segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Semana Em Filmes (05 a 11 de Dezembro)



Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte I (Harry Potter and The Deathly Hallow: Part I)

Dir. David Yates



A série do bruxo Harry Potter possui uma progressão singular em sua adaptação cinematográfica. No lançamento de Enigma do Príncipe, este blog assistiu as produções de maneira seqüenciada e, na sessão Panorama, apresentou as oscilações presentes no enredo, dando nota máxima para a última produção.
Ainda que especulação, imagino que nos primórdios da primeira adaptação, era latente a intenção de escalar um diretor para cada livro. Erro primário da produtora envolvida que esqueceu que a função de um diretor, além de meramente dirigir cenas, é apresentar sua concepção, nesse caso, de um universo estabelecido.
A ambientação das histórias tornaram-se esquizofrênicas, a mercê da criação e talento de seus diretores. Chris Columbus exagerou na paleta de cores, ainda que sua configuração inicial para o mundo bruxo seja um marco por ter sido a pioneira. Alfonso Cuaron adequou melhor a ambientação com o enredo, dando base cênica para Mike Newell tentar imita-lo na fotografia acinzentada, mas realizar um filme escuro com enfoque cômico.
Foi diante dessas oscilações que David Yates assumiu a direção da quinta produção e por uma boa decisão do estúdio, permanece até o final da história. Mesmo sem ter um nome de alto calibre, o britânico demonstrou boa habilidade na direção de sua primeira produção do bruxo e nitidamente aprendeu a evoluir com ela.
Produzindo um longa com uma equipe há tempos integrada, desde seus minutos iniciais Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I apresentam um bom conjunto de sincronia entre elenco, roteiro, produção, direção, fotografia e afins que é capaz de deixar a história nivelada com a apresentada no livro.
A decisão de dividir a história em dois longas resolve um antigo problema de livros cujas páginas se tornamvam cada vez maiores e adaptações que mantinham sua metragem. Dessa maneira, o desfecho da saga não perde elementos sensíveis ao público e parte de sua progressão lenta podem ser executadas com maior precisão.
Durante os sete anos que o público acompanha Harry Potter nunca houve tanto caos. A ascensão do senhor da trevas Lord Voldermort é iminente, e a tensão e medo é nítida. Após uma investida dos comensais da morte contra sua vida, Harry Potter decide isolar-se do mundo e dos amigos para enfrentar a batalha sozinho, mas encontra em seus fieis parceiros companhia para prosseguir e descobrir os elementos que faltam para destruir o lorde das trevas.
A potência malvada de Voldermort é uma interessante inferência criada por J. K. Rowling e bem explorada, finalmente, nessa produção. Ainda que público tenha conhecimento das histórias do passado sobre seu poder nunca, de fato, foi visto na tela – ou na história - tal domínio. Em sete livros a autora é capaz de criar um vilão cuja força está centrada naquilo que ele foi e que tornará a ser novamente, não no que é. Desde a primeira produção acompanhamos o temor da população bruxa perante o crescente retorno daquele que não pode ser nomeado e, a partir disso, compreendemos sua destruição.
Coube ao brilhante Ralph Fiennes, em apenas uma cena apresentada no início da produção, ao lado de seus fieis comensais da morte, demonstrar toda a densidade, raiva e ambigüidade de sua personagem. Apenas uma cena para produzir todo o potencial de um vilão, fato de talento nato, ainda mais que a personagem é carregada de maquiagem.
O penúltimo filme da saga apresenta o tom certo de desolação de um mundo prestes a ser abalado completamente. Por assumirem tais personagens há anos, atores estão confortáveis em seus papéis e cada vez mais naturais. Yates, também, demonstra seu crescimento na série. Sabendo apresentar duas ou três cenas de alívio cômico e carregar na necessária carga de emoção e tensão que predomina.
Se a divisão em dois filmes também produz mais lucros para os envolvidos, foi uma boa realização para o público. Que agora necessita aguardar mais alguns meses para o derradeiro final que, dessa vez, será lançado também em 3D, algo que a primeira parte não foi para evitar atrasos no lançamento. Mas, até então, tal artifício não fez, nem fará, diferença nenhuma.



De Pernas Pro Ar (Bottoms Up)

Dir. Erik MacArthur


Quem acompanha a indústria cinematográfica sabe que notoriamente algumas produções são realizadas somente para que com o lucro outras menores sejam, também, lançadas. Muitas vezes dentro dessa lógica, porém, existe um tipo de produção que aparentemente não possui nenhuma razão de existir, a não ser pelo fato de ser um belo desperdício de dinheiro.
Não é nem um filme pipoca, nem mesmo consegue ser um filme B, muito menos um filme menor bem realizado e, muito menos uma boa produção realizada diretamente para a televisão. No caso de De Pernas Pro Ar, trata-se de um filme – ainda que chamá-lo assim seja insultante – produzido diretamente para o mercado de vídeo americano – ainda que imaginar quem assista-o com entusiasmo me assuste – cujo grandes chamarizes são a socialite com cara de cólica Paris Hilton e Jason Mewes, conhecido como o Jay das histórias autorais de Kevin Smith que envolvem a dupla Jay e Silent Bob.
A trama de tal produção é uma impáfia absurda. Mewes é um garoto do interior que para ajudar o pai viaja até Hollywood intentando participar de um concurso de barman. Mas após perder tal concurso resolve encontrar outros meios para ganhar dinheiro e salvar o pai da falência.
É nessa história que surge Paris Hilton, como a namoradinha de um ator e filha de um dono de estúdio que, por obviedade, se relacionará com o garoto.
A história vai apresentando situações absurdas que intentam, talvez, produzir algum riso mas se tornam sem graça. Como o orçamento é curto, diversas cenas se apresentam em animação, poupando os produtores de gravarem tais bobagens.
Assim soma-se uma direção patética, atores ruins e um roteiro, desculpem, estúpido. Com direito a um tio homossexual afetado e sem graça e uma participação de Kevin Smith que deveria estar sem fazer nada no dia e desejando um almoço de graça. Sem dúvida, mais um para a lista dos piores vistos no ano.



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