai de Bones preso por Booth no final da segunda temporada, o que poderia gerar atritos entre a dupla, surge um novo personagem. Incorporado pelo FBI para ser o psicólogo do casal, Lance Sweets apresenta boas características em sua estréia e cresce na temporada. Sua persona surge desacreditada e, mostrando sua competência na área, conquista respeito de Booth e ajuda Bones – que não acredita na visão da psicologia – a desvendar os crimes.

A criação da nova personagem não é aleatória. Funciona como ligamento entre a história central e os conflitos paralelos e será decisiva para o movimento final da temporada. Tal ato é bastante comum nas séries que, após darem ao público anos de confiança a respeito de uma personagem, coloca-a em xeque, deixando o público boquiaberto.

É assim o desfecho final desse ano. Retirando um excelente personagem da série, com uma trama bem argumentada. Prevendo que haveria uma abertura vazia, insere antecipadamente outra personagem que, se não substitui a função da primeira, criará novas situações no próximo ano. Ainda que a prova dessa nova dinâmica só será vista na quarta temporada.

Mesmo possuindo uma narrativa pausada, dividida pelos casos de cada episódio, os quinze episódios do terceiro ano tem fôlego curto. Alcança a empatia do público com seu bom desfecho e assassino central, mas falha com argumentos pouco ricos, como foram os diversos casos dos dois anos anteriores.




segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Semana em Filmes (16 a 22 de Maio)


A Teta Assustada (La Teta Asustada)

Dir. Claudia Llosa


É certamente comum que produções latino-americanas voltem-se para explorar seu cotidiano e seus mitos locais. Eis a explicação para o título dessa produção, cujo significado traduz-se por uma lenda peruana de que o medo das mães é passado para os filhos através do leite materno.
Essa é a história de Fausta que, após a morte súbita da mãe, tem de refrear todo seu medo e enfrentar o mundo que a cerca. Principalmente quando sua intenção é adquirir dinheiro para enterrar a mãe na vila em que nasceu.
Todo o embate da produção é gerado através da força da descoberta, de uma personagem que sempre fora reprimida e espantada com os horrores contados pela mãe.
Mas, devo confessar, nada encontrei nessa produção que valesse os prêmios que ganhou - incluindo o Urso de Ouro em Berlim. A narrativa lenta e esparsa não dá sustentação para a história e falta um toque mais sensível para a trama, que tem leve elementos de estranheza, algo comum no cinema latinoamericano.
Ainda que a intenção seja, por trás da história de Fausta, gerar um pano de fundo sobre a sociedade peruana, diversos elementos faltaram para que se realizasse tal história dupla como supõe-se.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Arquivo X, Terceira Temporada

Acreditar é apenas o início

Complementando o excelente gancho que a segunda temporada deixa no ar, o terceiro ano da série Arquivo-X consagra, de uma vez por todas, não só a mitologia como as tramas semanais da série.

Criando um panorama de excelentes episódios mitológicos, ousados, divididos normalmente em mais de um episódio e, entre eles, densas histórias de investigação individual.

A temporada é tão pontual, que há espaço, até mesmo, para episódios que apresentam uma faceta mais humorada, normalmente escrita pelo roteirista Darin Morgan ( “O Repouso Final de Clyde Bruckman, Guerra das Baratas e Do Espaço Sideral”) – que interpreta o monstro do O Hospedeiro, na segunda temporada – e é, com certeza, um dos grandes roteiristas da série.

Com a apresentação da série na primeira temporada, e a consolidação da mitologia na segunda, há espaço para o desenvolvimento das personagens. O embate entre Fox Mulder e seu algoz, Alex Krycek, segue em crescendo. Canceroso, sempre dúbio, demonstra lapsos de bondade. E o diretor adjunto Walter Skynner, de uma vez por todas, mostra que é aliado de Mulder, mesmo sendo obrigado a agir nas escuras.

O surpreendente na criação do enredo é o cuidado em sua composição. Nem sempre os melhores detalhes e pontos cronológicos estão no episódios-chave. Sendo possível encontrar até mesmo nos episódios de investigação individual, resíduos e segmentos que proporcionarão, futuramente, um gancho para uma trama maior.

O resultado minucioso, bem composto, dessa temporada, traduz-se em vinte e quatro episódios em que, nenhum, sem exceção, ficam além da conta ou sem ritmo. Elevando a série a um status máximo com uma temporada avassaladora.

Como em costume fundamentado pela série, a porção final da temporada não fecha todas as amarras que abriu, elevando, não só a expectativa, como criando o gancho para a temporada seguinte.



terça-feira, 18 de maio de 2010

[Download] House, Sexta Temporada, Help Me - 06x22 - Season Finale

E, por fim, o fim.

Depois de 22 episódios, porque vou sempre contar o primeiro como dois, já que a cronologia oficial assim fez, a série se encerra nessa temporada.

Comentários serão inseridos conforme assistirei os episódios.

Bom final de temporada a todos!

Help Me - 6x22
Exibido em 17/05/2010


[MegaUpload]- Legendado

segunda-feira, 10 de maio de 2010

[Download] House, Sexta Temporada, Bagagge - 06x21

E agora só faltam um, nesse temporada atípica de House, onde o foco centrou-se muito mais na relação das personagens, do que nos casos entre si.

Há tempos estou atrasado com a análises, mas devo terminar a temporada analisando todos os episódios, mesmo que em atraso.

Divirtam-se.





Bagagge - 6x21
Exibido em 10/05/2010
[Megaupload] - RMVB LEGENDADO

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Arquivo X, Segunda Temporada


Buscar a verdade nunca foi tão perigoso


Após o bom primeiro ano, a segunda temporada de Arquivo-X prossegue seu gancho narrativo e mantém sua qualidade. Ganhando consolidação do público e da crítica, a série abre seu espaço, não apenas para avançar na sua trama mitológica como, também, para começar a apresentar outros bons casos que beiram o inexplicável. Ampliando, assim, para o público, o conceito dos Arquivo-X dentro do FBI.

Embora ainda não tenha atingido seu ápice, é inegável a grande parceria de Fox Mulder e Dana Scully. Agora muito mais entrosados que no primeiro ano, a boa dupla de principais segura até roteiros mais fracos, que não são capazes de sabotar a série.

Seus roteiristas são capazes, inclusive, de se adaptarem a idéias não planejadas, como a gravidez da atriz Gillian Anderson. Tal fato obrigou os roteiristas a deixarem-na de fora de alguns episódios e a saída encontrada foi soberba.

Iniciada logo no quinto episódio da série, com trama dividida em três partes, “Duane Barry”, “A Ascensão” e “Por Um Fio”, a abdução de Scully não só gera mais concretude para a história da série, marcando o primeiro passo profundo da mitologia, como coloca em cheque a crença da própria personagem que, até esse ponto, trilha o mesmo caminho que Mulder ainda repleta de dúvidas sobre a existência de uma conspiração maior.

A série tem extrema habilidade em costurar sua mitologia entre os episódios da temporada. Muitas vezes um acontecimento importante ocorre em um episódio aparentemente banal mas que, assistido com atenção, será repercutido depois.

Dessa forma, a segunda temporada consegue consagrar três momentos incríveis da mitologia – todos em episódios duplos, algo raro nas séries hoje em dia – e elevar, ainda mais, o cotidiano dos casos expostos e desvendados pela dupla. E, como seria costume no seriado, criando um belo gancho para seu ano próximo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

[Download] House, Sexta Temporada, The Choice - 06x20

Definitivamente, rumo ao final.

Essa semana começo a rever os episódios que não vi e escrever as resenhas respectivamente.

Devo publica-las em um grande pacote na próxima semana, assim quem quiser ler sobre algum episódio dessa temporada, conseguirá encontrar aqui os comentários.

No mais, aviso que o blog voltou a ativa com todas as sessões. O que significa que segunda tem os filmes vistos na semana, quarta análise de séries, sábado a coluna Alta Fidelidade e domingo a resenha de um livro.

Passem por aqui.


The Choice - 6x20
Exibido em 04/05/2010
[Megaupload] - RMVB LEGENDADO
[Torrent] - Sem Legenda


segunda-feira, 3 de maio de 2010

A Semana em Filmes (25 de Abril a 01 de Maio)




Sob o Domínio do Mal (The Manchurian Candidate)

Dir. Jonathan Demme


Não é tão surpreendente que, na política, um candidado nunca seja apenas a soma do caráter e boa vontade de um homem. Há toda a força dos partidos exercendo seu apelo através do candidado e, também não tão raro assim, há momentos que os mesmos se vêem envoltos em escândalos, ou são obrigados a, por pressão, seguirem conselhos que, normalmente, não seguiriam.
Baseado livro de Richard Condon, Sob o Domínio Do Mal, segunda versão do romance que vai as telas, leva ao máximo a premissa de um candidado formatado para ser o bom moço eleito pelo povo.
A boa direção de Jonathan Demme cria um eficiente thriller político, que se escora na conspiração política americana para contar a história de um grupo de soltados do Golfo que, ao serem seqüestrados pelos inimigos, sofrem uma lavagem cerebral que, anos depois, ajudara a criar a imagem de bom candidado de Raymond Shaw – Liev Screiber - o herói que salvou a tropa na situação.
Aos poucos, Ben Marco, personagem de Denzel Washigton – interpretando sempre o mesmo papel, mas sem cansar – tenta desvendar o que de fato aconteceu na ocasião e se recorda de um sonho que contraria a verdade criada pelo governo.
O tema da produção vem de um argumento bastante rico. Devidos aos embates políticos e a dúvida daquilo que é real ou não, é necessário prestar atenção a narrativa. Além da boa direção e da competência dos atores principais, a produção conta ainda com Meryl Streep como Eleanor Shaw, a mãe do candidado do título original e, como sempre, perfeita em cena.



Alice No País Das Maravilhas (Alice In Wonderland)

Dir. Tim Burton


Em diversas críticas sobre Alice No País das Maravilhas, inevitavelmente, muitos estão circulando um vídeo do site de humor americano Comedy Central que satiriza de maneira bastante precisa o estilo Tim Burton de se produzir um filme: uma visão nova de um conceito já existente, com Johnny Depp e Helena Bohan Carter no elenco e músicas de Danny Elfman que ajudaram a invocar o estilo gótico do diretor.
É notável que tal vídeo seja um retrato bastante fiel do que se tornou o outrora bom diretor Tim Burton: um pálido talento caricatural de si mesmo.
Mesmo que alguns permanacem em sua defesa, alegando que, o espaço que o estúdio lhe dá para um filme autoral, o diretor tem que pagar com um filme mais comercial, é revoltante que tais obras tenham certo vigor visual mas nenhum apelo sensível.
Há muito pouco de Alice do autor Lewis Caroll, nessa adaptação produzida pela Disney, voltada para um apelo infantil. O título que remete-se a primeira obra do autor a usar sua personagem famosa, poderia, muito bem, ter sido recriado. Já que poucos elementos originais foram mantidos e outros muito reinventados em uma triste licença poética.
A história original, da garota de nove anos que cai em um buraco ao seguir um coelho, foi modificada diversos anos. É provável que isso tenha ocorrido por medo que se lembrem que seu autor original compôs seus dois livros para uma pequena garotinha que foi apaixonado.
Assim, a trama abre espaço para a era vitoriana e uma Alice adolescente prestes a se casar que retorna a terra das Maravilhas e repete quase a mesma viagem que, na infância, realizou. Porém, tal decisão é patética.
Basta uma leitura do livro de Caroll que nota-se que a garota Alice não parece ter a idade que é mencionada pelo autor. Mesmo criança, sua fala é como uma adulta. Dessa forma adaptar Alice No País Das Maravilhas sem mudanças seria funcional, mesmo que a atriz principal Mia Wasikowska parecesse mais velha – ainda assim a atriz aparenta ser mais nova do que sua idade real.
Há diversos sinais de desconfiança quando o grande chamariz da trama não é a personagem principal, e sim Johnny Depp, em mais uma caracterização bizarra como Chapeleiro Maluco. Não só sua interpretação, bem como toda sua caracterização é bastante equivocada. Depp traja vestes que se assemelham com o Willie Wonka de Gene Wilder, faz caras de seu Edward Mãos de Tesoura, mantém sua afetação de Capitão Jack Sparrow, tem olhos aumentados por computador para maior expressividade – que lembram olhos de mangá - e, com cabelos alaranjados artificiais, parece mais um personagem travestido do que um maluco.
É também nesse ponto que a produção extrapola. Entregando um visual que explode em efeitos especiais para esconder o vazio do roteiro. A rainha Vermelha interpretada por Bonham Carter bem que tenta tirar alguns risos da platéia com sua raiva a flor da pele. Mas a idéia de deixá-la cabeçuda reflete nitidamente como não realista, parecendo um personagem de plástico. O mesmo equivale para sua irmã, a Rainha Branca, vivida por Anne Hathaway, tão pacífica que não gera nem simpatia.
As personagens criadas por computador tem até seu charme, como o lagarto dublado por Alan Rickman e o gato que sorri na voz de Stephen Fry. Mas nenhum deles são tão carismáticos – e malucos – quanto as mesmas personagens do desenho da Disney.
Plástico, sem fluidez narrativa e carisma, a produção só não se tornou um desastre de bilheteria pois atrai muitas crianças aos cinemas e os curiosos para ver uma produção que gerou muita expectativa. Além daqueles que vão para assistir sua versão em 3D que não acrescenta nada ao filme, nem ao menos trabalha com as texturas como faz, muito bem, Avatar.
É lamentável que um diretor bem característico como Burton tenha se tornado uma piada industrial. Mas para os executivos, a bilheteria gorda do filme é sinal de sucesso, o que significa novas adaptações com Johnny Depp, Helena Bonham Carter a música cativante de Danny Elfman.




Homem de Ferro 2 (Iron Man 2)

Dir. Jon Favreau


Toda continuação, se imagina, que trará consigo, se não um arsenal, ao menos diversas novidades, não só em seu enredo, mas como em sua maneira de ser conduzida as telas. Tratando-se de quadrinhos, as continuações “dois” que surgem a mente como exemplares são Homem Aranha 2, X-Men 2 e Batman – O Cavaleiro das Trevas e, mesmo que não querendo, espera-se uma seqüência a altura dessas.
A primeira aventura do Homem de Ferro foi um grande sucesso de bilheterias e agradou tanto o público comum quanto seus fãs.
Era uma excelente introdução ao personagem e a interpretação de Robert Downey Jr. Incorporava o jeito falastrão e mulherengo de Tony Stark. Os diversos pontos positivos dessa trama, não apagaram a idéia de que ela era carente de um vilão de peso.
Eis que sua continuação prometia preencher essa lacuna. Seu roteiro traria um vilão direto dos gibis do enlatado e mais ação. De fato, a produção não nega nada daquilo que prometia. Porém repete em excesso tudo que o primeiro roteiro trouxe.
A continuação inicia-se imediatamente após o término do primeiro, para introduzir o novo vilão, Chicote Negro (Whiplash, no original), um russo interpretado pelo lutador Mickey Rourke . Boa parte de seu início é apenas a megalomania envolvendo Tony Stark, servindo de grande palco para que Downey Jr. retire muitos risos da platéia. O argumento surge aos poucos,quando um concorrente das indústrias Stark, demonstra sua intenções de fazer tudo para derrubar O Homem de Ferro e o homem por trás da armadura.
O que seria o grande vilão dessa trama, ainda que forte na figura de Rourke, se torna coadjuvante, aparecendo, não só pouco, como tendo um desfecho estranho.
Como costume em uma continuação, há o pecado de criar tramas demais, acompanhem: Há o fato de Stark estar se consumindo e seus amigos se afastarem dele, o surgimento do novo vilão em paralelo com o concorrente das Industrias Stark e ainda mais um passo rumo aos filmes dos Vingadores, colocando Nick Fury e a S.H.I.E.L.D., abrindo mais um linha narrativa.
Gerando a impressão de que entre um e outro não há uma evolução significativa (o que justifica a nota igual desse para o primeiro). Estão presente os mesmos atrativos, mas as lacunas anteriores não foram reparadas com tanto sucesso. O que produz a sensação de um longo filme dividido em duas parte do que uma continuação melhorada.
Particularmente, como leitor de quadrinhos, minha expectiva em torno da produção era que entregassem algo a mais do que a primeira produção. Porém, saí dos cinemas - vendo os créditos até o final, pois possui uma ótima cena no fim - com a mesma sensação de dois anos atrás. Que entre as diversas cenas cômicas, os produtores e roteiristas estão escondendo do público sua falta de talento nato.