quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Halloween - O Início

(Halloween, 2007)
Diretor: Rob Zombie
Elenco: Malcolm McDowell, Brad Dourif, Daeg Faerch, Tyler Mane, Scout Taylor-Compton, Sheri Moon, William Forsythe, Danielle Harris, Udo Kier, Danny Trejo

Ao lado de Wes Craven, o diretor John Carpenter popularizou o Terror na década de oitenta, abusando de maníacos, personagens bizarros e histórias assustadoras. A cada geração, poucos novos filmes se destacam neste panteão do medo. A saga Jogos Mortais teve certo destaque no início, mas depois exagerou na violência gore e repetiu a si mesmo diversas vezes. Neil Marshell foi tido como promissor com Abismo do Medo, mas nunca mais entregou outra produção eficiente. Portanto, a maioria dos filmes atuais são regravações que vão repetindo as mesmas histórias, com a roupagem narrativa de hoje, nem sempre assustadora.

Em meio a esse marasmo, o músico Rob Zombie compôs uma duologia cruel sobre uma família de assassinos. Conseguindo naturalidade dentro de um grotesco, sem poupar sangue, A Casa Dos 10.000 Corpos e Rejeitados pelo Demônio destacava o talento e estilo do roqueiro, melhor que alguns diretor atuais. Motivo que lhe garantiu a possibilidade de readaptar uma famosa história de Carpenter: Halloween.

Utilizando o mesmo argumento do original, Zombie parte da infância da personagem para desenvolver sua crueldade. Insere a criança Michael Myers em um ambiente hostil com uma mãe stripper e um padrasto invalido que o odeia, a irmã adolescente que, como um jovem dessa idade, despreza qualquer coisa que não seu próprio mundo, além de uma pequenina irmã, a única por quem Myers nutre um sentimento positivo. É o primeiro ato da trama que fundamenta as motivações da personagem.

Dando um salto de trinta anos, o curto segundo ato apresenta Myers preso, configurando tudo o que foi previsto por seu psicólogo infantil, Dr. Loomis, protagonizado por Malcolm McDowell que, desde a infância do garoto, previa sua perda de laços com o mundo exterior. O terceiro ato marca a famosa fuga da personagem a procura dos sobreviventes de sua família.

Ao introduzir com escopo psicológico a infância de Myers, Zombie produz uma temerosa figura real. Ao entender suas motivações, o público contempla sensações dúbias, mesmo reconhecendo sua monstruosidade, não há como não compreendê-lo. O que não retira a potência de medo causada pela figura aficionada por se esconder atrás de máscaras, temeroso pela própria feiura.

Retocando a história sem perder os elementos clássicos, Zombie produz a regravação mais sólida oriunda da década de oitenta, que conta com releituras de Sexta Feira 13, A Hora do Pesadelo, Terror em Amityville, O Massacre da Serra Elétrica, que atualizaram seus conceitos para o contemporâneo sem levar em conta que o público não tem mais medo de monstros compostos na década de oitenta.

Atualizando a personagem, o diretor cria um monstro a espreita com a quantidade agressiva de violência e impossibilidades de ação para um filme de terror. O sucesso foi tanto que gerou uma sequência que, mesmo inicialmente a contra gosto, foi dirigido pelo próprio Zombie.

Infelizmente a versão em dvd deste filme tem o formato de tela alterado do original. Resta a esperança de que em um lançamento em blu ray no país se mantenha o aspecto original, não cortando parte da tela.


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Jogos Mortais

(Saw, 2004)
Diretor: James Wan
Elenco: Leigh Whannell, Cary Elwes, Danny Glover, Ken Leung, Dina Meyer, Mike Butters, Paul Gutrecht, Tobin Bell

Em 2004, uma das franquias contemporâneas mais bem sucedidas se iniciava, levando seu estilo além de uma tendência no gênero de terror. Voltado para o exagero da violência sádica, Jogos Mortais se tornou o representante máximo de um estilo que faz da violência uma estética fetichista e sedutora.

Antes de se popularizar como um filme de terror violento e, como uma linha de produção, lançar uma nova história a cada ano, a premissa tinha contornos mais interessantes, trabalhando com a violência mais tecendo uma história que ia além do sangue. Evidente que a comparação do encarte brasileiro com Se7en – Sete Crimes Capitais é exagerada.

A primeira jornada ao mundo de Jigsaw tem mérito pela capacidade de, na mesma história, apresentar múltiplos pontos de vista. A ação não está concentrada apenas no jogo do título, em que dois homens acordam acorrentados em um banheiro abandonado e tem de descobrir os motivos de seu cárcere. Há o elemento criminal da policia que investiga os casos anteriores do sádico, a apresentação das personagens antes da prisão, justificando o porque foram escolhidas para o jogo, produzindo pequenas tramas interligadas pelo grande vilão que dão mais profundidade para a agonia da trama.

A agressividade exposta na história não se torna tão gratuita pois parece justificada em um potencial enredo assustador. Tal premissa seria diminuída consideravelmente em suas sequências, já que boa parte do sucesso veio de um público com gosto de sangue.

O desfecho da trama trabalha com um elemento primordial da franquia que se tornou obrigatório a cada filme e de maneira exagerada, o famoso plot twist que tem se tornado tão popular em muitas histórias, promovendo uma reviravolta que muda tudo na história e, normalmente, a estragam. Nesse caso, há coerência com o que foi apresentado e, pela boa composição da história, produz um interessante gancho que fundamenta o quanto o vilão tem uma visão perversa.

A partir de primeira sequencia, a franquia se torna um laboratório de sadismo, o que nos faz pressupor que, talvez, as outras qualidades desta produção sejam apenas um acaso fortuito.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Jogos Vorazes

(The Hunger Games, 2012) 
Diretor: Gary Ross
Elenco: Jennifer Lawrence, Elizabeth Banks, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Stanley Tucci, Amandla Stenberg, Willow Shields, Isabelle Fuhrman, Donald Sutherland

Durante a saga Harry Potter a indústria cinematográfica observou a potência de narrativas literárias juvenis como fonte de inspiração e arrecadação de bilheteria. O resultado foi uma explosão de filmes de fantasia, com estúdios tentando aproveitar o sucesso do bruxo lançando histórias com temáticas similares. Nenhuma emplacou  por conta de seus argumentos fracos.

O primeiro contato que tive com Jogos Vorazes foi a constatação de quão semelhante era seu argumento em relação ao mangá / anime / filme Battle Royale, lançado anteriormente a esta trilogia utilizando a história de uma batalha entre adolescentes.

Baseado na obra de Suzzane Collins, a trama é situada em um mundo dividido em doze distritos ao redor de uma cidade central. Para evitar a rebelião das regiões, todo ano é realizado os Jogos Vorazes do título em que dois participantes de cada distrito são colocado em uma gigantesca arena monitorada por câmeras para lutarem até que haja apenas um sobrevivente.

A história se passa em um futuro em que a América do Norte foi destruída e as riquezas da nação são concentradas em sua cidade central. A ação dos jogos vorazes é apresentada na televisão, sendo não só um meio de cada distrito torcer por sua equipe como faz parte de um dos entretenimentos mais tradicionais da população.

A reflexão entre violência e realidade vigiada é pontual em meio a uma época em que canais especializados em reality show expõe a vida de anônimos em temáticas diferenciadas para todo tipo de público. Porém, o objetivo dessa produção é mais centrado nas duas personagens que disputam os jogos: Katniss Everdeen e Peeta Mellar. Toda a ambientação em potencial que poderia, além de divertir, ser uma reflexão crítica, se torna apenas a base para apresentar o drama de tais personagens, Katniss que assume o lugar da irmã mais nova na competição e Peeta, apaixonado pela garota.

Nesse aspecto, se observa a necessidade de formatar a trama para um alcance mais amplo. Sem violência ou reflexão demais. Retirando aspectos que dariam mais profundidade a trama e que, se bem trabalhados, não destruíram a intenção inicial do longa que é ser um dos grandes sucessos da temporada americana.

Os leitores do livro, afirmam que a obra original é mais densa e violenta. Resta saber se os produtores da continuação apresentarão melhor estes elementos ou se darão prosseguimento a uma estética mais plástica, rasa, que só se completa como entretenimento.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O Segredo da Cabana

(The Cabin in the Woods, 2011)
Diretor: Drew Goddard
Elenco: Kristen Connolly, Chris Hemsworth, Anna Hutchison, Fran Kranz, Jesse Williams, Richard Jenkins, Bradley Whitford, Brian White, Amy Acker, Tim De Zarnn

O ano de 2012 foi excelente para Joss Whedon. Ao mesmo tempo que foi super aclamado pelo roteiro e direção em Os Vingadores, escreveu uma excelente história de terror que, não por acaso, tem conquistado uma legião de fãs.

Ao se tratar de um filme de terror, saber menos é sempre mais interessante. Confesso que raramente leio sinopses de filmes com medo de descobrir detalhes antes de assistir ao filme. Assim, o que conheci de O Segredo da Cabana foi um belo poster que brincava com a ideia de uma cabana para montar, como um cubo mágico, e notícias afirmando que era uma produção recomendada para se assitir pela excelente história. Considerei o panorama atual do terror, indagando-me se seria mesmo um argumento tão interessante ou apenas um burburinhos de críticos tentando levantar um filme com má qualidade.

É difícil apresentar sua sinopse sem apresentar nenhum detalhe específico que estrague a diversão. Portanto, é necessário saber apenas que o filme é uma homenagem aos filmes de terror. Com grande apuro, Whedon revisita o conceito de terror, principalmente a vertente atual, e, ao mesmo tempo que compõe sua trama, estabelece uma homenagem crítica. Se tornando complicado catalogá-lo como um mero filme de terror, pois sua narrativa quebra este conceito diversas vezes, ainda que o medo prevaleça como sensação primordial.

A ambientação está presente, a maneira parcial de apresentar a história e com isso aterrorizar o público também. O diferencial é a potência da história implícita no meio assustador. Caminhando de segmento a segmento, diretor realiza uma trama que tem sua história mas é, ao mesmo tempo, todas as histórias de terror. Não sendo exagero chamar está excelente produção de um meta filme, dialogando com o próprio gênero.

Mais do que criar uma teoria sobre o gênero do terror, como algumas personagens de outros filmes fazem, Whedon coloca a própria teoria em prática, o que explica porque a produção conquistou tanto público. A maneira fluída que conseguiu encaixar a crítica, dentro da história de terror, completa o filme além produzir genuína tensão no público. E nos fazendo inferir que talvez o terror de hoje está esgotado e precise de renovação.

Infelizmente, a produção não será lançada nos cinemas brasileiros. Foi programada mas a Universal decidiu lança-lo direto em home vídeo em breve. Uma pena, pois produções de terror sempre tem boa recepção de bilheterias e uma história como essa mereceria ser vista na tela grande.


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Fuga de Los Angeles

Blu Ray Americano
(Escape From L.A., 1996)
Diretor: John Carpenter
Elenco: Kurt Russell, Cliff Robertson, Stacy Keach, Steve Buscemi, Peter Fonda

Quinze anos após o projeto inicial, Snake Plinsken retorna em uma história que nada acrescenta de novo a anterior. O presídio de Nova York cede lugar para Los Angeles, ambiente devastado por uma catastrofe natural, transformando-se em local para exilados pelo sistema.

A vigilancia governamental inferida na primeira produção tem maior rigidez. Com ela, nascem grupos contra o sistema, como um famoso terrorista chamado Cuervo Jones, aliado a filha rebelde do presidente, que sequestra um aparato tecnológico capaz de ameçar toda a nação.

Entra em cena novamente o mau necessário para resolver o problema. A figura de Plinsken, quase monossilábica, é a única que se mantém firme ante a uma trama mal resolvida. Mesmo modificando o cenário, a história e os conflitos são os mesmos, porém, intensificados para nos passar a sensação de grandiosidade.

Se em 1981 a produção possuia, na medida do possível, uma base de efeitos especiais, a sequência não teve o mesmo cuidado, parecendo uma produção de baixo orçamento. Somente essa afirmação para justificar tantas cenas mal feitas com recursos primários.

Poderia ter sido até um filme mediano em homenagem ao clássico oitentista, mas este retorno é descartável e aponta que a década de noventa não foi boa para John Carpenter que passou anos realizando produções medianas, salvo Vampiros (1998), até o final da carreira que, aparentemente, está finalizada.


quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fuga de Nova York

(Escape from New York, 1981)
Diretor: John Carpenter
Atores: Kurt Russell, Lee Van Cleef

Fuga Para Nova York é um dos grandes filmes de John Carpenter e sempre lembrado na lista de boas produções da década de oitenta. Misturando ação com ficção scientífica, a ação se passam em 1998, em um futuro em que a ilha de Manhattan tornou-se uma gigantesca prisão que governo só monitora pelo exterior.

Devido a um atentado contra o avião do presidente dos estados unidos, o veículo faz pouso forçado dentro da prisão e precisa ser regastado a todo custo. Snake Plisken, um famoso bandido local, é obrigado a realizar o salvamento.

Kurt Rusell já havia trabalhado com Carpenter anteriormente e realizam mais uma parceria bem sucedida. A criação do anti herói que mal falava tornou-se icônica pela cara mal encarada e o tapa olho característico.

Ao assistir um filme de ação antigo nota-se que as sequências são diferentes das compostas hoje. Ainda não havia apreço por cenas de lutas coreografas como balé, nem utilização de cortes rápidos. A produção tem somente um conciso polo de ação – o resgate do presidente – e nesta situação que desenvolve pequenos conflitos e embates que surgem no caminho do resgate.

Snake Plinsken, mesmo silencioso a maior parte do tempo, é um personagem interessante que carrega em si a simbologia de um nome feito nas ruas, a partir da tatuagem de cobra que tem na barriga. Mesmo tendo estrelado apenas dois filmes foi marcante o suficiente para sempre’ estar na memória de cinéfilos e de listas sobre heróis de ação.

A ambientação de Nova York suja e desolada, um esgoto para os bandido, é bem retratada e demonstra o talento que John Carpenter possui. Embora ainda vivo, parece aposentado. Seu último filme, Fantasmas de Marte, foi lançado em 2001 e foi um fracasso retumbante de público.


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Redenção

(Machine Gun Preacher, 2011)
Diretor: Marc Forster
Elenco: Gerard Butler, Michelle Monaghan, Kathy Baker, Michael Shannon, Madeline Carroll, Souleymane Sy Savane

A sétima arte tem abusado ao apresentar histórias baseadas em biografias, como se roteiristas estivem com a criatividade em baixa. A biografia cinematográfica tem se tornado um estilo, uma fórmula que se preenche apresentando a personagem central, uma transformação significativa, que, normalmente, dá o tom dramático para a trama.

Sam Childers é um homem que pode ser reconhecido facilmente por sua cara de poucos amigos e seu grupo de motoqueiros. Esteve a maior parte do tempo do lado oposto da lei, até repensar sua vida após um último assassinato, logo após de sair da cadeia.

Conhecido como o Pastor da Metralhadora, Childers se torna um missionário na África sem perder a personalidade. Ao invés de levar a palavra do Senhor e ajuda com mantimentos e construções a um povo necessitado, expõe na força o desejo de retomar o poder contra aqueles que desejam destruir seus projetos.

O homem brigão continua o mesmo, mas agora com um objetivo melhor. Encontrando na causa social um motivo para sua vida, transformando-se de um homem diletante para destaque de uma causa, ajudando crianças africanas e permanecendo no fronte contra guerrilheiros que desejam sequestrar as crianças para seus exércitos. Mais do que um ativista passivo, toma as rédeas de sua história.

Nesse ponto, sua história mesmo composta como uma fórmula produz engano. O homem bruto não mudou sua personalidade, mas sim seus vícios. O que destaca essa produção indo contra as biografias padrão que exageram nas qualidades e escondem os lugares escuros.

O título brasileiro, evidentemente, tenta pasteurizar o que este drama tenta evitar, a idéia do senso comum de transformação. Mas o equívoco não tira o potencial dessa história que provam que todos são passíveis de mudança, mesmos os mais brucutus, se assim desejam sair do meio de sua selvageria.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Para Sempre

(The Vow, 2012)
Diretor: Michael Sucsy
Elenco: Rachel McAdams, Channing Tatum, Sam Neill, Scott Speedman, Wendy Crewson, Jessica Lange

A popularidade de Nicholas Sparks também causa incômodo. Muitos afirmam, com certa razão, que seus romances são variações do mesmo tema, utilizando-se de um argumento sempre romantico, as vezes exageredamente romântico, cujo objetivo primário são as mulheres, grandes consumidoras deste estilo.

Autor de grande sucesso, fazendo-o um vendedor de best-seller, tem diversas obras adaptadas para o cinema, algumas realizada há mais de cinco anos. Embora ainda não tenha sido leitor de nenhum de seus romances, as adaptações me fazem inferir o padrão de sua composição narrativa.

Dessa maneira, gosto de como o autor conduz sua história de amor, sem medo de ser piegas, entregando momentos de uma relação que, normalmente, se realizam em pequenos atos a dois e, fazendo destas lembranças, uma consagração maior para a história. Não que tenha gostado de todas as produções que vi, porém, é um autor que não deve ser ignorado simplesmente por escrever histórias românticas de gosto popular.

Para Sempre apresenta mais uma de suas histórias de amor. O diferencial, desta vez, é que a base vem de uma história real, mesmo que muitos associem este mesmo argumento ao excelente Diários de Uma Paixão. Na trama, Paige sofre um acidente que resulta em uma perda de memória recente, esquecendo todo o relacionamento que vive com Leo. Dia após dia, o marido tenta reconquistar a esposa, fazendo-a a lembrar da história de amor que vivem.

Embora a trama possa lembrar a comédia Como Se Fosse a Primeira Vez, o tom não é de humor. A angústia de não mais reconhecer parte de sua vida é exposta de maneira dramática e entristece por vermos uma sobrevivente de um acidente que não se recorda em nada de parte de sua vida.

A história real foi o ponto de partida para Sparks escrever este drama, que justamente por sua base aumenta a curiosidade em conhecer a respeito de um amor que, mesmo sem lembrança, lutou para se recriar.

Mesmo que a história tenha mais potêncial do que de fato sua realização, é expressivo a existência de um escritor que fale sobre o amor de maneira tão franca a todos sem medo de soa excessivo ou ruim. O abuso do melodrama é essencial parao reconhecimento e a emoção que, inevitavelmente, vem.

Há outras adaptações do escritor melhores desenvolvidas, porém, ainda assim, vale pela maneira livre de se falar de um dos temas mais universais desde que o homem desenvolveu a escrita.


sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Repomen - O Resgate de Orgãos

(Repo Men , 2010) 
Diretor: Miguel Sapochnik
Elenco: Jude Law, Liev Schreiber, Forest Whitaker, Alice Braga

Baseado na obra de Eric Garcia – também autor do livro que inspirou o filme Os VigaristasRepoman – O Resgate de Orgãos é uma tradicional produção de ficção científica que avança a linha temporal, apresentando um futuro mais sombrio, como uma reflexão crítica a sociedade. O avanço tecnológico e o consumo desenfreado deram abertura para o comércio de transplante de órgãos cibernéticos. A Union salva vidas de quem pode pagar, caso contrário, retiram os órgãos dos inadiplentes, função dos coletores.

Jude Law é Remy, um dos melhores coletores da empresa. Prestes a mudar de vida pela família, sofre um acidente e recebe um desses órgãos mecânicos. Ao falhar em sua missão seguinte, percebendo que, mais do que recuperar um órgão, retira a vida de uma pessoa, Remy desiste da profissão. Sem pagar seu transplate começa a ser procurado pela polícia. Mudando de lado, a personagem verifica como a lei é rígida do lado mais fraco. Ao adentrar no submundo a procura de maneiras de burlar a lei, encontra-se com Beth, uma mulher também foragida, começando uma relação.

A trama coloca a personagem contra as engrenagens do sistema, mas a personagem de Law não é carismática. Suas motivações são compreendidas, mas não parecem fortes suficientemente para sustentar este longa metragem. É possível inferir diversas outras alternativas para a personagem que poderiam envolver o mesmo conceito sem a repetida história de um alguém contra um sistema.

Estranhamente, na parte final a ação, que permeou apenas poucas partes da história, é recebida com peso, em uma sequencia interessante cheia de violência que, por este detalhe, destoa da intenção do longa. Como maldição de filmes contemporâneos, a credibilidade é ainda menor quando percebe-se uma reviravolta que, evidentemente, anula metade do que aconteceu do filme e não tem nenhum resultado espetacular, deixando o público com uma cara de quem foi enganado e não gostou.



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Lanterna Verde

Blu Ray Britânico
(Green Lantern, 2011)
Diretor: Martin Campbell
Elenco: Ryan Reynolds, Blake Lively, Peter Sarsgaard, Mark Strong

Por causa da trilogia Batman e de Superman – O Retorno, costumou-se afirmar que a DC Comics trabalhou nos cinemas de maneira diferente que a Marvel. Entregou seus personagens na mão de diretores autorais, ou ao menos com um estilo evidente, que pudessem apresentar seus heróis sem abrir mão de suas características como diretor.

Depois de uma série de hérois que caminharam dos quadrinhos para as telas de cinema, parece piada afirmar que este ou aquele é um grande heroi, todos sempre ganham esta alcunha em suas adaptações. Porém, sem dúvida, Lanterna Verde é um dos mais importantes herois da DC Comics, ao lado de Batman, Superman e Mulher Maravilha. Um personagem querido que precisava de um filme a altura.

A primeira impressão que Lanterna Verde nos passa é de que roteiristas leram os quadrinhos, se o leram, com certa preguiça. Mesmo que se compreenda que transpor uma história em quadrinhos no cinema gera algumas adaptações, é problemático quando elementos que definem a personagem são deturpados de alguma maneira. O piloto Hal Jordan visto nas telas não parece em nada com aquele visto nos quadrinhos, perdendo sua rica mitologia em um filme de aventura.

Não há como não comparar este filme com o estilo de produções da Marvel, que buscaram em diversos personagens uma história mais familiar. Esta filme parece utilizar essa formula de humor, ação e par romântico com o extra de ser um heroi consagrado. Para o papel central foi escolhido Ryan Renolds que afirmou gostar da personagem, porém, nem mesmo seu talento como ator dá conta de um papel superficial.

Os efeitos especiais não possuem meio termo: ou são funcionais ou um desastre completo. Não integram a cena com competência, parecendo filmes antigos em que o efeito computadorizado ainda era novo. A roupa do Lanterna Verde, por ser composta de energia, não parece real. Em parte porque, ao traja-la, seus olhos mudam de cor, deixando-o apenas estranho. Em contraponto, a coloração rosa da pele de algumas personagens foi feita no tom. Dando-nos a impressão de que parte da pós-produção foi feita com cuidado e outra as pressas.

A direção de Martin Campbell é quase nula. Vendo está produção é inimaginável que este diretor é o mesmo que revitalizou a franquia de James Bond por duas vezes e ainda dirigiu os divertidos Limite Vertical e A lenda do Zorro (mas que também cometeu Amor Sem Fronteiras e O Fim da Escuridão).

A idéia de formatar a personagem para uma história mais amena retirou o potencial da personagem em um filme raso. E o resultado dessa mudança foi uma baixa bilheteria e a intenção do estudio em gravar outro filme esquecendo o primeiro, sem Ryan Renolds. Com base nisso, é questionável como funciona os produtores na hora de dar sinal verde para um filme. Afinal, mais fácil seria se pensassem com mais cuidado no ínício dessa produção e não trabalhassem na equação de erro e acerto.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Demolidor - Versão do Diretor

(Daredevil, 2003)
Diretor: Mark Steven Johnson 
Elenco: Ben Affleck, Jennifer Garner, Michael Clarke Duncan, Colin Farrell, Jon Favreau, Joe Pantoliano

Nos primeiro minutos de um documentário, que acompanha o primeiro disco desta versão de diretor, um dos editores faz comentários a respeito de sua metragem. Diz que para o lançamento do filme a opção foi reduzir um pouco da ideia original, deixando mais ágil e com mais cenas de ação, diferentemente da ideia do diretor, Mark Steve Johnson, que procurava algo mais denso e fluído, com momentos para explicações e um pouco menos de ação.

Esse pequeno trecho simboliza a diferença entre um editor pago para realizar um filme blockbuster sem se importar com sua qualidade em detrimento a outros que tentam, mesmo em filme neste formato, manter uma base narrativa.

Demolidor foi a primeira adaptação de quadrinhos a ser um sub-produto dos sucessos anteriores. Pouco dinheiro foi investido no projeto, cuja missão primordial era um arrecadamento médio. Sem mais ganas, o resultado desse pensamento se tornou nada promissor. O descompasso é tão claro que o fraco diretor lançou sua própria edição do filme, com minutos a mais, tentando melhorar a fraca história e recuperar um pouco de sua imagem perante os fãs de quadrinhos.

Mesmo trabalhando com um material bruto inexpressivo, seu trabalho tem um ganho positivo em relação ao original, mas nada excepcional. Os erros desenvolvidos na trama estão concentrados em sua estrutura. Nenhuma edição poderia salva-la.

A começar pela obtusa escolha do elenco. Como colocar o gordinho Ben Aflleck para fazer o ágil demolidor quando, por ator cogitado na época, Matt Damon seria mais indicado para o papel até fisicamente. Sem deixar de lado excessos de liberdade poética transformando o rei do crime em negro e um patético Mercenário, grande vilão do Homem Sem Medo, em um patético personagem nas mãos de Collin Farrell, que despontou em um filme de Joel Schumacher e, depois de entregar mais uma atuação competente, vem desapontando desde então.

Com um pouco mais de duas horas de duração, a nova edição deixa a trama mais explica, tentando se aprofundar no drama de Matt Murdock. Mas a falta de credibilidade que Affleck passa, de um cego canastrão, não dá espaço para que compreenda-se seu heroísmo.

É lamentário que um personagem tão excelente como Demolidor tenha sido o escolhido para ser o primeiro filme B de quadrinhos, elemento parecido que aconteceria com Quarteto Fantástico mas, dessa vez, voltado ao entretenimento familiar.

Murdock é o heroi que possui uma das carreiras mais estáveis no quadrinho, com sagas memoráveis, além de ser carismático. Nas telas virou uma mistura insossa de senso comum e de atores mal selecionado, que culminam na Electra Natchos de Jennifer Garner.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

Irresistível Paixão

(Out of Sight, 1998)
Diretor: Steven Soderbergh
Elenco: George Clooney, Jennifer Lopez, Ving Rhames, Catherine Keener, Dennis Farina, Steve Zahn

Um multi-astro é aquele que, em determinado momento, resolve tentar outros movimentos para sua carreira e abrir novas oportunidades. Sempre que um cantor intenta estrelar um filme, a recepção é receosa, principalmente porque, boa parte dos críticos, torce para que o filme se torne um fracasso.

A cantora Jennifer Lopez é uma daquelas que não desistiu e, ainda hoje, participa de algumas produções. Sua base são filmes românticos cheios de açucar, mas já se arriscou no terror, dramas densos e protagonizou, ao lado Ben Affleck, um dos maiores fracassos de bilheteria de todos os tempos. Diante dessa pequena carreira, que muitos poderiam denegrir como duvidosa, somente Steve Soderbergh seria capaz de reuni-la com um eterno galã para apresentar uma história marginal sobre o amor. 

Baseado na obra de Elmore Leonard - prolífico escritor policial, com filmes e séries adaptadas - a história promove o acaso e encontro entre um bandido em fuga e uma agente penitenciaria que estava no local. A narrativa de Irresistível Paixão - realizada antes do hype em cima de Soderbergh - dialoga bem com um estilo alternativo de cinema sem perder a narrativa sem floreios de Leonard. George Clooney está perfeito como George Clooney, o sexy ladrão sem escrúpulos que não resiste a agente penitenciaria Karen Sisco, em uma trama que, ao colocar personagens em lado opostos da lei, exemplifica que é possível encontrar o amor em qualquer lugar.

A estranheza é um dos elementos centrais da história. O amor que surge de um lugar estranho e que, mesmo assim, produz encantamento por sua condução, pelo acaso bem inserido na história. Os diálogos merecem um destaque a parte, explicitando o estilo de produção que, além das imagens, pede pela atenção das palavras. São doses de ironia bem calculadas, declarações de amor em poucas palavras. Dando-nos uma breve dimensão de como o autor Leonard trabalha suas personagens e situações.

 Soderbergh  utiliza-se do corte de cenas e dos espaçamentos temporais para dar maior agilidade a trama, que não tem medo de utilizar os datados efeitos de imagem congelada para destacar situações de limite. Caminhando do passado ao presente, explicando a motivação das personagens e aprofundando as relações.

Desenvolvendo-se em um ambiente possivelmente hostil, entre diálogos ferinos e uma edição veloz, uma história de amor que beira a marginalidade pelas personagens nada elevadas mas que, como a maioria das história de amor, são encantadoras.



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Bel Ami - O Sedutor

(Bel Ami, 2011)
Diretor: Declan Donnellan, Nick Ormerod
Elenco: Robert Pattinson, Uma Thurman, Natalia Tena, Christina Ricci, Colm Meaney, Kristin Scott Thomas

O francês Guy de Maupassant é um dos maiores escritores mundiais. Trabalhou com diversos gêneros artísticos, mas se consagrou no romance e nos contos. Sua temática variada sempre aprofundava-se na psicologia das personagens, esboçando traços naturalistas sem perder o viço para realizar críticas contra sua época.

Baseado em romance escrito em 1885, Bel Ami, é uma mordaz crítica a sua sociedade. Retratando a vida de Georges Duroy, um ex-soldado de origens simples que procura ascendência social em Paris, aproveitando-se de seu único bem, a beleza, para conquistar mulheres e obter favores.

A trama universaliza a ideia de que nem sempre é necessário ter uma vocação para conseguir um status favorável. Demonstrando que a beleza e a sedução pode ser a moeda para, pouco a pouco, crescer em uma sociedade movida por aparência. Todas as relações desenvolvidas na história são dúbias, promovidas por intenções não genuínas ou excusas. Não há personagem que saia incólume de manter um segredo para manter sua posição de prestígio conquistada.

O excesso de laços duplos faz a trama complicada por não ser capaz de explorar com sabedoria o lado sedutor da personagem e, ao mesmo tempo, sua consciência de ser um jovem inseguro que, ainda assim, consegue subir na vida a custa de favores. A roteirista Rachel Bennette fez da obra multifacetada de Maupassant uma pequena história de intrigas, falhando na compreensão de seu novelo bem costurado.

Fora da saga dos vampiros, Robbert Pattison apresenta um papel romântico e amargurado. Ainda é cedo para afirmar se o ator possui escopo dramático, embora demonstre com eficiência o vazio e ambivalência de sua personagem. Porém, seu nome como atraí público tem figurado em filmes promissores, embora demorará tempo para que Edward Cullen seja apenas o ínicio de uma boa carreira.

Destituído de toda sua força narrativa, Bel Ami – O Sedutor tornou-se apenas um romance de época com boa direção de cena e figurinos. Sendo melhor se debruçar na obra original – que recebeu uma nova edição pela Editora Liberdade – do que dar atenção a adaptação.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sombras da Noite

(Dark Shadows, 2012)
Diretor: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Michelle Pfeiffer, Chloë Grace Moretz, Eva Green, Jonny Lee Miller, Gulliver McGrath, Jackie Earle Haley, Bella Heathcote, Christopher Lee

A cada nova produção, Tim Burton divide seu público cativo. Grande parcela reconhece que as refilmagens feitas pelo diretor mais mancharam sua imagem do que deram vazão a sua criatividade. O que antigamente era visto como um excepcional estilo com uma parceria consagrada com um ator famoso, hoje pode ser motivo de riso pelo uso constante de Johnny Depp e da esposa Helena Bonham Carter como uma fórmula desgastada.

Torna-se difícil avaliar mais uma de suas produções sem questionar-se o que aconteceu com Burton, que teve fase excelente na década de noventa e, desde a regravação de Planetas dos Macacos, começou a tropeçar tanto nessas adaptações, tidas como obras contratuais, como naquelas de cunho mais autoral.

Após o imperdoável Alice no País da Maravilhas, carregado por seu estilo, retorcendo a história original, Sombras da Noite parecia ser uma história de retorno a sua origem gótica e ainda parodiando a demanda atual de filmes vampirescos. Baseada em uma série da década de sessenta, a trama nos apresenta Barnabás Collins um sedutor que se transforma em vampiro devido a maldição de uma bruxa. Preso em seu caixão por duzendo anos, a personagem desperta e vive as transformações do mundo moderno, reencontrando sua cidade e o legado da família perto da falência, tentando reascende-la na sociedade.

Se o ambiente parece uma retomada daquele primordial, o mesmo não pode se dizer da história. Mesmo com liberdade, o diretor tem que caminhar por uma trilha já fundamentada pela série televisa, o que serve de impedimento para maior escopo criativo. A adaptação cinematográfica não justifica-se pela falta de uma trama interessante que se divide entre o amor e ódio do vampiro e da bruxa que o transformou.

Estranhamente, Johnny Depp está bem em seu papel de vampiro deslocado, deixando de lado a afetação que, desde o Capitão Jack Sparrow, surgiu em suas interpretações, compondo um personagem excêntrico mas realista. Quem permanece sem atrativo é a esposa Bonham Carter. É inexplicável compreender, além dos laços familiares, porque o diretor insiste em usa-la sempre para o mesmo tipo de papel, inserindo-a mais como um dever do que como espaço para a atriz demonstre seu talento.

Torna-se impossível não pressupor que Depp, Burton e Bonham Carter reconheçam o declínio desta parceria. Porém, permanece a impressão de que, uma vez definidos, não há nenhuma vontade de inovação, já que este formato foi funcional diversas vezes. Talentosos todos são, mas parece que estão mais preguiçosos do que nunca.



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

As Mil Palavras

(A Thousand Words, 2011)
Diretor: Brian Robbins
Elenco: Eddie Murphy, Kerry Washington, Emanuel Ragsdale, Jill Basey, Greg Collins, Robert LeQuang, Michael G. Wilkinson, Lyndsey Nelson, Michael Cody Gilbert, Lou Saliba, Clark Duke, Cliff Curtis

O prestígio de Eddie Murphy está em baixa. Em parte, por conta de diversos filmes ruins realizados na última década, fazendo com que está produção tenha lançamento direto em home vídeo no país, sem a possibilidade dos cinemas.

Murphy teve um bom início de carreira, com filmes de destaque e um marco da comédia com Um Tira da Pesada. Porém, sempre em repetições de uma mesma personagem, um homem sorridente e verborrágio, tem se desgastado em tramas familiares.

A personagem de As Mil Palavras repetem o mesmo estilo das anteriores. Na trama, Jack McCall é um agente literário que sempre consegue o que quer. Ao tentar publicar o livro de um guru new age se machuca em uma árvore de seu templo. Árvore que surge em seu quintal como parte de um elo em comum. Fazendo-o descobrir que a cada palavra dita uma de suas folhas caem. Ligados de alguma maneira mística, se a árvore morrer, Jack também irá.

A trama improvável configura mais uma história infantil e familiar do que abrange outros públicos. Jack é o centro do conflito e precisa rever sua conduta para mudar a situação. A história mantem-se no cômico até eclodir no elemento moralizante de redenção.

A limitação de Murphy em não poder falar resulta em muitas caras e bocas que chegam a provocar um sorriso mas nunca um riso verdadeiro. Os naturais contornos de mudança da trama são mais eficientes do que seu elemento cômico, ainda que não pareça bem definido entre comédia ou drama.

Como também comum no estilo, a personagem secundária se destaca. O ator Clark Duke é um nerd, secretário de Jack, cuja personalidade tipifica o estilo. A intenção é criar uma outra personagem que faça rir, mas isso não acontece.

Nos Estados Unidos, a produção foi lançada no começo do ano, quatro anos após ter sido filmado. Indicando que produtores sabiam que tinham nas mãos um produto não muito bom. Sua arrecadação foi pequena e em algum países nem mesmo teve lançamento nos cinemas.

É uma pena se pensarmos que Murphy um dia foi um grande humorista mas hoje parece preso ao personagem que criou há décadas e que nunca conseguiu se desvencilhar.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Procurado

(Wanted, 2008)
Diretor: Timur Bekmambetov
Elenco: James McAvoy, Morgan Freeman, Angelina Jolie, Terence Stamp

A estética de O Procurado vem diretamente influenciada pela trilogia Matrix, porém, lançada em uma época em que o mercado estava saturado deste estilo de ação que contrariava em excesso a gravidade, beirando o impossível, a favor de sua história. Sendo uma das últimas grandes produções a se valer dela.

Baseada em uma história em quadrinhos, é compreensível o uso exagerado da ação, elemento que natural nos gibis mas sempre dissonante nas telas. A mistura de uma narrativa acelerada com uma história bem cartunesca produz um descerebrado filme de ação que, se não levado a sério, tem potencial de diversão. Principalmente porque a personagem central, Wesley Gibson, destoa-se do papel de um herói. Acompanhando a trama com diversas narrativas em off – um provável resquício da obra original – a personagem insere humor ao explicitar o cansaço que sente de seu cotidiano e, dentro do lado cômico, consegue manter a credibilidade a história que gira em torno de um clã de assassinos que no tear do destino recebem missões para destruir alvos potencialmente ruins.

As cenas de ação, presentes na maior parte do filme, possuem uma direção excelente. Não há nenhum take que não seja possível compreender o que se passa em cena, mesmo que sejam pequenas cenas entrecortadas. Demonstrando que o diretor Timur Bekmambetov tem domínio em configurar tais elementos.

Se James McAvoy se revela um bom protagonista perdedor, o mesmo não se pode dizer de Angelina Jolie que continua mantendo seu charme nas telas sem nenhum carisma, sempre passando a impressão de que, por ser Angelina Jolie, não deve ao público uma personagem além de sua pose blasé. Enquanto Morgan Freeman, mesmo em um filme que não necessita de seu alto potencial interpretativo , demonstra talento ao  transitar entre o mais popular e obras dramáticas de peso.

Uma sequencia vem sendo planejada há certo tempo e, recentemente, teve o argumento divulgado. É provável que saia nos próximos anos, mas seria um erro retomar o estilo narrativo absurdo que não está mais em voga em produções do estilo e só traria descrença ao público.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo

(publicado originalmente no blog Vortex Cultural)

(Seeking a Friend for the End of the World, 2012)
Diretor: Lorene Scafaria
Elenco: Steve Carell, Keira Knightley

A destruição como o fim em potencial sempre causa certa comoção. Seja pelo lado sensível, por uma liberdade anárquica ou o alívio de um fardo. Como nossa civilização ainda não chegou a um fim, o exercício especulativo está sempre presente em diferentes artes que sempre dão vazão ao sentimento de finitude das personagem acomodando-as em padrões. Alguns se sentindo confortáveis em realizar os trabalhos até o último minuto, outros que compreendem o fim como um espaço para mudar tudo, e seguem as variáveis.

Em Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo um meteoro colidirá com a Terra. Todas as tentativas de salvar o planeta falharam e resta apenas se conformar. Dodge é um homem solitário que representa bem sua tristeza pelo semblante. Foi largado pela mulher após o aviso do armaggedon e vive com a sensação de morrer sozinho sem ninguém para uma última despedida.

Não há nenhum motivo evidente para que a trama utilize o argumento do fim, exceto por tentar trazer um contorno diferenciado a esta produção. Como até mesmo um estilo alternativo de narrativa se transformou em fórmula na indústria cinematográfica, a maneira que a diretora Lorene Scafaria encontrou para sua história de amor foi configura-la em um espaço finito de tempo. Elemento fatalista não muito inédito e presente, só para citarmos um exemplo bobo, em diversos romances do escritor Nicholas Sparks (todos devem se lembrar da açucarada história de Amor Para Recordar).

No meio de seu desolamento, Dodge encontra-se com Linda, outra personagem deslocada dentro de seu mundo e que vê no fim uma oportunidade, mesmo que limitada, de recomeçar. Juntos começam uma jornada atravessando o pais para, respectivamente, procurar um grande amor e reencontrar a família. Evidente que os caminhos se transformarão em um laço amoroso.

A necessidade de sempre se promover uma história de amor retira da trama um possível potencial positivo de apenas situar duas personagens solitários no contexto apocalíptico sem a necessidade de uma relação. Mas movidos apenas pela vontade de não permanecerem solitárias no final, com o toque de melancolia necessário.

Curiosamente, o cineasta Lars Von Trier também realizou um exercício de destruição final em Melancolia, gerando até mesmo comparações entre sua produção e este filme. Porém, colocado de maneira tão desimportante a trama não funciona nem para gerar reflexão, se tornando mais uma história de amor que tem um leve valor pela competência de Steve Carell em fazer um perdedor, personagem que, alias, foi bem melhor executada pelo ator em Pequena Miss Sunshine.



quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Último Grande Heroi

Blu Ray Americano
(Last Action Hero, 1993)
Diretor: John McTiernan
Elenco: Arnold Schwarzenegger, F. Murray Abraham, Art Carney, Charles Dance, Frank McRae, Tom Noonan , Robert Prosky

A década de noventa marcou auge e decadência dos brucutus. Vindos principalmente dos anos oitenta, realizaram bons e rentáveis filmes até então. Porém, os gêneros começaram a mudar seu paradigma, quebrando barreiras internas e o estilo machão em um filme de ação violento perdeu parte do prestígio. Van Damme, Stallone e Schwarzenegger, depois de sucessos como O Alvo, Risco Total e Exterminador do Futuro 2, respectivamente, viram o sucesso de suas carreiras minguando aos poucos.

A grande problemática de O Último Grande Héroi é a época de seu lançamento. O filme é um misto de comédia com ação, desenvolvendo a descrença do exagero destas produções ainda populares. Na época, a barreira entre gêneros ainda era alta, não houve espaço e aceitação para uma história que brincava tão explicitamente com tais mundos. O mesmo Scharza repetiria a sátira em outro estilo, no excelente True Lies.

Vilões caricatos, heróis quase imortais, são aceitos hoje como um alívio cômico. Não se leva mais a sério pela tendência realista do cinema contemporâneo. Evidente que há exemplos isolados, tanto do realismo, como de um elemento mais híbrido. Porém, hoje se tornou um padrão que somente o tempo transformará.

Assistido com distanciamento, a produção teve bom envelhecimento. A trama brinca com a fantasia de todo garoto em conhecer o seu herói favorito de ação. Ao ganhar um bilhete mágico para seu filme preferido, o garoto Danny Madigan atravessa para o mundo fictício do enredo. O estranhamento de situar-se em um mundo regido por outras leis é evidente. Armas possuem tiros limitados, heróis não sangram e sempre estão dispostos para mais um golpe. A ação se concentra boa parte neste ambiente até que o reverte com a chegada das personagens no mundo real, realizando outro golpe, dessa vez evidenciando como é difícil ser um mocinho na vida real.

Sem perder a ideia de um entretenimento, o filme promove uma reflexão de seu próprio tempo e acabou por prever como o cinema pipoca se comportaria na década seguinte. Elementos que hoje apresentam alguns sinais de cansaço e que, muito provavelmente, também começarão a ser deixados de lado, à procura de outra inovação.

Mesmo a metragem um tanto extensa, não tira o divertimento deste filme que falhou em seu lançamento, mas que hoje tem mais significado do que em sua época.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

007 - Operação Skyfall

(Skyfall, 2011)
Diretor: Sam Mendes
Elenco: Daniel Craig, Javier Bardem, Judi Dench, Naomie Harris, Bérénice Marlohe, Ralph Fiennes, Albert Finney, Ben Whishaw, Rory Kinnear, Helen McCrory

Oficialmente interpretado por seis atores, James Bond mantém se durante décadas a serviço da Inglaterra, assistindo a derrocada de grandes nações, crises e revoluções em escala global. Parte de sua força como personagem, criada há cinquenta anos, vem da capacidade de compreender o mundo que o cerca, sincronizando e refletindo o contexto global em cada uma de suas histórias. Sendo atemporal.

Foi preciso que seus produtores retornassem a história primordial de Bond para alinha-lo ao arquétipo do herói atual. Sem vestígios de inocência, com capacidade física apurada e um escopo psicológico que aprofunda a conduta de suas ações. Neste vigésimo terceiro filme da franquia de 007, a mítica deste regresso é destruída para um retorno ainda mais profunda.

Dirigido por Sam Mendes, a narrativa tem ingredientes bem diferentes daqueles vistos em Cassino Royale. A ação frenética cede espaço para uma história linear de espionagem. O vilão perde o tradicional bizarro físico para se tornar um cidadão normal, camuflado na multidão. A antítese plana de bem e mal se rompe e, com ela, a história se concentra no próprio James Bond e sua relação com o MI6 e a mentora M.

A queda da personagem que é tido como morta é o ponto de início para evidenciar a figura do defensor. Da importância de se manter a ordem em um mundo caótico, não mais polarizado pela eficiência de bem ou mal. A trama se desenvolve de maneira dupla em muitas camadas. Explora o avanço tecnológico tanto como progresso como uma arma, equipara o novo e o velho, elevando a premissa de que sem um elemento negativo, não existira o positivo em contraste.

É uma produção que vai além da personagem autorizada para matar. Deixando as grandiosas cenas de ação de lado, Mendes demonstra competência em criar tensão e silêncio pelos diálogos, no embate entre a figura que deseja destruir aquilo que o agente secreto acredita. Esqueçam qualquer plano de destruição mundial ou um monólogo que explica o que acontecerá para a reviravolta. Admirando seu passado a história se molda com nossa atualidade que almeja por deter significados para compreender o mundo. Justifica a importância da ordem, a origem do caos, a necessidade de saber quem se é, meneado pelo embate do famoso agente e do vilão.

O vilão de Javier Barden é um caso a parte. O ator pediu para que todo o roteiro fosse traduzido para o espanhol para que compreendesse suas motivações e psicologia. Mergulhado em uma personalidade afetada, que esconde um interior destruído, ele se transforma em um dos vilões mais carismáticos da franquia sendo bizarro e assustador pela estranheza de alguém que não tem nada a perder.

A direção de Mendes mantém a trama sem perder as rédeas. O escopo reflexivo se projeta no público, não no argumento que fundamenta este embate. Suas tomadas são precisas e mostram apenas o necessário, sem deixar de lado o elemento artístico, valendo-se de sombras, luzes, reflexos para gerar atmosfera. A cena de luta entre Bond e um atirador no interior de um prédio em Xangai com um letreiro luminoso de fundo é um destes exemplos de eficiência e beleza. Além do desenlace da trama que ecoa nos duelos de tradição western.

007 – Operação Skyfall consegue na queda e no retorno as origens alinhar a personagem por inteiro, fazendo-a clássica sem se tornar anacrônica. A personagem que mesmo seduzindo mulheres e preferindo o Martini batido nunca foge de tempo, seja ele qual for.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Quantum of Solace

Disponível também na Netfix
(Quantum of Solace , 2008)
Diretor: Marc Forster
Elenco: Daniel Craig, Judi Dench, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini, Joaquín Cosio, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric, Gemma Arterton

Após o sucesso de Cassino Royale, a franquia de James Bond parecia novamente blindada, com grande potencial de apresentar uma seqüência tão interessante como a primeira produção. Porém Quantum Of Solace não se mantém como obra por depender do desenvolvimento da trama anterior, sem um novo enfoque.

Há uma significativa troca dos tradicionais vilões da franquia para uma personagem mais humana, sem nenhuma característica física marcante e que, sem um objetivo evidente de destruição, é um mercenário oportunista e ganancioso.

O grupo terrorista que tinha como líder Le Chiffre era apenas um pequeno detalhe de uma rede mundial inserida no subterrâneo de cada governo, informações que nem mesmo o MI6 tinha conhecimento prévio. É dentro dessa ordem que James Bond tenta impedir que o grupo realize um acordo que prejudicará um país de terceiro mundo.

Se a narrativa carrega potencial, teve uma execução mal formatada. Principalmente por ter sido realizada na época da greve dos roteiristas. O abalo significou começar as filmagens sem o roteiro completo, fazendo com que até mesmo Daniel Craig fosse obrigado a escrever diálogos para dar sequencia as gravações. Recentemente o ator pediu desculpas pelo fato, ciente de sua limitação para o cargo.

Embora composto pelos mesmos roteiristas do primeiro, a trama parece um confuso emaranhado político entrecortado por cenas de ação. A direção de Marc Foster oscila, sem o mesmo apuro que Martin Campbell nas cenas físicas que repetem a estética sem o mesmo brilho. E parecendo aguardar algum gancho importante que nunca chega no clímax.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Cassino Royale

Também disponível na Netflix
(Casino Royale, 2006)
Diretor: Martin Campbell
Elenco: Daniel Craig, Eva Green, Mads Mikkelsen, Jeffrey Wright, Giancarlo Giannini, Judi Dench

Em 2002, no lançamento de 007 – Um Novo Dia Para Morrer a franquia do agente secreto tentava, sem muito sucesso, mudar de estilo. Havia uma tentativa de alinhar sua história aos dias de hoje, colocando em xeque a função do próprio James Bond em um mundo não mais polarizado. O último filme com Pierce Brosnan fez sucesso, mas trazia a tona um exagero nas cenas de ação, escondendo o roteiro fraco. Aos poucos, o futuro de James Bond nos cinemas foi sendo questionado. A composição de suas produções atingiram uma crise criativa que gerou o adiamento de um novo filme e, logo após, a liberação de Brosnan como o agente do MI6. Em parte, porque, finalmente, produtores haviam adquirido os direitos para filmar Cassino Royale, primeiro livro escrito por Ian Flemming, filmado para a televisão em 1954 e como sátira em 1977 no filme com Peter Sellers e Ursula Andress.

Apresentar o começo da história de James Bond necessitaria de um novo ator e também rever a estética ao realizar uma produção que tanto fosse fiel ao original, quando refletisse uma maneira nova de apresentar a personagem. Aproveitando o sucesso de Identidade Bourne com sua ação realista, trouxeram as telas um agente mais cru e brutal em Cassino Royale.

Dirigido pelo mesmo Martin Campbell que trouxe a franquia de volta em 1995, com Brosnan, em 007 Contra GoldenEye, a produção é uma estupenda construção cinematográfica, equilibrada entre a tradição e o novo. Concebendo com cuidado uma espécie de origem da personagem, sem perder o charme tão característico de vinte filmes anteriores.

Mesmo situada no começo de sua carreira, a trama se desenvolve no presente atual, distorcendo a cronologia para um melhor resultado. O filme inicia-se em preto e branco, reverenciando produções antigas e marcando a idade da personagem, com um Bond prestes a matar um traidor, logo após adquirir sua licença para matar. Novo no cargo, é um agente mais violento, sem o esnobismo futuro e próximo aos tempos de hoje que procuram heróis imperfeitos.

O filme costura bem as cenas de ação e a trama intricada de investigação. A ação bem executada por Campbell produz uma tensão real no público, principalmente por usar o mínimo de efeitos digitais. O roteiro bem realizado permite plena compreensão da investigação que culmina no jogo de cartas no local do título.

Nunca houve tanta tensão em um jogo de Poker. A história de Le Chifre, que tem como único elemento bizarro chorar lágrimas de sangue por um problema lacrimal, é conduzida com excelência. Faz do jogo um espaço a mais para o suspense que cresce em confronto com Bond, que nunca se mantém incógnita, sendo uma constante ameaça.

A personagem desenvolvida por Craig é o James Bond mais físico até então. Mesmo trajando o impecável terno, não há momento ruim para perseguir assassinos por telhados ou em uma corrida frenética com o famoso Aston Martin. Além da iconoclastia da personagem que não se importa com o tipo de bebida que toma, desde que fique levemente embrigado. Zombando de suas características desenvolvidas anteriormente.

O mérito desta produção é recolocar a personagem de novo no radar em uma roupagem que respeita tanto a tradição como agrega novos fãs da franquia. Ao retomar a única obra de Flemming não adaptada, um novo Bond surgiu, ainda com classe e mais próximo aos dias de hoje. Reintroduzindo o famoso agente de uma maneira única ao cinema.


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Alvo

Disponível na Netflix
(Hard Target, 1993)
Diretor: John Woo
Elenco: Jean-Claude Van Damme, Lance Henriksen, Yancy Butler, Arnold Vosloo, Wilford Brimley

Lançado em 1993, O Alvo não me atraiu quando assisti na época. Como não costumo sentenciar uma produção sem, ao menos, revê-la, nada mais correto que dar uma chance para a produção quando, mais de uma vez, me assumi fã do balé belga de Jean-Claude Van Damme.

Dirigido pelo chinês John Woo, famoso por sua direção aguçada em cenas de ação, com uso preciso do recurso de câmera lenta e utilização de pombas como prelúdio para a violência, foi a convite do próprio Van Damme que o diretor foi para os Estados Unidos filmar esta primeira produção em inglês.

O enredo, como devem imaginar, é um fiapo narrativo simples: Chance Bondreaux (Jean-Claude Van Damme) é um estivador que trabalha no cais de Nova Orleans – além de ter um passado como combatente militar - que ajuda Natasha Binder (Yancy Butler), uma advogada, a encontrar seu pai desaparecido. Em sua investigação, Chance descobre uma quadrilha que negocia pessoas, caçando mendigos e ex-combatentes em um safari mortal. É quando ele decide combater Emil Fouchon (Lance Henriksen), o chefe do negócio, e seus capangas.

Van Damme está involuntariamente engraçado com um mullet ridículo que crava a produção no início dos anos 90. Também com direito a trilha equivocada com base em sintetizadores.

Apesar de críticas e da ausência de retorno financeiro no lançamento, o filme é eficiente em sua proposta. Mostrando a compentência de Woo como diretor de ação, com sábio uso da câmera lenta e dos closes para segurar a tensão ou manter a agilidade, mesmo não sendo sua melhor forma.

Há uma cena que o diretor repete no filme A Outra Face, em que mocinho e vilão dividem opostos de uma parede, prestes a atirar. Tanto nesta cena como na outra a composição é bem feita e climática.

Mais do que apenas filmar uma ação em cena, há a intenção de explorá-la ao máximo para prazer do público. Há diversos ângulos para que se compreenda tudo que acontece no embate, sempre bem coreografado, contrariando ao máximo alguns filmes que fazem tais cenas de uma maneira mascarada, escondendo a falta de firmeza para planos sequencia.

Mesmo quem despreza Van Damme deve lhe dar certa consideração por ter sido o responsável por trazer Woo para a industria americana, fazendo deste filme sua porta de entrada. Pena que o pouco prestígio que o ator lutador conseguiu até aqui seria destruído ferozmente alguns anos depois.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Chernobyl - Sinta a Radiação

(Chernobyl Diaries, 2012)
Diretor: Bradley Parker
Elenco: Jesse McCartney, Jonathan Sadowski, Nathan Phillips, Olivia Dudley, Ingrid Bolsø Berdal, Devin Kelley, Dimitri Diatchenko

O gênero Terror me provoca um sadismo cinematográfico. Principalmente neste estilo de produção que um grupo de amigos ou desconhecidos se juntam para explorar algo novo e, sempre, fora dos planos iniciais. Algo que, exceto as pessoas envolvidas na aventura, sabem que é um erro gigantesco. Fazendo com que, mais cedo ou tarde, o público se convença que o susto foi merecido.

Em outras ocasiões mencionei o grande diferencial de um filme do gênero, existente em um mundo aparte, com regras ainda não quebradas. As personagens de um filme assustador podem ter ideias mirabolantes para se safarem de seus problemas, mas nunca o gatilho necessário para evita-las.

Chernobyl - Sinta a Radiação retoma a problemática do acidente da usina nuclear localizada no norte da Ucrânia. Um grupo de amigos na companhia de um casal desconhecido decidem, com um guia, explorar a cidade ao lado, Pripyat, onde moravam os trabalhadores da Usina e que também se tornou uma cidade fantasma. É evidente que existirá algo de inesperado que, pouco a pouco, provocará pânico e terror nas personagens.

Pela maneira burocrática com que tais produções são conduzidas, é necessário um esforço gigantesco do expectador para sentir-se na trama ao ponto de assustar-se também. Não há nada novo, nem em enredo, nem em produção. Não perde sua estrutura de entretenimento, mas é apenas mais uma história.

O medo, explorado de maneira parcial tenta surgir no desconhecido, da sugestão, naquilo que o público não vê. Como fórmula popularizada há mais de dez anos, perde sua força a cada produção, mesmo que durante esse tempo tenham tentado de todas as maneiras explora-la com novas temáticas, como países exóticos com família assassinas, desconhecidos vindo do espaço, datas comemorativas que marcariam o fim do mundo – caso de 11-11-11 – ou qualquer outra história que sempre promove um marco zero antepassado para o que se verá na tela ou um ambiente que, de alguma maneira, tem mais do que aparenta.

Do mesmo criador da série Atividade Paranormal  - que se utiliza de elementos narrativos semelhantes - o filme não será o primeiro, nem o último, a se formular da mesma maneira que diversos outros. Porém, é indicado se você deseja uma diversão sem nenhuma pretensão e se, por acaso, gosta de rir dessas personagens que sempre vão ver a origem de um barulho em vez de correr para longe.


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

(Abraham Lincoln: Vampire Hunter, 2012)
Diretor: Timur Bekmambetov
Elenco: Dominic Cooper, Mary Elizabeth Winstead, Alan Tudyk, Rufus Sewell, Benjamin Walker, Anthony Mackie, Jimmi Simpson, Laura Cayouette, Robin McLeavy, Jaqueline Fleming, Erin Wasson

Inserido na tendência de utilizar uma histórica personalidade dentro de um enredo fictício, Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros apresenta um dos grandes presidentes americanos como um herói oculto, além daquele que uniu a nação americana. Afora a mistura entre ficção e realidade, outra vertente estilística é utilizada no longa metragem: o mash up entre o clássico e monstruoso.

O hibridismo entre um argumento conhecido e novos elementos grotescos tornaram-se popular graças a Orgulho e Preconceito e Zumbis, primeiro livro de Seth Grahane-Smith, também criador desta história. Seu primeiro livro foi a inspiração para surgir um sub gênero na literatura, revisitando obras clássicas com novas personagens obscuras em uma paródia inventiva.

Nesta produção, os vampiros fazem parte da construção da América e são responsáveis pela base da escravidão. Transformando a importante Guerra Civil Americana em uma luta de humanos contra sobre-humanos. A história poderia ser divertida não fosse pela temática desgastada de uma indústria que, desde Crepúsculo, vem explorando vampiros e outros seres fantásticos em demasia. Apenas diferenciando seus monstros por detalhes como, nesse caso, vampiros que sobrevivem a luz do sol e podem desaparecer em um piscar de olhos.

Mesmo formatado para o entretenimento, o filme tem maior significado para os americanos que conhecem mais a fundo as personagens e o pano de fundo. Ainda que seja delicado retirar a importância da Guerra de Secessão para desenvolver a batalha com vampiros.

As cenas de luta são bem coreografadas, principalmente pela arma impar escolhida por Abraham Lincoln para sua luta contra vampiros. Porém, o excesso de câmera lenta a cada luta vai diminuindo sua credibilidade, já que, assim como a temática mencionada, é um recurso que deve ser revisto pelos diretores pelo uso em excesso que tem mais destruído boas cenas do que sendo satisfatório.

Embaixo de uma leve maquiagem que formata o rosto de Benjamin Walker ao do presidente, sua personagem não desperta o carisma necessário para parecer um herói, transformando o lado obscuro do presidente como um mero detalhe da trama que poderia não existir e se tornar apenas mais um filme de vampiros.

Resta saber se os livros de Smith tem mais fôlego como obra literária, já que sua ideia tem sido copiada por diversos outros autores e gerando outras produções do gênero.