domingo, 30 de outubro de 2011

Os Paralamas do Sucesso, Brasil Afora, 27 de Outubro, São Carlos - São Paulo

01 - Sem Mais Adeus
02 - Dos Margueritas
03 - Óculos
04 - Ela Disse Adeus
05 - O Beco
06 - Cuide Bem do Seu Amor
07 - Tendo a Lua
08 - Bora Bora
09 - Perplexo
10 - Melô do Marinheiro
11 - Você / Gostava Tanto de Você
12 - A Lhe Esperar
13 - O Calibre
14 - Meu Erro
15 - Lanterna dos Afogados
16 - Caleidoscópio
17 - Uns Dias
18 - La Bella Luna
19 - A Novidade
20 - Loirinha Bombril
21 - Alagados
22 - Uma Brasileira
(bis)
23 - Sonífera Ilha
24 - Ska
25 - Vital e Sua Moto

Fotos de Ivan Moreira

Basta João Barone, Bi Ribeiro e Herbert Vianna – acrescidos da banda de apoio – subirem ao palco para a certeza de um bom show. Tanto no apuro técnico quanto em harmonia e energia com o público.

Na ativa há 28 anos, a banda é uma das mais coesas do cenário pop e rock brasileiro. Mesmo tendo passado por baixas em certos períodos, foi a que mais produziu bons discos, coerentes e com garantia de hits radiofônicos.

Celebrando o aniversário de São Carlos e o dia dos comerciários, com organização do Sesc e da prefeitura da cidade, Os Paralamas do Sucesso subiram ao palco, logo após as oito da noite, para o show da Turnê Brasil Afora, último álbum de estúdio lançado pelo grupo.

No palco, o grupo apresenta uma invejável sintonia. Ao lado da banda de apoio, formada por um naipe de metais e o tecladista João Fera, produzem uma musicalidade rica de sonoridades distintas. Sozinhos no palco evidenciam sua competência como um Power trio. Trinca composta de baixista, guitarrista e baterista que, de tão talentosos, parecem duplicar-se no palco.

Fazendo parte da turnê Brasil Afora – que possui um registro ao vivo, disponível em cd e DVD – apenas duas canções do álbum estão presentes no repertório. Dupla modesta em comparação com os poderosos hits que a banda produziu desde sua fundação.

A escolha pelo arsenal pesado não poderia ser mais feliz. Ainda que uma parcela do público contemple as novas canções, são a maioria, que conhecem apenas os grandes sucessos, que esgotam ingressos ou, no caso de um show gratuito, causam lotação. Optar por introduzir o último álbum, como um aperitivo, pode conquistar novos fãs e agradar os antigos.

Com dezenove discos na careira, sendo doze de estúdio, a banda possui longo repertório. Capaz de realizar um show de boa duração, com vinte e cinco canções e ainda deixar de fora medalhões como Mensagem de Amor, Selvagem e Trac-Trac.

O rock brasileiro hoje apresenta um envelhecimento geral de suas banda antigas. Muitas delas já sem fôlego, com álbuns inexpressivos, salvando-se, ainda, em shows ao vivo. É nesse contexto que Os Paralamas mantem-se como a banda que, ainda hoje, produz álbuns de estúdio com qualidade e apresentam um show primoroso, conquistador de público.

A apresentação em questão foi o terceiro show que assisti da banda e, como evidência do talento do trio nesse longo caminho até aqui, o resultado foi mais uma noite inesquecível de boa música.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eric Clapton, Eric Clapton World Tour, 12 de Outubro, Morumbi - São Paulo

Por Victor Caparica



1- Key To The Highway
2- Tell The Truth
3- Hoochie Coochie Man
4- Old Love
5- Tearing Us Upart
6- Driftin’ Blues
7- Nobody Knows You When You’re Down And Out
8- Lay Down Sally
9- When Somebody Thinks You’re Wonderful
10- Layla
11- Badge
12- Wonderful Tonight
13- Before You Accuse Me
14- Little Queen Of Spades
15- Cocaine
(Bis)
16- Crossroads



Gary Clark Jr. nasceu em 1984 no Texas de Stevie Ray Vaughan, e muito jovem aprendeu a extrair arte das cordas da guitarra. Aos 15 anos, já era profissional e reconhecido, aos 18 já fazia grandes concertos e aos 25 já havia tocado no Crossroads Festival, que definitivamente não é pouca coisa. Seu estilo musical é arrojado, agressivo, deslizando sempre pela linha que separa a distorção da poluição musical. Seus riffs são contagiantes, cheios daquele swing Texano tão característico do Z. Z. Top. Enfim, Gary Clark Jr. É um prodígio, uma revelação e uma promessa bastante crível para uma renovação criativa do blues negro do Sul dos EUA.

No último dia 12 de Outubro, Gary Clark Jr. Recebeu o privilégio de abrir para Eric Clapton no estádio do Morumbi em São Paulo. Torci o nariz logo de cara. Paguei para ouvir o Clapton, não para ouvir esse tal de sei-lá-eu-quem-Clark. Me enforquei na própria língua. Com acordes poderosos e um R&B que faz tempo que não se ouvia, o jovem Clark Jr. Arrebatou aplausos eufóricos de toda a platéia, que como eu ficou impressionadíssima com a habilidade do rapaz.

Trinta minutos depois, Eric Clapton entrou no palco. Cinco minutos depois, Gary Clark Jr. tornou-se pequeno.

É difícil descrever com objetividade o show de Eric Clapton em São Paulo, apresentação que encerrou sua passagem pelo Brasil em 2011. Pontualidade foi só a primeira característica do show exemplar: Mr. Clapton entrou no palco às nove em ponto, para um espetáculo de quase duas horas. A entrada já deu o tom da noite, com Key to the Highway de Charles Segar, o primeiro de vários covers primorosos do blues.

Os clássicos continuaram com Tell the Truth (do Derek and the Dominos), esquentando os reatores para Hoochie-Coochie Man, do mestre Muddy Waters, o inventor da eletricidade. Feitas as primeiras homenagens, Clapton adentrou seu próprio repertório com Old Love, em uma versão maravilhosamente repleta de solos inacreditáveis, uma verdadeira aula de virtuosismo e uma demonstração única daquele “mojo” indefinível que constitui o verdadeiro bluesman. Mais dois covers, agora de Johnny Moore e Jimmy Cox, respectivamente com Drifting Blues e Nobody Knows You When You’re Down and Out. A essa altura do show, posso dizer que meus conceitos de guitarra no blues já estavam sendo reformulados. Claro, ouvi Eric Clapton desde a adolescência, mas o efeito catarse transmitido pela apresentação ao vivo é algo que vai além do limite do playback e separa grandes instrumentistas de verdadeiros demônios do blues como Eric Clapton.

A noite continuou com Lay Down Sally, música mais animada que fez todo mundo cantar no refrão. Para mim, no entanto, a surpresa mais agradável da noite foi a versão acústica e ainda mais lenta de Layla, um dos maiores clássicos do mestre Clapton, seguida por Badge e pela balada Wonderful Tonight.

A reta final ficou por conta de Before You Accuse Me, do inesquecível Bo Didley, Little Queen of Spades de Robert Johnson e é claro, Eric Clapton não sairia vivo do Morumbi se não fechasse com o estádio inteiro em uníssono gritando a plenos pulmões o refrão de Cocaine.

O bis foi curto, talvez minha única crítica honesta ao show. Podia ter colocado mais duas músicas depois de tocar Crossroads, também de Robert Johnson. Mesmo assim foi muito bom, e nessa saideira com o blues da encruzilhada, Gary Clark Jr. Voltou ao palco para tocar com Slowhanded Clapton. Na totalidade, o show foi um dos pontos altos da cena brasileira de shows internacionais em 2011, e deixou muitas lembranças muito boas.