domingo, 8 de agosto de 2010

Lua Nova, Stephenie Meyer

"Parecia que eu estava presa em um daqueles pesadelos apavorantes em que você precisa correr, correr até os pulmões explodirem, mas não consegue fazer com que seu corpo se mexa com rapidez sufi ciente. Minhas pernas pareciam se mover com uma lentidão cada vez maior à medida que eu lutava para atravessar a multidão insensível, mas os ponteiros do enorme relógio da torre não eram lentos. "

Autor: Stephenie Meyer
Editora: Intrínseca
480 pág.

Tradução de Ryta Vinagre




Último Best Seller mais comentado dos últimos tempos e, arrisco, o mais vendido após a saga do bruxo Harry Potter, a saga Crepúsculo mudou o conceito sobre vampiros em âmbito mundial.

Basta procurar em qualquer sistema de busca palavras como “Crepúsculo” ou o nome da mocinha principal, Bella, que imagens da capa do filme e da atriz Kirsten Stewart apareceram aos milhares na tela. Sendo quase impossível encontrar uma imagem de um crepúsculo original ou de outra Bella.

Não necessariamente estrondo de vendas reflete uma série de qualidade, produzindo uma narrativa rasteira e em sua maioria monótona. O segundo romance da saga, Lua Nova, retoma os acontecimentos do final do primeiro e tenta introduzir novos elementos dramáticos que são rasos em sua execução.

Na continuação, após um acidente envolvendo Bella e a família de seu namorado, Edward Cullen, o vampiro decide que é melhor afastar-se da amada para que ela viva sem perigos. Simula uma cena em que assume que não a ama e a deixa em sua tristeza que a transforma em alguém afastada de seus amigos, por meses.

Tentando voltar a realidade, Bella vai até a cidade vizinha e, em um momento de perigo, tem uma alucinação com Edward, alertando-a sobre o risco que pode correr. A partir de então, a garota começa a se aventurar para rever mentalmente o amado. Ao mesmo tempo em que, numa premonição, a irmã de Edward diz que Bella esta morta e ele decide, com a dor de ter perdido-a, entregar-se a um clã de vampiros para clamar pela própria morte.

A escrita de Stephenie Meyer está longe de ser aceitável. Além da repetição de metáforas em excesso, o argumento é uma alta dose de melodrama, transformando a ação em algo inócuo e superficial.

Boa parte da problemática surge das personagens: a mortal Bella, a personagem chave da trama e elemento de identificação de muitos leitores, é composta de maneira rasa. Sua contraparte, Edward Cullen, anula toda o conceito de sensualidade dos vampiros, sendo uma personagem afetada e politicamente correta. Um vampiro vegetariano, por assim dizer. Tratado na narrativa como uma personagem de corpo frio, seu contato amoroso se torna patético e nada atraente.

Quem mais ganha contornos de um bom elemento é o lobisomem Jacob Black, a terceira ponta do triangulo amoroso. O trecho que narra suas aventuras com Bella, enquanto Cullen permanece distante da história, é a parte menos risível do romance. É nítido que o lobisomem é um personagem muito melhor e até mais desenvolvido que Cullen mas, evidentemente, serve apenas como escopo para criar ciúmes na história de amor.

Novamente, repetindo o estilo de Crepúsculo, a história se prolonga por tempo demais, caminhando sem um gancho narrativo que, de fato, seja significativo. Sendo apenas uma longa ligação para o terceiro romance. Parecendo mais um parêntese da história, do que ela em si.

Independente do alto grau melodramático, a saga continua vendendo, levando público também aos cinemas e, aquilo que considero sua marca mais infeliz, mudando a visão que temos dos vampiros para sempre.

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