quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Colecionador de Ossos

(The Bone Collector, 1999)
Diretor: Phillip Noyce
Elenco: Denzel Washington, Angelina Jolie, Queen Latifah, Michael Rooker, Luis Guzman

Não há mediano no universo de filmes policiais. Ou a trama sustenta-se e consagra ou vira história mal contada com elementos de investigação. Atualmente o cinema preocupa-se muito mais em criar uma atmosfera violenta, pelo choque que causa no público, do que conduzir uma boa investigação, coerente e instigante, mesmo que isso seja sinônimo de uma história mais tradicional.

O Colecionador de Ossos tornou-se um defensor de um estilo não mais em voga, preocupado em justificar a função de cada assassinato no enredo e nunca tirar de cena um dos elementos primordiais da narrativa de investigação: o detetive. Baseado na obra de Jeffery Deaver, a trama desenvolve a dinâmica de dois policiais dispares que, devido a importância desse caso inicial, são obrigados a trabalhar juntos.

A formulação da parceria entre as personagens é composta de maneira não usual. Promove um brilhante detetive forense, incapacitado por um acidente, e uma novata descontente com o departamento que trabalha. Juntos a unidade que a dupla produz se torna eficaz. Utilizando a experiência de um homem preso a uma cama, e o instinto forense de uma policial novata, ainda não acostumada com a brutalidade dos crimes.

A interpretação de Denzel Washington impressiona pela limitação da personagem. O ator consegue utilizando apenas o rosto e o tom da voz expressar a amargura de um homem limitado fisicamente, ciente de que seu quadro clínico não será melhor, e o brilhantismo de um detetive dedicado em anos de profissão a estudar e compreender a difícil ciência forense. Enquanto Angelina Jolie, ainda não glamourizada pela beleza impar, equilibra-se com eficiência entre certa beleza ordinária e uma policial bem composta com personalidade forte que fundamenta credibilidade da trama.

Em boa parte, porque o público acompanha com os detetives a evolução das mortes e a investigação do caso. Abstendo-se de revelações surpreendentes ou reviravoltas no roteiro como gancho. Preocupando-se em manter a coerência da história para que ela potencialize o suspense da investigação e a eventual revelação dos culpados.

Estranhamente, nunca houve uma continuação, embora os romances de Deaver deem sequencia a parceria das personagens. O livro que originou esta produção foi o primeiro a apresenta-las e, também com estrutura tradicional, apresenta com excelência seu crime e seus desenlaces, sendo uma recomendação a quem gosta do gênero ou se interessou pelas personagens.


Nenhum comentário:

Postar um comentário