segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A Semana em Filmes (02 a 08 de Agosto)

A Era do Gelo 3 (Ice Age: Dawn of the Dinossaurs)

Dir. Carlos Saldanha


No campo das animações, a essa altura, é redundante afirmar que o rei absoluto chama-se Pixar. Suas produções não só possuem extremo apuro técnico como o roteiro privilegia, muitas vezes, uma sensibilidade adulta, não vista em produções animadas de outros estúdios.
Porém, uma vez ou outra, algum filme ganha destaque pelo seu suspiro original. Mesmo que perceptivelmente a produção gráfica de Era do Gelo tenha sido limitada, seu enredo era divertido e fazia rir. Sua continuação, infelizmente, caia no senso comum de repetir a formula do primeiro acrescentando um romance e um ou outro desvio na narrativa.
Eis que Era do Gelo 3 chega aos cinemas em dois formatos. Seu formato tradicional e o questionável 3D. Os efeitos em terceira dimensão nada acrescentam a trama. Poucas cenas possuem a falada imersão de outra dimensão e, para muitos, o tal óculos causa desconforto ao ponto de incomodar na exibição do filme.
Ainda que os roteiristas tenham buscado um argumento diferente dos anteriores, o senso comum lidera na história. Até mesmo a boa dublagem brasileira parece mais fraca, sem tanta inspiração. Porém, a produção ganha fôlego em sua segunda parte, onde a ambientação muda e entra em cena uma doninha louca e esquisita chamada Buck. A personagem não só faz a história se tornar mais inusitada como parece amarrar melhor as piadas que seguem até o final da produção.
Outro ponto que merece um destaque é um avanço na história paralela do esquilo Scratte. Afinal, nenhuma trilogia de filmes pode se manter com uma mesma piada, de um esquilo buscando uma noz e sofrendo fisicamente por não consegui-la. O pequeno enredo que criam para ele, um interesse amoroso, apimenta um pouco a piada já utilizada em excesso.





Gran Torino (Gran Torino)

Dir. Clint Eastwood


O comediante Chris Rock, no único Oscar que apresentou, destilou veneno sábio sobre as celebridades de Hollywood: naquele teatro, o único famoso era Clint Eastwood, o resto estavam famosos. Outros ainda afirmam que após Clint Eastwood se aposentar, não existirá mais machões no cinema.
Não estão errados. Eastwood é um diretor / ator único, caminhando contra o vento. Talvez um dos únicos que, como um vinho, melhorou com o tempo, ao contrário de muitos diretores que ao envelhecerem perderam a mão e entregaram produções aquém de seu talento.
Gran Torino é uma bela surpresa que ilumina e acalma os cinéfilos desesperados por boas produções na lama em que se encontra Hollywood. A direção de Eastwood melhora a cada uma de suas produções e suas interpretações, ainda que variações do mesmo durão, conseguem ser repletas de tons de cinza, longe do preto no branco que conhecemos de bem e mal.
Seu roteiro não centra-se em apenas tecer uma história e um estudo sobre a violência urbana e o preconceito racial. Como as últimas produções do diretor, é repleto de nuances narrativas, evidenciando diversas trilhas que possuem pontos comuns e catalisam os eventos exibidos no filme.
É lamentável que uma excelente produção tenha ficado de fora do Oscar, cedendo espaço para os filmes que caem no gosto de seus executivos, em vez de privilegiarem obras como essa que além do talento técnico, boas atuações, trazem frescor e sensibilidade ao público.





Casablanca (Casablanca)

Dir. Michael Curtiz


Eleito um dos melhores filmes do cinema, os méritos de Casablanca não são em vão. Palavras são inferiores para explicar o explendor dessa produção que consegue com grande primazia reunir um bom elenco e um roteiro excelente escrito a quatro mãos.
Desenvolvendo-se de maneira lenta mas bem executada, somos apresentados a um pano de fundo onde a guerra é iminente. Todo um universo dramático criado com precisão para conhecermos Richard Blane, um americano que possuí um bar na cidade do título.
Magistralmente interpretado por Humphrey Bogart, não há diálogo de Rick que não seja embebido em ironia. Sua personalidade blasé e distanciada emocionalmente entra em choque quando encontra, em seu próprio estabelecimento, um grande amor que o deixou. É a síntese de Casablanca, uma das grandes e famosas histórias de amor universal.
Sem se preocupar em realizar com detalhes o passado das personagens, o enredo foca-se no embate entre duas pessoas que, aparentemente, ainda se amam e nos conflitos e caminhos que os levam a se distanciar.
Impossível não se emocionar com alguns dos diálogos da produção e não refletir sobre diversas ironias que circundam nossa vida. Casablanca é um dos filmes essenciais, não só para os clássicos do cinema, mas para aqueles que gostam de extrair das telas diversas boas essências para si mesmo. Um clássico que nunca sairá de moda.





G.I. Joe: A Origem de Cobra (G.I. Joe: Rise of Cobra)

Dir. Stephen Sommers


Algumas, poucas, produções cinematográficas, exigem de mim um esforço a mais para demonstrar tudo o que a obra pode passar. Outras a vontade de perder a polidez e simplesmente usar palavras de baixo calão vem a tona.
Tentando permanecer no meio termo entre um plano e outro, a expressão popular “É ruim de doer”, pessoalmente, se encaixou para definir minha opinião sobre a gravação equivocada baseada nos bonequinhos Comandos em Ação que, não sei por que, não ganhou a tradução que conhecemos nas telas e ficou como G.I. Joe. A expressão mencionada encaixa-se aqui, pois é raro um filme que me de, além de desinteresse, uma leve azia.
Filmado por Stephen Sommers que já havia cometido um desperdício de tempo e dinheiro chamado Van Helsing, o pacote completo da produção confirma que este ano estamos em um ano fraco em Hollywood. Nem mesmo o cinema pipoca, nas histórias mais descerebradas, está sendo capaz de ser eficiente.
G.I. Joe – A Origem de Cobra tem todos os clichês que um filme pode conseguir. Diálogos equivocados e obtusos quanto os escritos por George Lucas na nova trilogia de Star Wars, cenas de ação copiadas – ou seriam homenageadas? – de outros filmes recentes de ação, conflitos que beiram o óbvio e, como sempre, alívio cômico desnecessário. E efeitos especiais que, seguindo a tradição de Van Helsing, causam um nítido não entrosamento entre fundo verde e atores em primeiro plano.
Fica ao critério dos leitores assistir ou não. Na duvida, compre um antiácido antes.


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