segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A Semana em Filmes (01 a 07 de Agosto)


Por Água Abaixo (Flushed Away)

Dir. David Bowers e Sam Fell


Desde a década de 80, o estúdio Aardman Animations produz a criativa e árdua tarefa de realizar longas e curtas metragens em stop motion, utilizando-se de massinha de modelar para filmar suas histórias. O filme mais famoso do estúdio, em parceria com a Dreamworks, foi A Fuga das Galinhas, um grande sucesso na voz de Mel Gibson que, além de divertido, foi recebido com alta bilheteria.
O sucesso fez com que a Dreamworks incentivasse o estúdio a produzir mais longas nessa parceria mas em Wallace e Gromit: A Batalha dos Vegetais o resultado não foi o mesmo. Assim, preocupados em um investimento sem lucrativo, a produtora decidiu, pela primeira vez, utilizar-se do estilo de seus traços mas migrar para a computação gráfica. Ainda que tenham dito que tal recurso foi utilizado devido a muitas cenas realizadas na água.
O resultado dessa mudança se vê em Por Água Abaixo, animação familiar cujo carisma de seu dublador, Hugh Jackman, transborda no rato principal, um bom vivant de uma casa rica que por acidente cai no esgoto.
Os elementos que consagram animações estão presentes: o interesse amoroso, os vilões e até um conceito recente dos coadjuvantes que não só roubam a cena como fazem cenas musicais – aqui interpretadas por lesminhas.
Evidente que parte do charme estiloso da animação stop motion foi perdido na produção computadorizada, onde percebe-se algumas cenas sem a perfeita integração digital.
Com roteiro leve formatado para agradar a família, as cenas dramáticas com ápices de bom humor sustentam o filme, mas que acaba não sendo tão interessante quanto os dois anteriores produzidos pela Dreamworks, esses sim realizados em stop motion.




Retratos De Uma Obsessão (One Photo Hour)

Dir. Mark Romanek


O interesse curioso por algo ou algum objeto sempre circunda a mente humana mas, de maneira saudável, tal atenção é dispersada ou conquistada de maneira natural. Longe desse circulo, existem as atitudes e as pessoas que deturpam a maneira de ver a clareza das coisas, muitas vezes por sua condição exclusa ou ausência de motivos maiores para viver.
Retratos de Uma Obsessão é um brilhante exercício sobre a solidão doentia. Robin Williams, que perdeu seu status de grande estrela de Hollywood, está incrível neste pequeno filme como Sy Parrish, conhecido como o cara da foto-revelação pela família Yorkin. Acompanhando o crescimento da família pelas fotografias reveladas semanalmente, Sy sente-se como um membro distante da família e, solitário, tenta se aproximar daquilo que considera a imagem perfeita.
Williams não poupa dualidades na sua interpretação de um personagem frágil pela solidão e explosivo pelo desequilíbrio. É dele, também, a narração que acompanha o filme e analisa a importância na foto das pessoas que somente registram os bons momentos, com a falsa intenção de simular uma vida perfeita que, aos poucos, será quebrada pela narrativa do filme.
Sem dúvida uma pequena produção, que passou despercebida por muitas, mas que contém a carga certa de drama e tensão.



Na Natureza Selvagem (Into The Wild)

Dir. Sean Penn


Dirigido pelo sempre talentoso Sean Penn, Na Natureza Selvagem é uma devastadora narrativa de imersão que provoca desconforto tanto na execução de sua história, como em sua complementação, buscando o sentimento do expectador.
Evocando belíssimos cenários naturais, a produção reconta a história real de Christopher McCandless, jovem que após a formação superior, decide reconectar-se com um estilo de vida natural cuja missão final é passar uma temporada no Alaska.
McCandless decide perder as amarras da vida urbana, e da família que espelha um estilo falso e tradicional, para reencontrar na natureza, espelho de uma criação superior, um significado maior, uma paz que o conforte.
A força para continuar com seu plano determinado, mesmo desacreditado por todos, é tamanha. Uma sensível busca pela simplicidade na vida em uma interpretação profunda de Emile Hirsch.
Além de conduzir o expectador a uma história que toca pela sua natureza mais bruta, desperta emoções e questionamentos sobre as próprias escolhas que fazemos, nossas buscas – ou a falha delas – por aquilo que consideramos a paz primordial.
Filmado inteiramente em locações, a produção conta ainda com músicas compostas pelo Pearl Jam Eddie Vedder e foi baseada no livro do jornalista Jon Krakauer.



Até a Morte (Until Dead)

Dir. Simon Fellows


Ainda que seja óbvio que Jean Claude Van Damme esteja longe do sucesso, é inegável que o ator não se importa nem um pouco em se entregar em papéis que simulem sua própria vida.
Anterior ao biográfico J.C.V.D., Até a Morte é o típico filme de ação do astro, com direito a uma personagem extremamente cansada e viciada em drogas, como o próprio já foi.
Se comumemente o astro é o melhor em seus filmes, nessa produção é apenas Anthony Stowe, um policial fracassado da Narcóticos que perdeu a esposa e mal consegue realizar seu trabalho.
A trama é desprovida de muitas amarras, mas envolve um policial ex-parceiro de Stowe que mudou de lado e, fora da lei, começou a exterminar todos os bandidos da cidade. Após levar um tiro e entrar em coma em um confronto direto com ele, Stowe aos poucos retorna e tenta se vingar do ex-parceiro.
Porém, tais acontecimentos são desenrolados de maneira tão arbitrária que boa parte do filme possui seqüências de tiroteios que parecem não explicar nada, seguido pelo coma de Van Damme e depois de uma ressurreição em que ele tenta tirar o atraso e provar que ainda é o melhor, mesmo que esteja bem fraco nessa produção fraquíssima que não vale nem ser vista quando passar na tevê aberta.


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