segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Cada Um Tem a Gêmea Que Merece

(Jack and Jill, 2011)
Diretor: Dennis Dugan
Elenco: Adam Sandler, Al Pacino, Katie Holmes.

Durante sua carreira no humor, Adam Sandler persegue o mesmo estilo cômico. Em histórias diferentes, apresenta as mesmas personagens desconcertantes e não abre mão do fundo moralizante que fecha a trama.

Em Cada Um Tem a Gêmea que Merece o escárnio jocoso é mais explícito e transforma Sandler no comediante da vez que se travestirá para um papel feminino, como aconteceu com Eddie Murphy e Martin Lawrence.

A produção inicia-se de maneira documental, com depoimentos de irmãos gêmeos a respeito da relação normalmente harmoniosa que um mantém com o outro. A intenção do momento é boa, mas é desintegrada no instante que surge a história do filme.

Jack não suporta sua irmã gêmea Jill, que se encontra com a família apenas nos feriados de final de ano. Desnecessariamente sincera, vivendo com um papagaio e mais masculina que o irmão, a personagem da vazão a todo humor ácido que Sandler produz como costume. Porém, sem quase nenhuma graça.

Ao contrário do que se pode imaginar, que a duplicidade do ator geraria duas vezes mais humor, somente Jill, pelo estilo exagerado, intenta o riso. Jack torna-se um pálido personagem aborrecido pela convivência com a irmã, preocupado em perder um cliente na companhia de publicidade em que trabalha caso não convença Al Pacino a estrelar um novo comercial de café.

As estranhezas secundárias e naturais de um filme do ator também estão lá. Um sem teto amigo da família, uma filha que se veste como suas bonecas, um indiano adotado que gosta de utilizar fita adesiva colocando objetos no próprio corpo. Mas todo o arsenal de estranhamento parece deslocado, sem a integração natural de filmes anteriores do ator, muitos dos quais dirigido também por Dennis Dugan.

Al Pacino interpreta uma versão exagerada de si mesma. Um ator consagrado, já cansado, que vê em Jill a possível personagem para apoiar seu novo papel no teatro. Em parte, Pacino tem bom humor em rir de sua própria carreira descendente. Porém, a caracterização soa tão verdadeira que entristece a constatação de que o astro de O Poderoso Chefão, Scarface, Perfume de Mulher seja sombra do que foi outrora e ainda estrele filme tão questionável.

Eleito um dos piores filmes do ano passado, concorrente forte em futuras indicações do Framboesa de Ouro deste ano, a história possuí leves momentos de humor, sem dúvida. Mas não superam o constrangimento de uma história situada na falta de graça. E ainda conta com Katie Holmes, como esposa de Jack, habitualmente sem destaque nenhum.

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